Começa a enxurrada de trabalhos para corrigir!
E eis que chegámos novamente àquela altura do ano em que por onde quer que me vire, há trabalhos espalhados por todo o chão de minha casa. Para andar, só mesmo aos saltinhos, porque no meio do meu caos, ninguém se entende - só mesmo eu. Gosto mesmo do que faço, mas tenho de ser sincera: esta é a altura mais complicada para mim, a altura da submissão de trabalhos de avaliação para três das cadeiras que estou a leccionar este semestre. Ainda para mais, tenho o curso de formação profissional para acabar (e um trabalho para fazer e entregar já no final do mês), tenho outro curso de formação de professores a começar assim que regressar de Portugal, e esta catrefada de trabalhos para corrigir, notas para lançar... Uffa! Até me falta o ar.
Já comecei a marcar alguns, e não estão nada famosos. Um pouco desiludida, já que alguns destes alunos são meus alunos e por isso esperava muito mais deles - especialmente após as direcções que lhes dei durante as aulas. Começo logo a perguntar-me se a culpa foi minha, revejo as aulas em fast rewind, depois em slow forward... Não! Não pode ter sido culpa minha...! mas então porque é que me sinto culpada...?
Talvez porque hoje não fiz jantar - andei de volta destes trabalhos de grupo, a trocar emails entre colegas, e a ver se realmente as notas estão consistentes com o resto das notas dos outros professores. Deixem que vos diga qual é a palavra que o pessoal das universidades aqui do Reino Unido gostam mais: consistência. Têm a sua razão. Quando mais de 500 alunos recebem notas de mais de 5 professores, há que haver consistência.
Onde não há consistência nesta altura é na minha casa. Quando podia ter compreensão e carinho, tenho agressividade e falta de entendimento. Depois há a culpa, porque acho que isso tudo acontece porque eu não estou a agir de acordo com as expectativas geradas... Mas com tanto para resolver, digam-me lá se não era tão melhor ter um ambiente em casa semelhante ao ambiente do meu trabalho? Porque lá, apesar dos encontrões volta e meia, pelo menos reina a tranquilidade, e a paz.
Só precisava disso mesmo, um pouco de paz. Mas nesta altura parece que o maridão não enterra o machado, e eu não estou com paciência de negociar o que quer que seja. A falta de espaço não ajuda... As incriminações dele também não. A minha personalidade ainda piora a cena. Isto está complicado hoje para o meu lado. E por isso, refugio-me no trabalho para não pensar no quanto estou infeliz. O que é triste, porque depois de tantas lutas e batalhas, depois de tanto sufoco e distância, as coisas entre nós deviam estar tranquilas... mas não estão.