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E o céu azul brilhará...

Diário de uma académica portuguesa em Londres

E o céu azul brilhará...

Diário de uma académica portuguesa em Londres

15
Fev09

Bolas, pá! Nem aqui!

Little Miss Sunshine

Ontem estáva mesmo lixada porque o meu rapaz esteve a trabalhar o dia todo e eu não pude passar o dia dos namorados com ele. O Sid só voltou às 7h da tarde do trabalho, e nós ainda celebrámos 'a noite' dos namorados juntos... mandámos vir uma pizza, alugámos um filme na cabo, e estávamos no relaxe e no romance quando fui interrompida pelo meu housemate tuga que, sabe-se lá porquê, resolveu discutir contas de gás e luz, métodos de poupança, etc, etc...  às 10 da noite...a meio do nosso filme... Que EMPATA!

 

Eu e o Sid quase que lhe diziamos para ele se mancar! Mas ele estáva visivelmente com os copos, e para evitar chatices lá acenámos com a cabeça, dissemos-lhe que falávamos todos juntos quando a Sara - a minha amiga espanhola - estivesse em casa, porque ela também tem dizer na matéria e não é justo estarmos a levar com ele só porque estamos em casa! A porta estáva fechada... Será que é preciso ligar um filme porno a altos berros para ele perceber?

 

Foi totalmente inapropriado vir ao nosso quarto às 10h da noite do dia dos namorados, discutir esse tipo de coisas, especialmente sabendo que eu e o meu gajo estivemos o dia todo sem nos vermos! Lá porque ele não festeja este dia, e lá porque moramos juntos, isso não lhe dá o direito de perturbar a nossa celebração...

 

E isto não é de agora...no outro dia fez uns comentários completamente fora de tom sobre a minha relação com o senhorio e com o Sid!!!... Cheguei eu cansada do trabalho, depois de um dia em que até tive de lá ficar depois da hora de saída, estáva a cozinhar para o Sid na cozinha (o Sid estáva no trabalho e vinha tarde) e ele começa-me a dar um grande sermão - mas um grande sermão mesmo - como se fosse o Sr. de todo o conhecimento, só porque já foi casado, e já esteve envolvido com gajas de várias culturas e diferentes extractos sociais, blah, blah, blah... (todas europeias, tenho de dizer)... Eu não moro com os meus pais desde 2004, e agora tenho um gajo armado em 'pai' a morar comigo??? Desculpem lá, mas eu não me meto na vida de ninguém, por isso agradeço que não se metam na minha vida, não é!???

 

Começou por dizer que o meu senhorio me estáva a aldrabar, que há casas em Hatfield iguais a esta onde moramos por £800 por mês (yeah, right...), e que eu não devia continuar com o meu senhorio porque ele me vai cobrar montes de dinheiro... Etc, etc...

 

Uma nota de informação: o meu senhorio abriu-nos (a mim e ao Sid) a porta de uma de suas casas QUASE DE BORLA porque eu e o Sid não tinhamos para onde ir em Junho 2007, quando o nosso antigo senhorio vendeu a casa onde estávamos e nos deu 1 mês para arranjarmos outro sítio qualquer... O meu senhorio esteve sempre do nosso lado quando os gajos que moravam comigo antes não pagaram as contas, fumavam na casa e se viraram contra nós... O meu senhorio não pediu dinheiro ao meu 'amigo' tuga fala barato para o depósito do quarto dele, e está a incorrer prejuízo - mas não se queixa. O meu senhorio nunca me deixou na mão, a casa está sempre a ser mantida por ele, principalmente quando há problemas de maior...

 

Eu tive uma experiência muito má com os meus outros senhorios. Desde ficarem-me com os meus depósitos sem nenhuma razão, até me levantarem problemas legais com contas que eu paguei (algo fácilmente comprovado pelos meus recibos e correspondência de email) e passando por venderem a casa e não dizerem nada a ninguém até termos de sair à pressa... aconteceu de tudo! Nesta altura posso dizer que tenho uma sorte do caraças e não me importo nada de pagar o que fôr para continuar com o mesmo senhorio, aqui ou em qualquer outro lado!

 

Mas voltando aos comentários de mau gosto... O meu 'amigo' tuga continuou o meu massacre psicológico ao passar do senhorio para o Sid, e às tantas eu estáva a dicutir a minha vida PRIVADA com ele... Começou por dizer que eu não amava o Sid, que as coisas entre nós nunca durariam, que se eu estáva a pensar em casar e ter  filhos com o Sid então que pensasse bem porque esta relação nunca vingaria... que isto e que aquilo... Estive mesmo para lhe perguntar: Eu meto-me na tua relação com a tua mulher por acaso? Não!  Então está caladinho!

 

O gajo não mora aqui nem há um ano ainda, e acha que conhece a minha relação com o meu gajo 'inside out'? Só porque o ano passado foi um ano para esquecer, em que as coisas andaram mesmo mal para os dois? Não me parece! Eu moro com o Sid vai fazer 3 anos em Setembro, nós conhecemo-nos em Março 2006. Ele não sabe 1% da minha vida com o Sid, e achei de muito mau tom o tipo de comentários que ele fez a respeiro da minha vida a dois com o meu parceiro.

 

Lá porque eu não tenho, como ele, um papel assinado a dizer que somos marido e mulher, não quer dizer que sejamos menos ou mais do que eles... Naquela altura, eu calei-me para evitar tempestade, porque já me peguei com ele uma vez e sinceramente não estou para ter discussões no meu tempo de descanso - tenho muita merda com que me preocupar, muitas coisinhas para fazer...

