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E o céu azul brilhará...

Diário de uma académica portuguesa em Londres

E o céu azul brilhará...

Diário de uma académica portuguesa em Londres

25
Mar14

As palavras que ele nunca te dirá...

Little Miss Sunshine

Tenho saudades de casa. Saudades do que era meu, só meu, que ninguém mais conhece a não ser eu e um grupo restrito de pessoas - as pessoas que me fizeram bem, e algumas que me fizeram mal mas das quais não guardo qualquer rancor. Sinto-me isolada. Há muito tempo que me sinto incapaz de quebrar correntes, de remar para a frente, sinto-me estagnada. Com muito trabalho pela frente, eis que decido cortar algum desse trabalho. Pela filha. Pelo marido. E assim que se apanha livre da obrigação de ficar em casa, eis que o marido resolve usar esse tempo para aceitar turnos, sem perguntar, sem consultar.

 

Estou furiosa.

 

Não me venham dizer que não pensou, que não tinha alternativa. Se eu ainda estivesse a trabalhar, ele teria de dizer que não. Mas tomou-me por certa, achou que o facto de eu estar em casa no 'nosso' dia lhe dava o direito de aceitar o tal turno, sem dar cavaco a ninguém. Pior ainda, foi descobrir isto por portas e travessas, não por ele. Diz-me sempre que nunca sabe para onde vai trabalhar todos os dias, senão às 10h da noite... Exacto. Acredito em tudo o que ele me diz agora (ironia).

 

Estou cansada. Tenho saudades de casa. Saudades do que era meu, só meu, que ninguém mais conhece a não ser eu e um grupo restrito de pessoas - as pessoas que me fizeram bem, e algumas que me fizeram mal mas das quais não guardo qualquer rancor. Porque as pessoas que me fizeram mal, fortaleceram-me. Agora quando uma pessoa que confiamos, com a qual partilhamos a nossa vida, os nossos momentos bons e menos bons, quando essa pessoa nos atraiçoa desta maneira, esquece os compromissos que fez, não honra a palavra, então a facada nas costas mata. A pressão do choro vive na cabeça, em cima, e nos olhos, vermelhos, doridos.

 

Sinto-me sózinha e estou rodeada de pessoas, amigos que me querem bem. No entanto, a pessoa que deveria olhar por mim é aquela que mais me decepciona. Essa pessoa, o meu marido, é aquele que corta a minha liberdade, destroi o sentido de lar e família, por um emprego desqualificado onde ele acha que pelo facto de lhe passarem um iPhone 5S para as mãos é sinónimo de ter de lamber as botas a uns tantos e esquecer que o compromisso com a família é bem mais importante e não tem preço.

 

Estou magoada. Muito magoada. Porque não me disse. Porque me escondeu. Porque não teve coragem de defender o nosso tempo em família, porque no dia que era para ser nosso, é também dia da mãe por estes lados.

 

Tenho saudades de casa. Saudades do que era meu, só meu, que ninguém mais conhece a não ser eu e um grupo restrito de pessoas - as pessoas que me fizeram bem, e algumas que me fizeram mal mas das quais não guardo qualquer rancor. Pelo menos dessas pessoas eu não tinha expectativas, e portanto tudo o que veio delas passou.

 

 

10
Jun11

Triste

Little Miss Sunshine

Uma das razões porque eu deixei de escrever aqui tem a ver com o meu marido. Um dos desabafos que eu por aqui escrevi quase acabou com o meu casamento e eu senti que deveria deixar de escrever por aqui durante um tempo. Entretanto, os dias foram-se tornando meses e parece que me distanciei deste blog mais do que gostaria. Na verdade, o facto de ter este blog ajudou-me muitas vezes em tempos de incerteza e tristeza, e ajudou-me a conhecer-me melhor como pessoa, através da re-leitura dos meus posts. Por isso foi muito difícil ter de escolher entre este meu mundo, da qual eu sou personagem há quase 7 anos, e a minha pequena família que só começou há dois.

 

Mas eu tive de escolher, numa altura de grande fragilidade, eu grávida, ou era isto ou o meu marido. Escolhi o meu marido para bem da minha filha, mais do que para o meu próprio bem. Não me levem a mal, eu amo o meu marido, mas há certas coisas que eu tive de mudar na minha personalidade para poder levar a vida que hoje levo, opções que eu tive de tomar e que nem sempre senti que eram as opções certas para mim, mas sim as opções certas para que a minha pequena família não se desmoronasse diante dos meus olhos.

