A solidão de certos dias...
Hoje é um dia difícil. Provavelmente porque passei o dia de ontem sózinha, parece que o dia de ontem continua no dia de hoje... Ando cansada porque ando a trabalhar demais para não pensar no tempo. Ando triste, farta desta distância e desta condição de dependência de prazos, tempos, e leis.
Se tudo correr bem, o meu marido vai estar aqui comigo a partir do dia 12 de Março. Dia 18 de Fevereiro ele vai meter os papeis para o EEA Family Permit no Rio de Janeiro, e segundo os resultados da minha investigação, o visto demora 5 dias a saír se tudo estiver em conformidade. Nesta altura ele está no interior do Paraná, com pouco acesso à internet, e eu ando já a bater com a cabeça nas paredes. Nunca me senti tão sózinha. Entra o dia e sai o dia, e eu não falo com ninguém... Só com o pessoal da universidade e pouco mais.
SOLIDÃO MATA quando consumida em excesso.
E eu, ultimamente, tenho tido tanto tempo sózinha que começo a falar sózinha, chorar sózinha, não como nada, e só quero dormir e trabalhar. Trabalho, trabalho muito, para não pensar no vazio do meu peito cada vez que meto a chave à porta e a casa tem uma gata que nem se levanta para me vir dizer olá tirando quando tem fome.Trabalho longas horas para chegar a casa já de noite, ver um pouco de tv, ainda trabalho mais um pouco e vou-me deitar já na esperança de que a semana passe a correr, porque cada hora parece um dia, e cada dia parece um mês.
Não é que eu esteja dependente do meu marido para viver ou ser feliz - porque não estou. Sempre demos bastante liberdade um ao outro, sempre fizemos o que queremos. dentro dos limites do razoável... mas desde que estou longe dele, e de todos aqueles que eu amo, tenho dias em que realmente só me apetece fechar dentro de um armário e ficar lá no cantinho, no escuro, no vazio, no silêncio, como se não existisse.
Há dias assim, dias em que as lágrimas escorrem, dias em que as palávras não existem nem saiem, dias em que a solidão corrói a alma e nós só podemos mesmo aceitar que ainda vai demorar para conseguirmos estar juntos, como um só, outra vez...
Ah maldita saudade. Como eu te detesto, saudade sem dó nem piedade.