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E o céu azul brilhará...

Diário de uma académica portuguesa em Londres

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19
Abr16

Júlio...

Little Miss Sunshine

Quando era miuda, lembro-me de passar horas a ler livros clássicos. Muitos deles eram romances. Júlio Dinis terá sido talvez o escritor que eu mais lesse nessa altura, entre os teens e os twenties. Ainda hoje é um dos meus escritores clássicos favoritos. Não sei se não terá sido o retrato de família Inglesa esboçado por ele que me fez apaixonar por tudo o que era Inglês (com a excepção dos homens Ingleses, que infelizmente para mim, pouco ou nada têm de atractivo). Claro que a vida na sociedade Inglesa hoje não se compara com a sociedade Inglesa do Séc. XIX, mas muitos dos elementos sociais ainda se mantêm, e serão talvez uma das coisas que eu mais gosto neste país.

 

Quando vim para cá, vim com a força e determinação de quem não sabe nada da vida. Claro que passei por muitas coisas em Portugal que me prepararam para o que eu teria de enfrentar por aqui... Mas na minha ingenuidade, calculo que isso tenha sido das principais coisas a não me deixarem abater quando algo menos bom me acontecia. Vim para cá com o intuito de estudar e regressar para Portugal - o plano era simples... mas claro, como tudo nesta vida, até o plano perfeito tem buracos... Nunca contei gostar tanto daqui ao ponto de considerar uma vida aqui, fazer família, criar filhos... Entre vitórias, derrotas e alguns namorados, eu acabei por me deixar levar pela vida, e deixei-me ficar porque - acima de tudo - sou feliz aqui como nunca fui noutro lado. 

 

Olhando bem para trás, a minha vida, no fundo, não deixa de ser um pouco semelhante aos romances de Julio Dinis. Está cheia de encontros e desencontros, muito drama (porque o que seria da vida sem uma pitada de sal?), algumas lições de vida...  Basta ler os textos deste blog mais antigos... E tendo em consideração uma breve análise pessoal, tenho a certeza de que estou no meio do meu próprio livro... Neste caso, a personagem feminina principal (eu!) está agora...

 

...sózinha, a enfrentar os dilemas normais de uma mãe, com incertezas sobre o futuro, mas sempre batalhando contra a adversidade... Mãe corajosa e destemida! Mas (... e ESPEREM!...), esta criatura disfarça uma fragilidade natural, sempre se negando a amar em prol dos que mais dependem dela e porque simplesmente não há tempo... A vida corre depressa, e com duas crianças pequeninas, quase que foge por entre os dedos... Essas pequeninas joias, que são parte de si, são também o mais importante para ela... A atenção redobrada e constante é tão necessária que quando a sua face encosta na almofada, só há tempo para suspirar e para dormir...

 

(Normalmente é também para navegar no Facebook, e ler umas coisas no Daily 'Fail')

 

Mas a mensagem mais importante de se reter neste capítulo é esta... Porque não há tempo, é importante fazer - mais até do que dizer. As palavras hoje valem tão pouco... Se Júlio Dinis soubesse como hoje se dizem palavras vãs e sem qualquer sentido... Ele provavelmente teria escrito sobre isso também. Com o seu tom de juizo típico, assumindo quase um cargo de advogado do diabo, mas condenando ao mesmo tempo a tendencia desta sociedade corrupta de sentimentos, ele diria que, na verdade, somos todos voláteis e todos temos telhados de vidro. Por isso, hoje eu valorizo acções, atitudes, e essa é a lição que tirei das últimas semanas. Estou farta de mentiras, mudanças que nunca aconteceram, e um constante atirar de areia para os meus olhos. Há que haver claridade em todos os aspectos da vida.

 

Por isso não me digam palavras doces ao ouvido, não me prometam mundos e fundos, simplesmente não me digam nada. Eu não preciso disso. Quem é lutador, não tem medo da luta. Quem é corajoso, não se deixa abater com um precalço. Quem quer ser feliz, não espera que a felicidade lhe caia do céu, ou que lhe seja entregue numa bandeja - e,no fundo, agora é assim que eu sou e não espero menos que isto de quem me rodeia.

 

Porque... 

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Acima de tudo, sejam sempre sinceros com vocês primeiro.

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