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E o céu azul brilhará...

Diário de uma académica portuguesa em Londres

E o céu azul brilhará...

Diário de uma académica portuguesa em Londres

17
Ago07

Como vir estudar/ trabalhar para a Inglaterra?

Little Miss Sunshine
 

Estáva agora a ver os meus e-mails no sapo (quase após três meses de nem sequer lá pôr a vista), quando reparei que tinha muita gente a escrever-me. Isto deixou-me um pouco envergonhada, particularmente por se tratarem de pessoas em vias de se mudarem para terras britânicas e dos e-mails estarem datados desde Junho. Queria pedir as minhas mais sinceras desculpas a esse pessoal todo, e com base nas vossas dúvidas, incertezas e perguntas, resolvi elaborar este post na esperança de que a minha experiência vos ajude e ilumine nas vossas escolhas de futuro. Obrigada pelo vosso carinho e perdoem o meu desleixo. O melhor mesmo é deixar um comentário no Blog!

 

x x Rebel-Fairy

 


 

Inglaterra: como é?

 

Bom sistema de saúde, boas escolas, bons ordenados. Por vezes parece que tomar a decisão de saír do nosso país nunca foi tão fácil. Com as mil e uma possibilidades que a ilha imortalizada pela bandeira 'Union Jack' nos oferece até nos esquecemos da porcaria de tempo que aqui faz, ou no racismo acutilante de certas estirpes, maioritariamente de nacionalidade Inglesa (os Escoceses e os de País de Gales estão, nesse sentido, mais evoluídos).

 

Para chegar aqui é fácil. Ter um amigo ou conhecido para nos dar dormida por uns tempos é sempre aconselhável. Portadores de passaporte da União Europeia entram e saiem sem o menor problema. Livre trânsito rules! Mas atenção: regalias, ajudas estatais e afins só poderão ser pedidas após três anos de residência oficial e primária  no país. Antes disso não há regalias nenhumas para ninguém - salvo circunstâncias excepcionais.

 

Estudantes:

 

*Candidaturas*

 

Para estudar em Inglaterra não é preciso ser um cranio, ou ter média de 20 valores a todas as disciplinas! Graças ao serviço simplicado de candidaturas chamado UCAS, só precisas de mandar os documentos que te pedem, pagar uma pequena taxa, e eles fazem tudo por ti, até ao momento em que se recebe uma oferta de uma universidade, ou duas, ou três - não há restrições para candidaturas ou cursos a que te quiseres candidatar, mas só te podes candidatar a um máximo de seis cursos por ano lectivo.

 

O site do UCAS está em http://www.ucas.com/  e basta seguir as instruções. Depois de aceitares uma oferta de uma universidade, a mesma entrará em contacto contigo. Normalmente mandam uma carta bem grande com todos os detalhes de propinas, alojamento, custos de vida, etc. Nesta altura as propinas para um curso de licenciatura em Inglaterra ronda entre os £1,300 e os £3,000 (depende das universidades) e para um Mestrado rondam as £4,500 (dependendo dos cursos, a propina também pode ser variável).

 

Estudantes que têm mais de 25 anos e/ou que trabalharam até três anos antes de iniciarem o curso podem usufruir da isenção de propinas dada pelo governo Inglês a estudantes de origem Europeia. Para isso basta aceder ao site do DfES em http://www.dfes.gov.uk/studentsupport/  e ver se se enquadram no regime de isenção de propinas, solicitar o formulário, enviar e esperar.

 

Um conselho: enviem o formulário o quanto antes. Normalmente aqui concorre-se à universidade um ano antes de se acabar o liceu (de Setembro a Fevereiro do ano seguinte). O formulário tem de ser enviado antes do fim de Janeiro do ano a que pretendem começar o curso, caso contrário correm o risco de ser aprovados na isenção após o curso começar.

 

Não pensem que vai ser fácil começar o curso em Inglaterra só porque estão motivados para fazer o mesmo. Vão ter de lidar com saudades de casa, com as dificuldades da língua e muitas vezes vão-se chocar com aspectos da cultura deste país. No entanto, a experiência é gratificante e no final, quem ganha são sempre vocês porque têm no vosso CV uma experiência internacional que muito vos vai impulsionar a carreira a nível profissional, mas também a nível pessoal.

 

*Breve explicação de resultados e notas de trabalhos, testes ou exames*

 

O sistema de ensino aqui é muito diferente do sistema em Portugal. Aqui nada pode ser colado com cuspo, mas também livrem-se de decorarem a matéria toda: levam com um F no final do semestre que se lixam!  As notas também têm um sistema diferente do sistema português.

