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E o céu azul brilhará...

Diário de uma académica portuguesa em Londres

E o céu azul brilhará...

Diário de uma académica portuguesa em Londres

12
Abr14

Dias cheios (e mais compridos)

Little Miss Sunshine

Está aí a Primavera, e apesar de não ter um sol aberto e um céu azul, a temperatura por estes lados anda amena. Os dias começam a ser mais longos, o que me agrada, porque não há nada pior do que um cair da noite às 3 da tarde. Com o alongar dos dias, parece que as tarefas também aumentam. A semana passada foi super corrida, e pouco tempo tive para descontrair ou ler um livro. Ando a preparar uma apresentação que farei numa conferência dia 1 de Maio sobre o uso do Pinterest como ferramenta de aprendizagem através de reflecção, e ando a corrigir trabalhos dos alunos de economia (segundo ano) a quem eu dou aulas. Pelo meio, tenho ainda que preparar as aulas na college para os alunos a fazer preparação de mestrado, e no meio disto tudo ainda consegui publicar um artigo académico no jornal da universidade ( e que pode ser acedido aqui). Entre consultas no médico, porque não ando muito bem de saúde infelizmente, e as tarefas domésticas, bem como cuidar da minha filha, não sei mesmo como é que consigo tempo para fazer tudo sem me esgotar. E esta semana que vem ainda vai ser pior, porque apesar de estar teóricamente de férias (ah! ah!) da universidade, há uma vaga para ser coordenadora das parcerias académicas nacionais da universidade, e eu estou tentada a concorrer porque experiência nessa área não me falta. 

 

Essa oportunidade seria certamente uma mais valia para um futuro sem preocupações no Verão, porque me iria garantir um ordenado fixo durante todo o ano, e como é no Reino Unido (e não internacional), implicaria ter de viajar, mas nunca para muito longe.

 

Hoje recebi um email da empresa que me contratou para a Nespresso, a dizer que as portas estarão sempre abertas para mim caso eu deseje voltar, o que me deixou bastante tranquila, porque sei que posso contar com eles caso hajam oportunidades nessa área. Falta de trabalho, não tenho, e isso deixa-me muito feliz. O problema agora é mesmo adientar o trabalho que tenho pendente e que deixei atrasar por não ter a minha cabeça no lugar devido a tudo aquilo que me tem preocupado nestes ultimos tempos. Mas estou confiante de que melhores dias virão, e se me aplicar no meu trabalho com muita força de vontade e determinação, sei que estarei mais perto dos objectivos que tenho para mim e para a minha filha.

 

 

10
Abr14

Recomeçar (outra vez)...

Little Miss Sunshine

Nos dias de sol, como o de hoje, eu acordo sempre com um fiozinho de alegria dentro de mim. A claridade que entra pela casa adentro, e o céu azul parece que exercem um efeito antidepressivo natural na minha pessoa. Não é para menos, afinal, nasci no sol, vivi grande parte da minha vida no sol, e portanto é normal sentir este optimismo natural cada vez que o sol decide dar um ar da sua graça nesta terra cinzenta.

 

Olho para trás e vejo um montão de trabalho para fazer. Medo. Com os dias conturbados que tenho vivido ultimamente, deixei um montão de trabalho acumular e não estou com muita vontade de começar a fazê-lo. A culpa é do sol e dos dias cheios que tenho com a minha filha, ou a dar aulas... E agora vai ficar mais corrido, porque vou ter de aprender a contar só comigo mesma.

 

Depois de uma conversa séria com o meu (ainda) marido, cheguei à conclusão de que não posso mais continuar esta relação. A razão prende-se essencialmente com as nossas diferenças. Ele pensa de forma diferente de mim, e eu dele. Lançou-me um ultimatum mais uma vez, de que me deixaria se eu não deixasse de escrever o que sinto no facebook, ou neste blog. Eu sei que há coisas que não se escrevem, mas se ele me apoiasse mais, e se eu sentisse que podia falar com ele, talvez não necessitasse desses canais para libertar as tensões acumuladas - é que eu não escrevo só sobre ele... Na verdade, ultimamente até tenho escrito mais sobre ele, porque ando frustrada com as atitudes que toma, muitas delas egoístas a meu ver.  Sinceramente não estou disposta a abrir mão de escrever, já abri mão do blog durante uns anos, e por isso é que estive mais ou menos inactiva, e o resultado foi o acumular de uma grande tristeza, porque nem podia desabafar aqui, nem podia falar com ele sem voarem acusações sobre tudo o que eu fazia (ou escrevia) de errado. Todos os nossos males fossem a minha escrita...