 

O meu marido faz hoje 36 anos. Esta deveria ser uma data especial, de alegria, um dia de comemoração. Mas cá estou eu, em casa, sózinha com a minha filha. Depois de lhe ter dado a prenda de anos esta madrugada, e de lhe ter desejado os parabéns, não recebi um beijo, não recebi um obrigado... Isto fez-me pensar... Ando eu a sacrificar partes da minha vida que me são importantes, que são parte de mim (como este blog) por uma pessoa que não valoriza certas acções de afecto de minha parte...?

 

Ontem levantou-me a voz, com uma atitude de quem não quer saber, e eu acabei por ir para a cama mais cedo, a chorar, para dar de mamar à filha, e com uma sopa apenas no bucho... Tudo porque ele fez algo errado (deixou sair o gato de casa, e nós temos duas portas da entrada, mas ele tinha de deixar as duas portas abertas, sabendo que o gato estava a recuperar de uma cirurgia e da outra vez que esteve na rua desapareceu por 2 semanas e meia!!) e não admitiu. Destrata verbalmente os animais, como se a culpa fosse minha. Eu sou responsável, eu não falho com comida, vacinas, veterinário!! Eu amo os meus animais e ele detesta-os por isso mesmo, porque eu os amo tanto. E os nossos animais foram sempre ponto de desacordo entre nós, levando-me muitas vezes a pensar que se eu soubesse a posição dele face a ter um cão e um gato talvez nunca me tivesse casado com ele, porque para mim, uma casa sem animais é uma casa triste e infeliz.

 

Para piorar, ainda atirou umas bocas, com desdém, que ele estáva cansado do trabalho - eu acredito que esteja... Mas quando eu lhe disse que a minha vida em casa também não era fácil, fez um ar de cinismo e com sarcasmo, lançou um esgar, como se o trabalho dele fosse realmente pior do que ficar em casa... Pois a minha vontade foi deixar-lhe a filha e voltar eu ao trabalho, para ele ver o que é bom.  Mas ele ainda não tem mamas que produzam leite, o mal é esse... Será que ele sabe que,  desde que ela nasceu em Março que eu não durmo uma noite seguida!? ELE NÃO ACORDA DE NOITE para nada... Desde MARÇO que eu não tenho uma FOLGA, um dia de descanso para jogar PLAYSTATION, ou fazer aquilo que ME APETECE, como ir a um barbecue de amigos. Ele fez isso tudo...

 

Todos os dias, ainda tenho que fazer almoço e jantar, senão o meu leite não é bom e a filha fica rabujenta, e pode até perder peso. Ele acha que está a fazer muito por mim deixando o meu pequeno almoço na mesa de cabeceira todos os dias? Não é por mim que o faz, é pela filha - porque se eu como bem, a filha bebe um leite mais nutritivo logo pela manhã. Esta semana nem tenho almoçado de jeito e eu bem vejo como a filha anda rabujenta e dorme mal. Tento ao máximo fazer o que posso em casa, entre as sestas da menina, e é raro ter um tempo de descanso para mim. Passo o dia sózinha, muitas vezes sem falar com ninguém. Quando saio com as minhas amigas, umas duas vezes por semana, ele acha que eu estou na boa vida, mas na verdade só muda o meu cenário. Tenho de mudar fraldas na mesma, dar de mamar na mesma, acalmar o choro da filha na mesma... O cansaço é até maior porque estou fora do meu ambiente.

 

Por isso, como ousa ele dizer que está cansado do trabalho, quando dormiu uma noite inteira, e ainda pode dormir uma sesta quando chega a a casa? Estou tão furiosa com ele que só quero ir para Portugal, dar um tempo e esquecer a minha vida aqui, porque sinceramente eu estou sem paciência para a vida de casal nesta altura. Na verdade desde que a filha nasceu que nós somos um casal na teoria, porque eu não consigo sequer pensar em olhar para ele de outra maneira enquanto eu não conseguir descansar aquilo que eu preciso. Eu ando exausta. E irrita-me quando me dizem para eu não levantar ondas, porque eu só me chateio se me falarem mal, como ele fez. Não foi ter deixado o gato sair que me deixou incomodada, foi as coisas que ele me disse e a maneira como ele me as disse que me deixou triste.

 

Por isso, hoje, estou sem vontade de celebrar este dia especial para ele. Que contraste. O ano passado foi um dia super-especial. Este ano, é um dia para esquecer.

