Aqui sinto-me amedrontada constantemente... Na minha cabeça é só negativismo... E se as coisas não resultam? E se no emprego as coisas correm mal? E se não vale a pena estar a sacrificar-me tanto?
Hoje estou chateada. Apesar de saberem que não trabalho aos fins de semana - como aliás está no meu processo lá no trabalho, meteram-me a trabalhar turnos inteiros hoje e amanhã. Estou um bocado devastada, porque nos fins de semana é quando eu tiro assim umas horinhas para ir dar uma volta e fazer algum exercício.
Ainda por cima, está de sol e eu vou ter de ficar fechada naquele lugar inóspito durante o dia todo. O namorado sai às duas da tarde e eu tenho de lá ficar até às oito da noite - não é o meu ideal de dia.
Sim, sim, estou a ganhar dinheiro - isso é, aliás, a filosofia do namorado, mas a minha filosofia é mesmo ter os fins de semana livres e o resto é história. Já estou desmotivada - e o dia ontem até correu relativamente bem, mas hoje estou mesmo com os azeites e já mandei o namorado a um sítio muita feio 'N' vezes, porque ele sabia que eu não trabalho fins de semana e quando o chefe lhe deu os meus horários ele não disse nem ai, nem ui.
Bolas, eu sei que me andava a lamentar que não tinha trabalho e blá blá blá, mas agora que tenho dá-me uma vontade de fugir. Queria mesmo voltar para Portugal, tenho saudades dos meus amigos e de casa e de tudo mesmo. Mas se voltar as coisas não vão ser como eram de antes, está tudo mudado. Às vezes até penso que já não pertenço àquele quadro, que o meu espaço foi de certa forma tomado e que já não posso voltar...
Estou tão farta de falar inglês e de viver numa sociedade que não me desponta a mais pequena ternura. Sinto-me deslocada, a ter que fazer trabalhinhos da tanga para poder sobreviver e tirar mais uma graduação académica. Vale mesmo a pena ter de passar por tudo isto?
(suspiro)
Eu só quero mesmo é saír daqui porque tudo isto me causa pânico, um buraco no estômago, uma vontade de correr sem parar. Já é mau ter de lutar contra o meu medo quase primário das minhas chefias, e ainda ter de lutar comigo própria para encontrar motivação num trabalho? E só para continuar para a frente num plano de vida que de certa forma me foi impingido? Tudo isto é frustrante e mete-me mesmo muito medo... Porque eu não sei o dia de amanhã, e se não tiver emprego, então saberei muito menos. Mas satisfação pessoal não acredito que ganhe alguma, porque a ter de passar por isto é mesmo muito complicado...
Eu sei que há montes de pessoas a fazerem o que não gostam, mas eu quando faço algo que me esteja de certa forma a contrariar, fico doente. E já ando doente, aos berros por tudo e por nada, começou ontem o desequilíbrio emocional outra vez.
Será que nunca vou sentir-me satisfeita pelo menos UMA vez nesta vida?
Será que vou ter de passar por esta insatisfação pessoal constantemente?
Regressei ao Reino Unido ontem. Confesso que não estou muito deprimida, até porque hoje me deram folga no trabalho. Vou aproveitar para pôr os meus trabalhos da universidade em dia, lavar a roupa suja que trouxe de Portugal e arrumar as últimas peças de roupa no armário. O céu está azul e a temperatura... fria... mas não me posso queixar... Voltar agora só mesmo em Agosto.
Mas a minha vinda para o Reino Unido não aconteceu sem a habitual chatice... houve confusão no check-in, e não foi pouca!!! Isto porque na minha vinda para o Reino Unido fui cobrada €91 por uma bagagem extra. Sim, leram bem!!!! €91, que é o preço de um upgrade para executiva de uma pessoa...
Pelo que me foi dito, a política de bagagens da BA mudou e portanto agora só permitem uma bagagem por cada passageiro, de 23Kg. Antes podía-se levar as bagagens que se quisesse, desde que estas não excedessem o peso de 20Kg por pessoa, e se assim continuasse eu até nem estava muito mal, porque a dividir as bagagens com o meu mais que tudo, o peso não chegou aos 35Kg.
O que mais me chateou foi a atitude dos gajos, e nem valia a pena barafustar pelo simples facto de que estáva escrito e portanto eles teriam que se cingir a isso. Tendo trabalhado na PORTWAY tanto tempo, eu sei bem como as coisas funcionam, e sei que eles têm mesmo de se proteger seguindo à risca todas as instruções do código da BA, mas para ser sincera, eu insurgi-me não contra a política das malas, mas contra a falta de uniformização nos serviços entre Londres e Portugal.
Isto porque na minha ida para Portugal eu não fui informada desse facto, nem tão pouco me cobraram o tal "excesso de bagagem". Se eu escolhi a BA para viajar, foi porque esta me apresentou a melhor relação qualidade/ preço, e viajando com eles três vezes por ano, inclusivé tendo o cartão do "Executive Club" azul por ser "frequent flyer", era de esperar que não tivesse problemas quer na viagem de ida, quer na viagem de volta.
O que mais me irritou mesmo foi o facto de o gajo que me fez check-in em Londres ser membro do serviço de apoio ao cliente, e assim sendo, porque raio não me fez ele o reparo nas malas? Soubesse eu de antemão, tinha arranjado maneira de ter empacotado tudo numa mala maior na saída de Portugal. Mas não. O gajo não me cobrou nem me disse nada, deixou passar e eu achei que estava tudo bem.... Só para ser barrada no check-in em Portugal. Resumindo, livro de reclamações para cima, e ainda não fiz a minha reclamação para a sede aqui em Inglaterra, mas vou-me dedicar penitenciosamente a ela, porque ou me dão o meu rico dinheirinho de volta ou NUNCA mais vôo com eles.
É simples...
E pronto... posso dizer que voltei à minha rotina, um dia a dia recheado de lutas e chatices por meia dúzia de tostões (mas que para mim são mais que suficientes para me insurgir contra tudo o todos, só para ver no fim a minha missão triunfar (ou não)). Bolas... Não tive saudades nenhumas disto!