 

Não vou mentir, eu sei que escrevi algumas coisas erradas. Mas cheguei a um ponto em que não estou mais disposta de abdicar de quem em sou, daquilo que eu gosto e que me faz feliz para manter um casamento de fachada, que não me oferece qualquer tipo de amizade, compreensão ou conforto. Gira tudo à volta daquilo que eu não posso dar, da minha maneira de ser (que nunca está certa, ou correcta), das coisas que eu faço (que estão sempre erradas), e das minhas queixas (porque arcar com as responsabilidades domésticas, gerir a minha carreira e ainda criar uma filha não são coisas suficientes stressantes e pesadas). Ele está fora a trabalhar o dia todo, 6 dias por semana, raramente falamos, ele chega a casa, toma banho, janta e dorme... e ainda acha que pode queixar-se do que faço ou deixo de fazer nas ausencias dele... O que me entristece é que sempre me senti um acessório, parte da casa e do conforto dele. Nunca me senti especial.

 

Eu sei que há casais que estão separados sem quererem, e que apesar disso se aguentam forte e feio, entre saudades e tristeza... Os meus parabéns para esses casais. Têm certamente uma base sólida de amizade e comunicação que os aproxima nas distâncias do dia a dia. Eu não tive nunca isso. Sempre me senti a 'louca' (como muitas vezes fui chamada). Sempre me senti a 'dominadora', porque gosto de ter as coisas em casa de uma determinada forma ou arrumadas de uma determinada maneira, porque o proíbi de viajar a trabalho (por razões obvias, não compensa estar fora de casa 2-3 dias quando eu tenho uma criança pequena nos braços e o sacrifício para A FAMÍLIA seria demasiado pesado para o ordenado implicado)...

 

Como se não fosse difícil já o facto de estar isolada da minha família, ter saudades de umas férias à beira mar, e/ou não poder sequer falar com ele daquilo que eu realmente sinto, com medo do mesmo me ser atirado à cara, num acto de chantagem psicológica e emocional.

 

Vim para este país sem nada. Não tinha um curso, não tinha dinheiro, não tinha qualquer tipo de plano a não ser vir estudar e tentar arranjar um emprego para me poder manter enquanto estudasse. Passei estes últimos 10 anos da minha vida a batalhar por um futuro melhor, e sinto que muito do que fiz agora foi em vão, porque nos últimos 4 anos eu destruí muito do que construí. Acreditei num amor e numa cabana, e acabei derrotada, mas teria sido pior se não tivesse a minha filha e o meu trabalho. Mas mesmo o meu trabalho está por um fio porque não tenho mais o tempo nem a concentração para poder dedicar às responsabilidades que me são dadas...

 

O que mais me impulsiona para a frente é a minha filha... Porque eu quero que ela cresça feliz, a ver a mãe feliz e não a chorar pelos cantos, como tem visto. Chorei mais nestes 2 meses do que em toda a minha vida, e o pior foi sentir que isso não importou nada para aquele que deveria ser o meu companheiro nos bons e nos maus momentos... Mas sei que importou e muito para a minha filha, ela não entende porque eu choro, nem porque é que o pai dela não me acode quando ela vai a correr para ele dizendo 'mummy crying'... Foi por isto que decidi que uma decisão teria de ser tomada, urgente.

 

Hoje, a minha filha acorda-me e pergunta-me todos os dias 'happy mummy'? Ao qual eu respondo, sim, happy mummy, porque finalmente tomei a decisão que sinto ser a decisão certa. Escolhi não mais sacrificar aquilo que me faz feliz por uma pessoa que literalmente não se importa com o meu sofrimento, com aquilo que eu penso, ou com aquilo que eu quero. Uma pessoa que acha que eu não sou boa da minha cabeça, e que todos os dias me fazia sentir mais imperfeita. Eu não sou imperfeita aos olhos da minha filha e isso basta-me. Deixei de me importar com o resto.