24
Out10

Mantendo as aparências...

Little Miss Sunshine

Há pessoas que conseguem guardar tudo para elas, manter partes do seu mundo privadas e escondidas dos outros. Eu tenho que ser sincera, nunca fui muito boa a guardar coisas para mim - segredos dos outros, sim... Mas no que diz respeito à minha vida, fui sempre um livro bem aberto, pois acho que guardar as coisas para mim só me faz sentir pior... Tipo uma panela de pressão, que vai acumulando o stress, e um dia rebenta. Eu não sou nenhuma panela de pressão, porque gosto de soltar os meus desabafos sempre que me apertam no peito, e há quem ache isso de muito mau tom. Eu chamo a isso sobrevivência. Não quero voltar a 1999, quando fiquei com uma depressão debilitante que me tirou do meu trabalho durante mais de 2 meses, e me colocou à mercê de antidepressivos e ansiolíticos.

 

Já faz algum tempo que não vinha aqui. Em parte devido ao excesso de trabalho, que agora com o início das aulas se acumulou vertiginosamente. Ando a fazer muitas vezes dias maiores que 12 horas, durmo 4-5 horas por noite, e nem no fim de semana me escapo. A razão de eu ter aceite tanto trabalho prende-se com a necessidade de ter de assegurar dinheiro para as minhas contas enquanto estiver de licença de maternidade, porque a ganhar 500 libras por mês não vou muito longe. O meu marido também não ganha rios de dinheiro, e enquanto não tratar do National Insurance Number dele (apesar de eu pedir insistententemente para o fazer), não vou poder sequer pedir ajudas de custo para a renda da casa. Para complicar descobri há pouco tempo que terei de fazer um doutoramento se quero realmente seguir uma carreira no mundo académico, o que significa mais pressão adicionada aos já difíceis factores financeiros ligados a ter um filho, e um marido que nem sequer está registado como trabalhador - não tem contrato e nem faz descontos de imposto ou de segurança social.

 

Tenho muitas coisas na minha cabeça, todos os dias, desde que acordo até que me deito. Se nesta altura a pressão do trabalho é a mais forte, há definitivamente certas coisas na minha vida que não estão a correr pelo melhor. Graças a Deus a gravidez está a correr bem, mas o mesmo não posso dizer do meu casamento. Há dois dias que o meu marido e eu dormimos em camas separadas, e por mais que eu queira que as coisas resultem, aquilo que ele me disse antes de ir cada um para o seu lado fechou definitivamente a porta do meu coração para ele. Ele quer ser meu 'amigo'. Eu já lhe disse que se é para sermos amigos, então não quero continuar este casamento, não sou pessoa de manter fachada - ou é casamento, ou não é... e se não é, então adeus. Eu consigo perfeitamente gerir a minha vida (e a da minha filha que aí vem) sózinha.

 

Nesta altura, mantemos aparências, mas vos garanto que não sou mesmo desse tipo - ou isto se define ou ele bem pode agarrar nas coisas dele e ir-se embora. 'Amigos' eu tenho muitos, não preciso de mais um, ainda por cima um que more comigo e que me dê stresses e tristezas como ele me tem feito até agora. Fingimos que estamos juntos, quando de facto não estamos juntos - nem fisicamente, nem psicologicamente.  Isto porque pensamos de maneiras muito diferentes, essencialmente ele não entende a necessidade de tratar da regularização do nosso casamento em Portugal - o que significa que quando a nossa filha nascer, o nome da mãe dela no certificado de nascimento vai ser o meu nome de solteira.  Faltam 4 meses e pouco para a bebé nascer, e se ele em 6 meses não conseguiu tratar dos papeis, tenho a certeza que não é em quatro meses que vai conseguir tratar deles atempadamente - até porque só o processo no consulado demora quase dois meses. Resultado? Uma facada na minha confiança nele - já não acredito em nada do que ele me diz.

