Traços familiares
Herdei as olheiras da minha avó Vitória. O cabelo é da minha mãe. Acho que o facto de ser inteligente vem da parte do meu pai, bem como a capacidade de gerir o dinheiro bem. Claro que às vezes me dou a extravagâncias, mas é só de vez em quando. Da minha mãe herdei a capacidade de apertar o cinto quando o saldo da conta corrente atinge níveis pouco auspíciosos - mas não negativos - o lado do meu pai não permite isso!
Os meus dedos fazem lembrar os do meu avô Lomelino. E os meus olhos também, bem como a minha obstinação em fazer tudo o que me apetece sem medir muito as consequências. Tal como a minha mãe no passado fez, também eu larguei o tabaco em dois dias... já lá vão três meses e picos - desde que a minha avó morreu que nunca mais peguei num cigarro.
A minha natureza branda vem do meu tio Zé, que morreu aos 40 anos com cancro do pulmão - era eu pequenininha ainda. Para mim, tal como era para ele, a família é tudo e eu ainda ando na procura incessante do meu grande amor. Ele sempre quis ter filhos, diziam os meus familiares. Ele nunca os teve - mas teve o grande amor dele, apesar de não ter terminado os dias ao lado dessa pessoa...
A minha generosidade vem do meu tio-padrinho. Ele ensinou-me também a gostar de Mateus Rosé. Nunca tive a oportunidade de lhe dizer obrigado. Foi sempre ele a dar-me as prendas de Natal que eu sempre sonhei, mas que sempre achei impossível ter.
A minha mão para a culinária vem da minha avó Vitória, mas também da tia Náná, irmã da minha avó Gena. De uma herdei a capacidade inventiva para fazer pratos tradicionais, de outra herdei a capacidade de fazer os doces de época ( Natal, Páscoa, etc).
É que nem vou falar dos meus defeitos...
Com tanta mistura, não admira que eu seja um ser tão complexo!!!