 

Como disse atrás, eu tenho os meus defeitos. Mas se me amam e eu o sinto esse amor todos os dias; se se importam e eu vejo isso nos gestos quotidianos do dia a dia; se eu vejo que lutam por um futuro melhor fazendo escolhas em prol da família e priveligiando a família acima de tudo (como vejo muitos dos meus amigos que hoje me rodeiam), então aí sim, eu estaria louca em querer terminar uma relação de quatro anos, com uma filha, em que tudo existe para dar certo. Mas a realidade é outra. Não só eu sinto que sou um bem adquirido, como não consigo apagar as dores que passei no passado, o desprezo e abandono a que me sujeitaram e a constante ameaça de terminarem tudo para me forçarem a me modificar pelo medo... E o pior é que eu acreditei que o estava a fazer pela família, ao ponto de não mais conhecer quem era, e perder completemente o meu norte. Não. Mais não. Chega.

 

Cheguei ao ponto de ruptura. Um ponto onde eu estive umas 2 ou 3 vezes na minha vida, em que toda a dor que sinto se transforma em algo dormente. Sinto-me anestesiada, e libertada ao mesmo tempo. Quando olho para ele já não sinto nada, porque sei o que quer de mim, e o que espera de mim. O que ele quer de mim, eu não lhe posso dar. As expectativas que ele tem não são iguais à realidade. Eu sou assim, como sou. Agora sinto que amadureci o suficiente com esta situação para entender que homem nenhum - nem mesmo o pai de minha filha - merece que eu mude a minha natureza para que ele possa ser feliz. Eu não era feliz, por isso no meu entendimento, essa necessidade que ele tinha de me cobrar certas coisas e me proíbir das mesmas era somente para o deixar feliz, e nunca se perguntou se eu ficaria feliz fazenbdo o que me pedia...  Se a pessoa ama de verdade, a pessoa não tenta mudar, a pessoa tem de aceitar que eu escrevo na internet e no facebook o que eu quiser, que é a minha liberdade de escolha. Da mesma maneira que ele não me deixa criticar o trabalho dele, ele não tem que criticar o que me faz feliz.

 

Na minha percepção das coisas, eu tenho mesmo o direito de fazer o que eu quiser: sou uma pessoa independente, boa mãe, trabalhadora e honesta. Não traí, não abandonei, não andei por aí a ter comportamentos humilhantes ou devassos. Vivo para a minha família e sempre vivi. Dei sempre o melhor de mim aos meus e àqueles a quem eu chamo de amigos. Fiz mais por qualquer um deles do que por mim mesma para poder ver eles felizes e unidos... Se dentro de casa não se reconhece a força e dedicação que eu coloquei todos os dias em tudo o que faço para que todos fizessem o que queriam, então chegou a hora de dizer adeus, fechar este capítulo e abrir a página de um capítulo novo. Sem medos. Cansei de tentar.

07
Abr14

Um futuro melhor...

Little Miss Sunshine

Andamos todos à procura de um futuro melhor. Uns de uma maneira, outros de outra...

E muitos futuros constroem-se de sonhos, valores e ideais - no meu caso, sempre foi assim, eu idealizo, analiso e depois vou atrás.

Quando vim para aqui (leia-se Reino Unido), vim com essa força de vontade de ser diferente, de querer mudar maneiras de pensar, de querer contribuir para o mundo de hoje ou de amanhã.

 

A vontade de construir um futuro melhor, seguir o vento do destino, e tentar (passo a passo, uns mais trabalhosos que outros) atingir esses sonhos é o que me tem impulsionado sempre para a frente, o que me tem feito agarrar oportunidades e ter chegado onde cheguei, sózinha... 

 

Hoje em dia as coisas estão complicadas em todo o lado... quando para cá vim, por exemplo, a economia em Portugal não estava tão agreste ... Vim para estudar e voltar. Não me perguntem porque não voltei, ás vezes nem eu sei... mas aqui ainda se constroem sonhos, os meus e de quem se aventurar por aqui... Porque há oportunidades para quem as souber agarrar. Há vantagens sociais e humanas para quem tiver mentalidade aberta e coração de ouro. Por isso, quando muitas vezes escrevo que me sinto num beco sem saída, é porque ando perdida num labirinto de coisas que não interessam para nada... Porque eu sou de ir atrás, não sou de me ajoelhar acobardada.

 

Às vezes não sei porque me dá tanto medo de tomar uma decisão que sei ser a certa, mas na qual o meu coração se compromete... Só que os meus sonhos estão bem ali, ao meu alcance, e o meu futuro já não é mais de solidão, porque está lá a minha filha, a razão do meu viver. É ela que me faz pensar no que quero contruir para amanhã, e em tudo o que eu quis mas não quero mais. Por ela, a força vem nem sei de onde, para ir buscar o que eu pensava já ter perdido... O meu 'mojo'!

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