 

Não vou negar que tenho um génio difícil, mas isso é porque tudo na minha vida me custou a ganhar, trabalhei bastante e arduamente para chegar onde cheguei. Sinto muitas vezes que ter um parceiro é uma vulnerabilidade, porque sempre que estou sozinha consigo viver mais tranquila, não tenho depressões nem situações que me deixam fora do sério, nem medos de estar fora da lei - o controlo está certamente na minha mão quando estou solteira. Não me levem a mal, eu gosto de ter uma pessoa ao meu lado - mas não uma pessoa que pensa que lá porque assinámos papeis de casamento, o meu papel de mulher tem de se alterar para incluir a lida da casa, as lavagens de roupa suja, e cozinhar o almoço ou o jantar sempre que necessário for. Mais, não suporto ter de pedir que me façam coisas montes de vezes(como por exemplo limpar o bolor do tecto do quarto com lixívia, porque eu não queria tocar nesse produto OU no bolor enquanto estou grávida)  e acabar sempre eu a resolver a situação - e sim, sou eu que limpo a caixa do meu gato.

 

Talvez esta rebelião interior que eu sinto neste momento tenha a ver com as hormonas da gravidez - mesmo assim, não acho que por ter casado o meu papel de mulher deva mudar. Até porque eu não sou uma mulher qualquer - eu sou uma mulher moderna, com uma carreira pela frente, e o meu trabalho é tudo para mim. A minha família é prioridade, mas por isso mesmo é que eu estou a trabalhar que nem louca, para poder manter os pagamentos das minhas contas e da minha parte da renda da casa, para poder comprar as fraldas, e o que quer que seja que a minha filha precisar. O dinheiro que o meu marido ganha mal dá para a parte das contas dele, quanto mais para esse tipo de encargos. Nesta altura, o meu trabalho é o que nos permite, como família, viver sem sobressaltos financeiros de maior, mas para além disso dá-me uma realização pessoal como eu nunca senti antes. Eu vou a sorrir para o meu emprego, eu fico feliz quando posso partilhar o meu conhecimento com os meus alunos e vice-versa. Mesmo que o meu dia esteja cheio de problemas, eu vou para a universidade de coração leve. É quando chego a casa que o coração me começa a pesar, e que as nuvens se começam a amontoar. Não, eu já não gosto de vir para casa, a casa para mim virou prisão.

 

E depois não é só isso, eu venho para casa, e não me sinto respeitada cá dentro. O marido ajuda a lavar a loiça, e pouco mais faz do que isso. Se o jantar não está pronto, acusa-me de o fazer passar fome, não repara que muitas vezes eu estou enroscada no meu próprio trabalho, a resolver complicações que precisam de ser resolvidas. Espera que eu esteja sempre disposta e alegre - não compreende que os meus dias começam às 7h da manhã e acabam muitas vezes para lá da meia-noite. Para além desta pressão entre a vida doméstica e a vida profissional, emergem-se incertezas em relação ao futuro. Cada vez me sinto mais desapoiada, e apesar de ter amigas que ouvem os meus lamentos, elas também têm a vida delas... O apoio familiar está em Portugal - um perto que é muito longe, principalmente naquelas noites em que as lágrimas caiem mas ninguém parece querer atender o telefone para me acalmar e dizer que tudo vai ficar bem.

 

E eu acabo sózinha num quarto a analisar o que foi que correu mal desta vez, e tentar encontrar saídas para esta prisão onde me encontro, e o silêncio é ensurdecedor. Quando a minha filha nascer, eu vou ter ela para abraçar e para me dar força. Até lá, tenho um marido que é tudo menos um marido - pois não entende que aos 5 meses de gravidez, com a carga de trabalho e de incertezas que eu tenho todos os dias, é difícil sorrir. Um marido que quando me leva a passear é sempre para ir ver a família dele, e normalmente isso implica quase 2 horas de viagem numa carrinha desconfortável e muita fome durante o dia, pois nunca pára para me dar de comer. Eu já decidi que com ele não vou mais para Londres.

 

Tenho um marido que sabe o nível absurdo de trabalho que eu tenho, e apesar de estarmos chateados um com o outro, traz família cá para casa para me dar trabalho, porque tenho de fazer sala, jantar, etc... Não que eu não goste de ter cá a família dele, mas desta vez deu-me a sensação que ele o fez para evitar conflitos de maior, ou para provocar ainda mais conflito, porque esqueceu-se que eu não posso dar atenção a ninguém quando tenho de criar um exame, dois testes de avaliação e um relatório PARA ESTA SEMANA. Não lhe perdoo. Não lhe perdoo a falta de consideração, a falta de atenção. Estou farta e não tenho paciência. Eu já tenho de tomar conta do ser que está dentro de mim, e esta crise entre mim e o meu marido dá-me vontade de sabotar tudo o que tenho, inclusivé a minha filha, porque acho que ele não merece ser pai quando nem sequer sabe ser um bom marido. Deus me perdoe, porque ontem fui para a cama sem comer. E hoje pouca fome tenho. Mas a verdade é que a minha filha não pediu a ninguém para ser criada, ela existe porque eu quis que ela existisse, e por isso mesmo a partir de hoje vou por ela à frente de tudo e de todos. O meu marido não merece muita coisa, mas a minha filha não merece ser colocada no meio destas disputas estúpidas.