 

Mas tenho de dizer que nem eu nem o Sid o vemos com bons olhos, e nesta altura eu até evito falar com ele - bom dia, boa tarde, é tudo o que leva de mim. Estar com os copos não o abstém de culpa, e os comentários azedos que ele faz começam a virar-se contra ele, porque eu sei que não sou a única a achar que ele é inapropriado (quando bebe).

 

20
Jul07

Falta de Comunicação

Little Miss Sunshine

Hoje, num momento de solidão, pensei muito acerca do que tenho, e daquilo que me rodeia. Cheguei à triste conclusão de que, muitas vezes, o mundo onde estou inserida está cheio de lacunas, sendo a maior delas a falta de comunicação entre outras pessoas e eu. Nunca fui muito social, e estou convencida que, se tive muitos namorados quando era mais miúda, isso tinha a ver com o facto de ser loirinha de olhos verdes e magríssima, o que fazia de mim a pessoa ideal para mostrar aos amigos.

 

Assim, no emprego, recuso-me a demonstrar o meu desagrado quando estou descontente com algo. Guardo só para mim a inquietação, a frustração e o sofrimento de estar a fazer algo que detesto - mas que tenho de fazer para poder completar o meu mestrado. Tenho medo muitas vezes de ser desagradável, medo que a panela de pressão rebente e com ela, a estabilidade profissional (mesmo que a mesma seja provisoria até algo melhor aparecer pelo caminho)... Preciso do trabalho e sujeito-me muitas vezes a situações e a coisas que me arrepanham a pele, que me deixam de monco caído e me fazem chorar, berrar, revoltar com o mundo mais próximo - o meu companheiro...

 

E depois, tal como um ciclo vicioso, começa tudo outra vez. Não se fala, assiste-se cada vez mais a televisão, joga-se cada vez mais a jogos de computador, dorme-se. Um quarto que estava cheio de conversas alegres, outras nem tanto... agora está muitas vezes vazio de conteúdo, de vontade, de desejos. E enquanto pensava nesse vazio, pensei também do quão diferente a minha vida se tornou daquilo que eu queria, daquilo que eu esperava. Se fui muitas vezes além das minhas possibilidades, na minha relação acho que as coisas andam muito aquém das minhas expectativas.

 

Talvez seja a falta de comunicação que ultimamente se instalou entre nós. Acordamos, vamos ao ginásio, muitas vezes fazemos esse caminho calados. Chegamos a casa, tomamos duche, almoçamos e depois passamos a tarde ou agarrados ao computador, ou a dormir. Não há intimidade, não há afecto, carinho. Pergunto-me onde foi tudo isso. É suposto ser assim? Uma relação é suposto transformar-se numa rotina sem nexo ou sentido?

 

Por muito que respeite e ame o meu namorado, há muitas questões em aberto na nossa vida, e maior inactividade. Será que em miúda li muitos livros da Danielle Steel ao ponto de me ter tornado uma romântica irremediávelmente perdida? Sempre achei que numa relação sincera, o fogo não desaparece, a chama fica sempre acesa. Mas apesar de olhar para o meu companheiro vezes sem fim, e vezes sem fim o achar extremamente atraente, nós simplesmente não conseguimos comunicar.

 

De há alguns meses para cá então ele começou a responder-me, a levantar-me a voz, e a ignorar-me com maldade mesmo quando a minha vontade é gritar porque lhe disse mais de 200 vezes que o tampo da sanita é para baixo, que o chuveiro é para ser desligado depois do uso (é electrico), que eu preciso de ajuda porque não é só roupa lavada e comida na mesa... Eu não sou empregada doméstica, e muito menos trabalho num hotel...

 

E por muitas vezes nos acomodamos às situações e nos deixamos levar, um dia depois do outro, sem grandes expectativas para o futuro. Quando ele discute casamento, parece muitas vezes que está a falar de um chocolate qualquer que ele pode ir ao supermercado buscar só para me ver sorrir. Mas o problema é que eu me apercebi que já nem essa perspectiva me faz sorrir. Será que é ele mesmo o meu par ideal?

 

O que me garante que ele é? Porque nesta altura eu tenho muitas dúvidas acerca do meu futuro. Depois de acabar o mestrado, não sei para onde vou ou com quem vou. Mas garanto-vos que por boa pessoa que o meu Sid seja, ele é muito inexperiente nestas coisas do amor, e eu tenho expectativas demasiado altas para que um novato nestas andaças se aperceba.

 

Ultimamente, faz-me mais mal estar aqui presa, noites a fio, sem companhia, sem uma palavra amiga. É tudo à base de cobranças, desentendimentos, chatices e falta de compromisso. Não há uma certeza, só algumas incertas realidades as quais ele nem se quer se dá ao trabalho de resolver antes da chatice acontecer. Ainda estamos à espera do passaporte dele. E se não vier esta semana, eu vou para Portugal sózinha.

 

Se isso acontecer, então não adianta reparar um mal que já está mais que anunciado. Sinto que posso encontrar um homem que me faça o coração entrar em ebulição, que me dite as regras sem me as impôr, que me deixe segura sem medo do futuro. Um homem que não promete o que não pode cumprir, mas que é suficientemente maduro para me poder oferecer um estímulo mental diferente daquele que hoje tenho.

 

O Sid tem sido uma lufada de ar fresco na minha vida, mas acomodou-se. E o meu coração já não chama por ele tão fortemente como antes. Se as coisas continuam assim, então eu recuso a aceitar que a minha vida afectiva (e eu) se (me) torne em mais um dado adquirido.

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