A minha filhota nasceu há uma semana e meia. Como devem imaginar, as coisas por aqui andam meio caóticas. O nascimento dela foi meio traumatizante, e acabou numa cesariana de emergência. Mas eu depois conto tudo como deve de ser. A minha mãe está cá estas semanas para me ajudar enquanto eu recupero e entro na rotina de ser mãe. Tenho a dizer que ser mãe é maravilhoso.
Fica a foto em família, para a posteridade.
P.S. Sei que muitos de vocês me escreveram com dúvidas, mas como devem compreender a resposta pode demorar um pouquinho. Não estão esquecidos.
A bebé parece que quer ficar no quentinho mais uns dias. Para mim isso tem-se revelado complicado: durmo muito mal, ou porque a barriga está no caminho, ou porque a azia é descomunal, ou porque tenho de ir à casa de banho a cada 2 horas! Passo o dia a tentar recuperar as horas de sono perdidas, mas sem sucesso, porque eu não durmo de dia (não consigo mesmo passar pelas brasas, o que é às vezes bastante irritante), e depois tenho a lida doméstica para fazer (lavar roupa, aspirar, limpar o pó, fazer almoço e jantar, etc). Claro que pelo meio gosto de me sentar no meu sofá super comfortável e ver os meus programas favoritos, levar as coisas com calma e se estiver de boa disposição (e bom tempo) levar o cão à rua e apanhar um pouco de ar.
Isto de estar grávida tem as suas vantagens, não vou dizer que não, mas tenho de ser sincera: no geral, acho que não vou ter saudades. Fui sempre muito incompreendida, tive uma gravidez atribulada, e as coisas não melhoraram muito com o tempo: continuo a superar desafios, alguns bem pessoais. No geral, sempre me senti muito fragilizada e à mercê das minhas hormonas. A minha família está longe e acho que isso também não ajudou muito. Por isso, quando eu tiver a Victória nos meus braços, vou respirar de alívio:
porque vou voltar a ser eu, normal, com a abilidade de andar, dormir e comer sem parecer um ET;
porque vou deixar de ser grávida para passar a ser mãe: outras responsabilidades, outros desafios, mas menos físicos que os que nesta altura encontro pela frente.
Há muita gente que adorou está grávida, a minha mãe por exemplo é uma delas - e teve quatro filhos! Apesar do meu balanço ser no geral positivo, não é um estado de graça que eu considere suficientemente agradável. Muitos medos, muitas incertezas, muito choro e angústia, muitas coisas que eu não consigo controlar, muitos sintomas físicos que são tudo menos agradáveis.
E ainda me falta o parto. E vou ser sincera, eu fiz um plano de parto, na minha cabeça as coisas estão bem definidas, mas todos sabem - e especialmente aquelas que já passaram por isso - que parir uma criança é algo instintivo, que acontece quando tem de acontecer e do qual não temos controle. O nosso corpo está preparado, mas por mais que eu leia, veja séries e saiba aquilo que eu quero, esta é uma coisa que eu não conheço, que é estranha e nova para mim. Eu vou ter de ser forte e compenetrada psicológicamente, e para aqueles que me conhecem, eu sou uma control - freak, o que não ajuda muito... e acredito que o parto vá de certa forma modificar a minha maneira de ver o mundo, mas vai também assustar-me como o caraças.
Na verdade, desde que eu entrei nas últimas semanas de gestação que não penso noutra coisa, e serviu-me de muito ler e ver videos e clips e tudo o mais, porque informação é, para mim, segurança. Quanto mais sei, mais me convenço de que este processo natural é isso mesmo, um processo natural, e portanto vou ter de me deixar levar pela minha natureza e seguir os meus instintos. As pessoas à minha volta geralmente não entendem porque é que eu tenho de saber tanto, mas eu não levo a mal. Eu é que tenho de saber. Eu é que vou parir. E porque sei, o que sei, porque aprendi o que aprendi, sei que vou poder escolher o melhor para a minha filha. Para mim isso é tudo o que me interessa. O resto do mundo agora passou para segundo plano, já nada é relevante como antes - O meu mundo agora, e daqui para a frente, vai ser a minha filha.
E já só falta uma semaninha até à data prevista para a Victória nascer. Como devem entender, nesta altura torna-se muito complicado escrever o que quer que seja. Os meus dias são passados a descansar e a tratar dos últimos preparativos para a chegada da bebé. De há umas semaninhas para cá, tenho andado com as famosas Braxton Hicks, que não doem mas são incómodas como tudo. A bebé mexe bem, e tudo está a decorrer com normalidade. A minha irmã chega amanhã de Portugal, e eu espero que a Victória não nos faça esperar muito depois disso, até porque era engraçado ela ficar logo a conhecer a tia.
As minhas noites melhoraram ligeiramente, a minha única queixa é mesmo a azia terrível e os problemas de dentes (apesar das visitas regulares ao dentista). Como a bebé também está pesadona, e já está encaixada, andar por longos periodos de tempo tornou-se num desafio. Mesmo assim tenho feito a lida da casa o mais que posso. Não está perfeita, mas nesta altura já é muita sorte eu fazer o que faço... E pronto, eu dou notícias assim que ela nascer. Ela está prevista para o dia 10, mas já li que os primeiros bebés normalmente gostam de chegar atrasados, por isso não vou criar muitas expectativas para esse dia.
O que interessa é que ela venha bem. Vou fazer um parto natural na àgua, por isso penso que esta experiência será benéfica tanto para ela como para mim. Até lá fiquem bem...