 

Um casamento pode acabar de um dia para o outro, mas um filho dura para sempre, e por isso tudo o que tenho é e será sempre para a minha filha... Chega de injustiça.

10
Fev10

Casada!! *Oficial e Legalmente*

Little Miss Sunshine

Estou muito feliz. Quando ele me mostrou a certidão do casamento pelo messenger fiquei contente, porque este é o primeiro passo para ter o meu maridão mais perto. O próximo  passo é para a semana já, quando ele for ao Rio de Janeiro meter os papeis para o visto, e tirar os dados biométricos. E depois é cruzar os dedos e esperar que lhe emitam o visto o mais rápido possível para que ele possa vir para pertinho de mim...! Mmmh! Que saudade......!

 

As coisas começam a compor-se e a caminhar na direcção certa...

 

Já estava na altura!

 

 

HAPPY!!

 

 


 

19
Jan10

Férias felizes e a volta ao trabalho...!

Little Miss Sunshine

Cá estou eu de volta ao Reino Unido, e já tenho uma batelada de exames para corrigir, até quinta-feira,  entre reuniões para resolver questões com os cursos de Singapura e das Ilhas Mauricias... Mais... pelo meio,  ainda arranjar  tempo para planificar as aulas para o semestre que vem e prestar apoio a Consultadoria. Só voltei ao trabalho há dois dias, mas agora vejo bem aquilo que trabalho todos os dias naquela universidade! Foi só tirar um mês de férias para o meu trabalho acumular até ao tecto...

 

Este fim de semana nem sequer vou ter tempo para descansar porque tenho outros 20 trabalhos para corrigir, e na semana que vem vou começar um curso de desenvolvimento profissional (CPAD) que me vai durar 10 semanas, o que quer dizer que vou ter que me organizar bastante bem se quiser tirar o máximo proveito (e dinheiro) da minha situação profissional... E quem disse que quem corre por gosto não cansa, estáva enganado... Ando completamente partida, este ritmo de trabalho já não é para mim, a minha resistência já não é o que era... Mas adoro o que faço!  Só que...

 

*Suspiro*

 

...Nem acredito que estou aqui, de volta ao tempo cinzento e frio Inglês... Ainda na semana passada estava eu com o meu amor, no calor maravilhoso do Brasil, com a minha nova família, a trocar juras de amor eternas e alianças simbólicas dessas promessas... E agora, depois de uma passagem super rápida pelo carinho e amor da minha família em Portugal, entre tantas viagens e países, eis estou de volta à minha casinha inglesa - mas estou sózinha até o marido meter os papeis para o visto e vir-se juntar a mim.

 

As férias no Brasil foram tudo aquilo que eu imaginei e muito mais. Não há foto minha sem sorriso, porque enquanto lá estive fui amada, bem tratada, e descansei, relaxei, e aproveitei para ser feliz, vivendo um dia a seguir ao outro... Posso dizer que há muito tempo eu não me sentia assim. Agora resta esperar que saiam os papeis do cartório e que ele trate do Visto que é para podermos iniciar a nossa vida a dois. E eu mal posso esperar para que esse dia chegue...

 

Mas estou consciente de que pode demorar entre mês e meio a quatro meses, dependendo do dia em que o Visto saír  - e se não houverem contratempos, porque ele ficou mais do que devia neste país antes de voltar ao Brasil... Se demorar muito, não sei se vou conseguir ficar sem o ver tanto tempo... Desde que cheguei ao Reino Unido esta semana de que sinto mesmo muito a falta dele, e apesar de falarmos todos os dias pelo msn, e nos vermos na webcam, não é a mesma coisa que dormir abraçadinha a ele, com as nossas pernas entrançadas, entre beijinhos e carinhos...

 

Talvez por isso também, eu me tenha envolvido em tanto trabalho, porque sei que se estiver ocupada nem vou dar pelo tempo passar. Mato-me a trabalhar para chegar a casa cansada e aterrar na cama, na esperança que o dia seguinte venha mais depressa. E depois tenho as amigas que visitam, e ainda vou fazendo a lida da casa, tratando da Daisy e visitando a outra metade da família que está deste lado... Tudo isso ameniza um pouco a dôr que é começar um casamento separados pela distância de um oceano.

