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E o céu azul brilhará...

Diário de uma académica portuguesa em Londres

E o céu azul brilhará...

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25
Set08

Pontos nos is.

Little Miss Sunshine

Os preparativos para o casamento arrancaram. Eu sei que a minha vida com o meu rapaz tem altos e baixos, e sei que não vale a pena tentar desculpar as atitudes dele com a cultura dele, mas a verdade é que eu gosto do gajo - com imperfeições e tudo. Não acredito que hajam casais 100% felizes. Até porque não há casais perfeitos. Na minha perspectiva, um casal com grande potêncial para a vida a dois, é aquele casal que barafusta, chateia-se, anda às turras e depois faz as pazes. É cansativo mas vale a pena, porque no fundo, é tudo um processo de adaptação.

 

O meu rapaz tem andado passado dos carretos, mas eu também não me insurjo contra isso. Cada um é como cada qual e se não resultar, cada um vai para o seu lado. Não sou grande apologista de divórcio, e sempre disse que na minha vida tentaria ao máximo escapar dessa sina. Mas na minha família, divórcios proliferam e só os meus avós é que se escaparam disso, provavelmente devido à geração a que pertenciam, e que condenava o divórcio puro e simples.

 

Casar com um indiano tem - como se diz por aqui - muitos 'perks'. Não é fácil como 2+2. As nossas maneiras de ver o mundo são diferentes. Ponto. São mesmo muito diferentes. Tipo, um nasceu num lado do mundo e outro nasceu noutro lado totalmente oposto. Mas casais entre etnias diferentes sempre existiram, e resistiram. Tenho o dobro do trabalho para me exprimir e para me fazer entender, mas a verdade é que o meu rapaz é um rapaz de ouro e será um pai perfeito para os miúdos (quando vierem, claro).

 

É honesto, e tem alguns problemas em entender como as coisas funcionam por estes lados, mas até eu às vezes me sinto estrangeira por estas zonas, apesar de já cá viver há 4 anos. Aliás, eu SOU estrangeira, quer queiramos quer não, e como tal, tenho inseguranças típicas por estar longe da família e dos amigos e dos pets.

 

Por mais 'tugas' que se encontrem aqui, por mais frango com piri-piri que se coma, as coisas serão sempre diferentes, porque o ambiente é diferente. 'Em Roma sê romano', não é 'em Roma sê Indiano'! Por isso já lhe disse que ele tem de mudar as atitudes dele de uma vez por todas e talvez esperar um pouco menos de mim, porque eu já carrego muitas responsabilidades às costas.

 

Hoje em dia as mulheres não são feitas para estar na cozinha, e eu já pus os pontos nos is sobre esse assunto. Recuso abdicar de uma carreira de sucesso para viver em função do marido, ficar em casa a tomar conta dos filhos, lavar roupa e fazer o jantar. Ele sabe. Eu sou clara nesse aspecto. Se ele quer uma ama, uma cozinheira e uma mulher a dias com benefícios nupciais, então que as contrate - ou, ainda está a tempo, pode sempre casar com uma indiana. A mãe dele saltaria de emoção, com toda a certeza.

 

O que ele não pode é esperar que eu me torne numa escrava do lar, quando desde o príncipio eu sempre lhe disse que essa não é a minha função. Se cozinho, é porque gosto de o fazer, não porque preciso. Aliás, eu podia jantar fora todos os dias, porque ganho para isso. Portanto, nesses aspectos os pontos estão bem visíveis e foram recentemente marcados a amarelo fluorescente. Se o menino está de folga, o menino tem de ser perspicaz o suficiente para entender que eu não quero chegar a casa e ver as coisas como há-de ir. Porque se eu deixo o quarto limpo e arrumado, quero encontrá-lo dessa forma. E ele vai ajudando, por isso não me posso queixar.

 

Claro, volta e meia dá-lhe 'VIPes', mas eu também tenho os meus, e posso ser uma grande 'bitch' quando quero.

 

A razão para este casamento avançar agora e depressa não tem a ver com um filho não planeado (calem-se já as cusquices nas hostes! O benfica jogou em casa recentemente...), mas sim com o fim do visto dele, que acaba em Janeiro. 

 

Além de que, desde Outubro 2007 quando fiquei oficialmente noiva, já andámos a falar em casar por esta altura - estávamos só mesmo à espera de acabar os nossos cursos. Agora que acabámos os cursos, casar vai-lhe abrir as portas para o visto de trabalho, e em dois anos, o visto de residência. Entretanto,  para poder encontrar um trabalho decente ele precisa mesmo do visto de trabalho. Eu já tenho o meu trabalho decente, por isso daqui a uns meses posso começar a pensar em ser mamã - que nesta altura é mesmo tudo o que quero... ***deve de ser o relógio biológico a dar horas***

 

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