Como as coisas estão!...
Há duas semanas que estou em Portugal de férias, umas férias muito merecidas. No entanto, após mais de um ano de ausência, o choque da minha chegada a um país que foi meu durante mais de 26 anos foi grande: o que me recordava na infância está extinto ou em vias de extinção. Os preços das coisas básicas aqui estão ao nível do custo Inglês, não ao nível de vida portuga. Não quero desmanchar no meu país, porque apesar dos defeitos, é a minha nação e onde nasci, cresci e me formei antes de me tornar imigrante em 2004... No entanto, eu tenho de ser sincera e exprimir aquilo que senti desde que cá cheguei.
Sinto que há muita pobreza (logo, há muita fome).
Sinto que há muita desigualdade social (provavelmente por não haver empregos para toda a gente, e os que há pagam mal - isto para não falar que o apoio à natalidade no país é digno de uma gargalhada geral por ser tão estúpidamente machista - mães que têm de regressar ao trabalho após 4 meses?? E a amamentação exclusiva de 6 meses que a OMS recomenda??? Para não falar nas misérias de abono que agora pagam).
Pior que isso, sinto que as pessoas pagam mais por tudo mas têm uma menor qualidade em tudo (principalmente em transportes públicos e estradas). Serviços caros, mas sem o mínimo de qualidade (ou capacidade de resposta para melhoramentos).
Sinto que tudo se queixa mas ninguém se revolta - parece que está tudo cansado (deve ser da fome).
Sinto muito que o meu país do coração esteja assim, tão deteriorado. Já nem as bolas de berlim me adoçam a boca (será que também cortaram no açucar?).
É muito triste ver que, no geral, há cada vez mais injustiça social, há cada vez mais impostos, e menos dinheiro.
Eu trouxe a minha filha para Portugal estes dias para que ela aproveitasse o que Portugal tem de melhor: a família, o calor, a praia, a História. O resto eu prefiro que ela nunca conheça.