 

Ficam de seguida as fotos mais bonitas, para morrerem de inveja!

 

A minha cunhada e eu...

 

Passeando na Praia de Caiobá no Paraná.

 

Na praia de Matinhos, Paraná, com a minha cunhada linda!

 

Passagem de Ano com o maridão a.k.a. Mr. Brazil...

 

Passagem de ano com a família do maridão...!

 

Na praia mansa, Caiobá, a beber um dos meus maiores vícios: àgua de coco verde...!

 

A regressar à praia depois de um passeio de barco.

 

Em Curitiba, centro, perto da paragem de autocarro tão original!

 

Um beijo cúmplice...

 

Perto das Capivaras no parque do Barigui, Curitiba.

 

Felizes e descontraídos no Parque do Tanguá, Curitiba.

 

A vista espectacular do Parque do Tanguá, Curitiba.

 

Na Ópera de Arame, Curitiba.

 

Momentos de cumplicidade na Praça do Japão, Curitiba.

 

No jardim botânico, Curitiba.

 

Felicidade estampada...

 

Feliz... ! Jardim Botânico, Curitiba.

 

 

Album de Fotos No. 1 ----  AQUI !!

Album de Fotos No. 2 ---- AQUI !!

 

Fotos do nosso Casamento --- AQUI!!

 

18
Dez09

Menos dois...!

Little Miss Sunshine

Ontem à noite nevou como se não houvesse amanhã... Só para terem uma noção do frio por estes lados, são 10h30 da manhã e estão -2ºC!! Está tudo branquinho em todo o lado, as escolas estão fechadas, a universidade também, e eu fiquei em casa. Ainda estou a recuperar da minha garganta, e não quero ficar pior!

 

Era para ir a Londres, para ir buscar umas últimas coisas para levar para o meu noivo, mas não me parece que consiga ir. As redes de transporte estão todas restringidas a serviços minimos, e ainda se prevê mais neve para o fim da tarde. Este é o primeiro ano desde que eu aqui moro (e já moro aqui há mais de 5 anos) em que neva durante Dezembro - normalmente a neve só vem lá para Fevereiro. Os Britânicos até fazem apostas para ver se neva no Natal, e acho que este ano estão com sorte!

 

E por falar em sorte, os documentos do Brasil chegaram ontem. Quando voltei a casa do trabalho, estavam à minha espera. Agora só falta aparecer a carta com a minha certidão de nascimento para podermos marcar as coisas como deve de ser. De qualquer forma, mandei um e-mail extenso ao cartório onde planeamos casar, com uma série de leis, porque disseram ao meu noivo que a procuração não é válida devido a uma cláusula de mudança de nome que já não se aplica na lei Brasileira.

 

Quando o meu noivo me disse isso, fiquei de coração partido, porque pagámos um bom dinheiro para fazer o raio da procuração, mais correrias entre notário e Consulado Brasileiro, e agora não a querem aceitar??!! Ah não!!  Lá fui investigar, e encontrei no código civil Brasileiro um artigo que é bem capaz de nos salvar a vida... E agora estou à espera da resposta deles...

 

Pedi também que as proclamas (editais) fossem dispensadas por motivo de urgência , algo também previsto na lei Brasileira. A lei Brasileira não especifica a urgência per se, o que quer dizer que vai depender da benevolência do juíz  aceitar a minha urgência como válida...e eu tenho esperança de que haja um pouco de compaixão por parte deles, considerando que já vai ser bem difícil viver sem o meu noivo durante os dois meses que seguem ao casamento... (Man! Eu devia ter sido advogada...!)

 

Nesta altura estou a torcer para que o nosso casamento ainda se realize enquanto eu estiver no Brasil...! É tudo o que eu quero.

 

O resto é história!

 

Vou ver se me aqueço, porque tenho o aquecimento no máximo, mas a casa está um gelo...!

 

 

09
Dez09

Burocracias, correrias e lágrimas...