 

Mas nem tudo é mau. Muita da avaliação semestral baseia-se em trabalhos de pesquisa feitos em casa pelos alunos, onde o sentido crítico e o conhecimento da matéria devem ser conjugados com mestria e arte. Básicamente, tens de ser criativo dentro daquilo que aprendeste, e acima de tudo, tens de ser bom a divagar e a constatar factos aos mesmo tempo que os cruzas com as tuas próprias interpretações.

Plagiarismo não é permitido e dá direito a chumbo. Normalmente há mais exames no final do ano lectivo. No meu caso eu tive 4 disciplinas por semestre, duas horas semanais por disciplina. Sim, muito espaço livre. Se atinas no estudo, podes trabalhar umas horas extra e ganhar umas massas a mais. Caso contrário, aproveita o tempo livre para pôr matéria em dia.

 

Aqui só se chumba se se tiverem 2 Fs consecutivos à mesma disciplina semestral. O melhor é manterem-se bem longe dos Fs.

Aqui vai a correspondência entre as nossa notas e as notas Britânicas:

 

Classe          Percentagem

                       (Português)

    A+                         90-100%

   A                            80-89%

  B                          70-79%

  C                           60-69%

   D                           50-59%

   E                           40-49%

   F          CHUMBO ou Fail

 

 

 

*Alojamento*

 

Candidatos a estudantes e estudantes 'per se'  têm a vantagem de poderem ficar  no alojamento da Universidade, que é garantido por um ano (varía de universidade para universidade). Há possibilidade de ficarem alojados no campus por mais anos, mas devido ao número de caloiros no início de todos os anos lectivos, nem sempre é possível arranjar vagas e o mais certo é acabarem com as malas às costas à procura de uma residência provisória até se instalarem completamente.

 

O melhor mesmo antes de fazer as malas e deixar as terras Lusas é garantir que têm pelo menos dinheiro suficiente para pagarem o alojamento na totalidade, ou então até ao final do primeiro período de aulas (antes das férias de Natal) - isso permitirá arranjar um emprego a part-time para vos manter enquanto estudam, e se fôr caso disso, pagar as restantes prestações de alojamento.

 

Pode ser uma catrefada de massa (varia de universidade para universidade, mas 10 meses de alojamento podem atingir as 4,000 Libras). Uma coisa boa de viver na Universidade é o facto de ficar perto da biblioteca e infra-estruturas da mesma, e do preço do gás, electricidade e àgua já estarem incluídos no preço do alojamento. 

 

A partir do segundo ano os alunos são geralmente incentivados em mudarem-se para um alojamento exterior à universidade. O preço desse alojamento varia entre 1,000 Libras por mês a 4,000 Libras por mês (ou mais). Os estudantes geralmente juntam-se todos e dividem a renda total mensal de uma casa pelo número de quartos disponíveis (partilhando as zonas comuns da casa entre si - W.C., cozinha, sala de estar), e dividem as despesas igualmente por todos.

 

Para quem trabalha em regime de part-time, não é difícil sobreviver se se tiver de pagar quarto, contas, comida, etc e ainda pensar em comprar livros. Eu nunca precisei de comprar livros nenhuns, pois tinha sempre os mesmos disponíveis na biblioteca da universidade. Claro que viver de um ordenado part-time não permite festas todos os dias, ou comprar a melhor roupa de marca, ou desbundar à maluca. Mas se te mantiveres focado nos teus objectivos, as coisas tendem a correr com fluidez e sem problemas de maior.

 

*Saúde*

 

Como Portugal está incluído na União Europeia, e de acordo com a lei Britânica, todos os estudantes full-time têm direito a assistência médica e a um G.P. gratuítos. (Um G.P. é o mesmo que um médico de família). O melhor é inscreverem-se num centro médico assim que chegarem, para evitarem problemas no futuro caso fiquem doentes de repente.

 

*Consulado*

 

Para vosso benefício, aconselho a que assim que cheguem marquem uma entrevista no consulado português em Londres para se inscreverem no mesmo. Isso permitirá que possam votar enquanto estejam por estes lados ou assegurar a vossa defesa ou protecção caso as coisas corram mal (passaporte roubado, etc,etc...).

 

 


 

Se quiserem saber mais, ou têm alguma dúvida, mandem um comentário em vez de mandarem e-mail. Eu venho ao Blog todos os dias.. O mesmo já não posso dizer da minha caixa de e-mail.

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