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E o céu azul brilhará...

Diário de uma académica portuguesa em Londres

E o céu azul brilhará...

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05
Mar19

Capitã do navio...

Little Miss Sunshine

Na minha vida, todas as grandes mudanças se precedem de um momento de introspecção que se segue normalmente a um constante sentimento de insatisfação geral. O ano passado foi um ano de empoderamento, onde eu aprendi que se eu quisesse ser uma mulher profissional de sucesso teria de ser eu mesma, teria de me colocar num pedestal e correr riscos. Que ajudaria ter uma rede profissional sólida, de preferência com outras mulheres na mesma posição que eu,  e rodear-me sempre daquelas pessoas que nos dão normalmente força para seguir em frente - seja em casa ou no escritório. Mas não há, na verdade, uma formula certa... 

Podemos ter tudo isso, mas sem uma conjuntura favorável de oportunidades, e de pessoas dispostas a dar-nos essas mesmas oportunidades, não chegamos a lado nenhum - principalmente quando somos mais potencial que experiência.

Este ano, apesar de ainda ir no adro (como a procissão), já me ensinou que nem todas a portas se vão abrir para ti, tenhas ou não a experiência que tenhas, sejas relevante ou não para a organização, tenhas ou não promessas de um futuro brilhante... E quando as contas chegam no final do mês,  e se passam semanas em entrevistas sem conseguir um cargo de 'higher management',  o desânimo aparece e rouba o meu sorriso. Queria tanto poder dar ás minhas filhas uma vida melhor, uma casa com jardim, aulas daquilo que elas queiram fazer, férias em locais distantes e paradisíacos...é por nós que eu luto por um cargo melhor, por mais dinheiro e por mais oportunidades de uma vida melhor. 

Mas será que é esse mesmo o caminho? 

Infelizmente, as coisas não têm andando muito para a frente. Eu sinto mesmo que remo contra a maré. Sou grata por tudo o que tenho, mas sinto que não chega. E por isso mesmo os meus olhos espelham o desapontamento e a falta de motivação, frutos de batalhas constantes contra o sistema e contra as percepções (erradas) que as pessoas 'com o poder' têm sobre ti. E estas lutas constantes cansam e esgotam as minhas energias. É insustentável. Não posso mais continuar nisto. 

Foi num destes momentos mais recentes de grande introspeção que eu comecei a questionar-me sobre o que realmente é este meu caminho de vida. Sózinha e sem norte - que bela combinação...!! Talvez o problema não seja o facto de eu não conseguir agarrar uma oportunidade, nem a falta de pessoas dispostas a darem-me um voto de confiança...Talvez o meu problema seja mesmo o caminho que a minha vida tem de tomar (ou destino, se acreditarem nisso)... 

Talvez eu esteja a tentar levar o barco por águas onde o barco não é suposto navegar, remando contra marés que não são mais minhas para navegar.

E assim, de repente, comecei a achar que mudar de carreira fazia sentido se fosse para fazer algo que nos faz bem e nos deixa em paz. Que mesmo que não traga grande dinheiro de inicio, pelo menos traz paz. Porque eu não estou em paz. E só por isso, mudar não é uma ideia assim tão descabida. Quando a paixão se extingue num lado qualquer da nossa vida - amor ou trabalho ou o que for - e se torna difícil manter o rumo que escolhemos, de forma equilibrada... Quando já nada nos faz feliz, e sentimos um descontentamento interior persistente... o melhor mesmo é ser drástico e cortar o mal pela raíz. É menos doloroso se assim for. E sem medo, seguir o instinto e procurar essa paixão que se perdeu noutro lugar. Tracejar caminhos possíveis, e definir estratégias para poder seguir em frente, e ser feliz.

Às vezes o segredo está em saltar do barco em vez de o virar noutra direcção.

Passamos muito tempo atrás do que não nos faz bem, e eu não sou excepção - afinal, persistir é uma caracteristica humana.  Não há nunca uma resposta perfeita para os nossos dilemas,  mas mesmo assim resolvi tomar as rédeas do meu futuro, troquei as coordenadas do meu barco de 'seguro, estável e provável'' para 'arriscado mas cheio de sorrisos'.... e o que será, é o que tem de ser. Não é desistir, é mudar de rumo.

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