Little Miss Sunshine

Casar com um estrangeiro não é fácil, muito mais quando eu própria sou uma estrangeira onde moro. Ter de depender do Consulado Geral de Portugal em Londres para obter um documento específico que ateste o meu estado cívil e a minha capacidade matrimonial é tão frustrante e tão difícil (para não falar do tempo que demora: 1 mês no mínimo!!) que se eu não estivesse convicta de ter encontrado o homem da minha vida acho que já tinha desistido. As marcações não são flexíveis, a lista de documentos (meus e do meu noivo) a apresentar é interminável, e eu só quero que me passem um papel a dizer que sou solteira e que sim, posso casar!

 

Nunca casei! Sou solteiríssima como vocês todos sabem. Isso está declarado no meu BI, na minha certidão de nascimento (que está sem averbamentos nupciais), no meu passaporte... na declaração do meu trabalho, na declaração do council tax, na declaração do  imposto... então qual é o problema de me emitirem ali, na hora, uma declaração a comprovar o que os meus documentos legais já comprovam?

 

É só mesmo para chatear!! Até porque aquilo que eles querem é que eu meta os papeis no Consulado como se fosse casar lá, e tem de ir a edital, quando na realidade eu só preciso de um papel que ateste o meu estado civil de solteira para que eu depois possa meter os papeis no cartório do Brasil! E com isto perdem-se quase dois meses (1 para a emissão do documento, e 1 de edital no Brasil após metermos a papelada) ... isto se as coisas correrem bem, claro!

 

Mas há mais... não são só os trâmites legais das coisas que me massacram dia sim, dia sim! São também as correrias entre o Consulado Português e o Consulado Brasileiro em Londres, para carimbar documentos de forma a que estes tenham validade no Brasil. É o dinheiro que se gasta para fazer tudo isso, e ter que controlar a validade de alguns documentos, pois podem expirar mesmo antes de conseguirmos obter os outros todos que faltam...  E é a paciência e a espera... Os documentos andam entre o Brasil, Portugal e Reino Unido, atrasados em dias porque com o Natal à porta já se sabe como funcionam os correios...

 

Mas o mal não é só do Consulado Português aqui... Confiei no portal do cidadão para me mandarem uma certidão de nascimento de Portugal,  já pedi a certidão há um mês e  a mesma ainda está 'em processamento'...  Tive de chatear os meus pais para me mandarem as coisas, e claro que não posso esperar que eles tenham a mesma urgência que eu, e por isso as coisas nunca chegam a tempo e horas, e a correria tem de começar de novo, do princípio, do zero...

 

Juro que ultimamente me sinto uma autêntica bola de ping pong, e se soubesse o que sei hoje tinha era contratado uma assessoria ou solicitador para me tratar destas porcarias!! Mais, não sei porque é que as pessoas não facilitam, porque mesmo dentro da lei há sempre possibilidade de encaixar uma 'can do attitude'... Felizmente para mim,  o Consulado do Brasil em Londres teve sempre esse tipo de atitude para comigo: sempre facilitaram, sempre aconselharam, nunca disseram que não. Cinco estrelas! E o de Lisboa é igual, porque dos emails que troquei com eles foram sempre super prestáveis e simpáticos, e sempre levaram em consideração os meus pedidos.

 

E claro, com uma experiência destas até dá vontade de renunciar à minha nacionalidade (Portuguesa) e meter os papeis para me tornar numa cidadã Brasileira ASAP!! É que não tenham dúvidas, aqui os Brasileiros têm muito mais apoio do consulado deles do que nós, portugueses, temos do nosso consulado.

 

Preciso de um milagre!

 

24
Mar09

Notice of Marriage

Little Miss Sunshine

Foi hoje, pouco depois das 9h da manhã, que eu e o Siddharth demos início ao processo do nosso casamento... Agora é que a porca torce o rabo... Eis o nosso plano para os próximos meses...

 

-  Em Abril temos de despachar os convites, com contactos de Hoteis para família e amigos que vêm de Portugal e da India.

-  Em Maio temos de organizar as coisas para o copo de àgua e pagar depósitos e afins.

- Em Junho temos de mudar de casa, mas antes disso temos de ir a Portugal para o casamento do mano...

- Em Julho tenho de arranjar o meu vestido e temos de começar a ver das alianças.

- Em Agosto temos de começar a ver de luas de mel e pagar a cerimónia e a sala no Registo (bye, bye 15 dias de sol em Portugal)...

- Em Setembro temos de comprar as alianças e marcar a lua de mel (França, Holanda, India ou NYC)!

- Em Outubro, dia 10, casamos... e provavelmente entramos em falência colectiva também.

 

Ai, Ai...minha mãe... 

