... escrever sobre a minha vida na internet, mas é assim que eu encontro o meu equilíbrio...
Sei que é errado gritar e brigar porque me magoam, em vez de falar e estabelecer limites civilizadamente...
...ou acusar só para causar dor, mesmo que esteja a falar verdades, eu sei que há verdades que não se dizem...
Mas para chegar ao ponto do irracional, muito já foi feito e dito.
E eu não gosto de me sentir sózinha, humilhada ou colocada em segundo plano.
Exijo a mesma dedicação e a mesma parte em troca daquilo que dou. Não é pedir muito.
Aceito as minhas vulnerabilidades e defeitos. Aceito que nem sempre sou ou estou correcta. Afinal, sou humana e já errei muito.
Mas não gosto de ser constantemente tratada como se não tivesse qualquer valor na vida de quem eu achava ter todo o valor.
E quando as coisas chegam ao ponto a que estão hoje, em que ambos renunciámos à promessa que fizemos no dia em que trocámos as nossas alianças, eu estou mais pobre na carteira mas mais rica de espírito.
Aprendi que nem sempre sabemos as razões porque as pessoas entram na nossa vida.
Mas temos sempre a capacidade de decidir quando elas têm de saír.
Tenho saudades de casa. Saudades do que era meu, só meu, que ninguém mais conhece a não ser eu e um grupo restrito de pessoas - as pessoas que me fizeram bem, e algumas que me fizeram mal mas das quais não guardo qualquer rancor. Sinto-me isolada. Há muito tempo que me sinto incapaz de quebrar correntes, de remar para a frente, sinto-me estagnada. Com muito trabalho pela frente, eis que decido cortar algum desse trabalho. Pela filha. Pelo marido. E assim que se apanha livre da obrigação de ficar em casa, eis que o marido resolve usar esse tempo para aceitar turnos, sem perguntar, sem consultar.
Estou furiosa.
Não me venham dizer que não pensou, que não tinha alternativa. Se eu ainda estivesse a trabalhar, ele teria de dizer que não. Mas tomou-me por certa, achou que o facto de eu estar em casa no 'nosso' dia lhe dava o direito de aceitar o tal turno, sem dar cavaco a ninguém. Pior ainda, foi descobrir isto por portas e travessas, não por ele. Diz-me sempre que nunca sabe para onde vai trabalhar todos os dias, senão às 10h da noite... Exacto. Acredito em tudo o que ele me diz agora (ironia).
Estou cansada. Tenho saudades de casa. Saudades do que era meu, só meu, que ninguém mais conhece a não ser eu e um grupo restrito de pessoas - as pessoas que me fizeram bem, e algumas que me fizeram mal mas das quais não guardo qualquer rancor. Porque as pessoas que me fizeram mal, fortaleceram-me. Agora quando uma pessoa que confiamos, com a qual partilhamos a nossa vida, os nossos momentos bons e menos bons, quando essa pessoa nos atraiçoa desta maneira, esquece os compromissos que fez, não honra a palavra, então a facada nas costas mata. A pressão do choro vive na cabeça, em cima, e nos olhos, vermelhos, doridos.
Sinto-me sózinha e estou rodeada de pessoas, amigos que me querem bem. No entanto, a pessoa que deveria olhar por mim é aquela que mais me decepciona. Essa pessoa, o meu marido, é aquele que corta a minha liberdade, destroi o sentido de lar e família, por um emprego desqualificado onde ele acha que pelo facto de lhe passarem um iPhone 5S para as mãos é sinónimo de ter de lamber as botas a uns tantos e esquecer que o compromisso com a família é bem mais importante e não tem preço.
Estou magoada. Muito magoada. Porque não me disse. Porque me escondeu. Porque não teve coragem de defender o nosso tempo em família, porque no dia que era para ser nosso, é também dia da mãe por estes lados.
Tenho saudades de casa. Saudades do que era meu, só meu, que ninguém mais conhece a não ser eu e um grupo restrito de pessoas - as pessoas que me fizeram bem, e algumas que me fizeram mal mas das quais não guardo qualquer rancor. Pelo menos dessas pessoas eu não tinha expectativas, e portanto tudo o que veio delas passou.