 

 

23
Ago08

Casamento

Little Miss Sunshine

 

Os melhores amigos do Sid estão oficialmente casados. Um casou em Janeiro, na India. O outro casou hoje no registo civil (o casamento indiano está marcado para Fevereiro). Como manda a tradição, as senhoras foram de Sari e os senhores de fatinho! Não está bem o meu menino?

 

 

16
Mar07

Como é que sabemos?

Little Miss Sunshine

Como é que sabemos que aquela pessoa é a pessoa certa? Como é que sabemos que vamos passar a vida toda com essa pessoa e ser felizes? O que é que nos diz que é a pessoa certa para casar, o que é que se sente? E se não for a pessoa certa? E se a pessoa certa está algures, à tua espera?

Por exemplo, hoje de manhã a minha gata escapou-se do meu quarto e, apanhando uma janela aberta saltou ao encontro do angorá amarelo que ansiosamente a esperava cá fora. Claro que eu fui logo atrás e resgatei a desgraçada entre palávras de má ordem. Não teria sido tão mau se eu não tivesse de saltar pela janela, porque a porta estáva trancada... Escusado será dizer que já fiz a minha ginástica diária!

Como é que ela, estando ausente da vida exterior desde que nasceu, sabe que precisa de um gato, daquele gato para a cobrir (ela está estupidamente com o cio). Pronto, talvez não seja o melhor exemplo, porque as gatas vão com todos quando estão nessa situação... Mas o que eu descobri recentemente é que as pessoas casam porque precisam de estabilidade e porque na altura acharam que aquela pessoa era a pessoa certa. Os meus pais quando casaram acharam que eram as pessoas certas um para o outro... A minha chefe do trabalho também... E acabou tudo em divórcio, com todos a admitirem (mesmo sem ser em campo aberto) de que não voltariam a casar.

Não tenho teorias porque na minha experiência de vida já vivi de tudo. Já me apaixonei violentamente, medianamente, mesmo nada. Já acreditei piamente, confiei cegamente, aterrei com a cara no chão de verdade, e no fim acabei sempre a lamber as feridas, umas maiores que outras. O amor que eu dizia sentir nos meus tempos de teenager nesta altura não existe mais. Já não sinto aquele calor a vir por mim a cima, as mãos a tremer ou a suar, a cabeça a andar à roda, nada... Em vez disso sinto respeito, admiração, uma amizade muito particular e vontade de ver a outra pessoa bem.

É isto que as pessoas dizem que é o amor? Porque para mim estes sentimentos são novos. Nunca contruí nenhuma relação por amizade, foi sempre por atracção física. Mesmo o F., com quem namorei quase 3 anos e pensei até que acabaria a minha vida ao lado dele, a relação começou com um "Então já não se fala aos amigos" numa sexta-feira à noite, depois dele ter cortado o cabelo e se ter tornado num ex-heavy com atributos de top model.

Com o Sid foi diferente. Ainda a recolher os pedaços de coração espalhados pelo caminho da minha vida, ele esteve lá para me amparar quando o M. acabou comigo. Ele esteve lá quando o outro M. me usou e me deixou assim, sem mais nem menos. Ele esteve lá para limpar as minhas lágrimas e nunca me deixou sózinha à noite. Ele ajuda-me em tudo o que pode, só para me ver feliz. Ele vai comigo a todo o lado só para não me deixar sózinha.

O que mais me preocupa é o facto de eu não saber exactamente o que fazer. Temos falado de casar e por mais que essa ideia me fascine, também me aterroriza completamente. E se ele não for a pessoa certa? E se der para o torto? Não quero ser mais uma estatística, queria poder ter a certeza, mas pelo que vejo ninguém tem totalmente a certeza. Relações que duram anos, assim que terminam em casamento, parece que se extinguem em menos de um mês.

No fundo acho que todos temos medo. Temos muito medo de falhar. E porque uma relação nunca depende só de nós mesmos, a possibilidade de falhar é 50%. É a falta de control que muita gente precisa para se sentir segura (e eu não sou excepção). Será por isso que numa relação há sempre uma pessoa que veste as calças e outra o vestido? Se sim, eu sou certamente quem veste as calças em 85% das vezes.

E vocês, o que acham? Como é que sabemos que aquela pessoa é a ideal? Como é que eliminamos as dúvidas e assumimos que o parceiro que nós temos e escolhemos é a pessoa certa para passar  juntos o resto da vida? Como é que sabemos?

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