Propinas, qualificações estrangeiras, e o preconceito Português face às mesmas.
Este post vem no seguimento de um comentário deixado por um leitor do Blog que se encontra em terras Bitânicas, e que devido ao desenrolar de varios acontecimentos políticos e económicos no País, se viu confrontado com um dilema em muito justificado. Porque eu acho que muitos de vocês poderão estar na mesma situação, decidi publicar um excerto da minha resposta, pois acredito que o péssimismo existente face a esses acontecimentos em nada deve afectar os vossos sonhos...
Propinas:
As propinas vão certamente aumentar em 2011, porque isso acontece quase todos os anos. No entanto, o governo normalmente põe um cap (um limite máximo) que as universidades podem cobrar aos seus alunos. Infelizmente nesta altura isso nem sequer está a ser considerado. Claro que com os cortes orçamentais que o Reino Unido atravessa neste momento, o sector do ensino superior é sem dúvida um dos mais afectados, pois sobrevive à custa de muitos subsídios e fundos governamentais para pesquisa e desenvolvimento. Metade desses subsídios, pelo que sei, foi cortado. E a única maneira das universidades repôrem esse dinheiro é aumentarem as propinas. No entanto eu não acredito que as mesmas subam de £3,000/ ano para £9,000/ano sem mais nem menos – seria uma diferença bastante acentuada e para ser sincera, os estudantes já mal têm dinheiro para dar £9,000 pelo curso todo (o qual dura normalmente três anos), quanto mais terem de pagar esse valor por cada ano de licenciatura.
Há muitas coisas a ter em consideração, e os 'Student Unions' (Associações de Estudantes) estão atentos ao desenrolar dos acontecimentos. Convém salientar aqui que as Associações de Estudantes têm um peso muito grande nas decisões internas das Universidades. Para já eu não me preocupava com as propinas. Importante realçar que cada universidade cobra um montante de propinas diferente (as propinas aqui não são uniformizadas como em Portugal), o que quer dizer que talvez compense fazer uma pesquisa de preços pelas universidades do país.
Reconhecimento das qualificações estrangeiras em Portugal:
Há uma grande confusão (e muita ignorancia) em Portugal no que diz respeito às equivalências dos cursos superiores tirados no estrangeiro, sejam eles em Inglaterra ou em qualquer outro país da UE ( e às vezes até fora da UE). Como provavelmente já é do vosso conhecimento, o ensino superior na UE agora é todo uniformizado graças ao processo de Bolonha. Isso significa que os cursos superiores tirados dentro da União Europeia têm a mesma validade, duração, conteúdos e nível de qualificação que os cursos superiores tirados em Portugal.
O que isto quer dizer é que em Portugal as qualificações do Reino Unido são obrigatoriamente acreditadas e aceites, de acordo com o que está escrito aqui. Para mais informações acerca disto, contactem directamente o NARIC, eles são responsáveis pelo reconhecimento de diplomas estrangeiros. Se estiverem a ter problemas com o reconhecimento da vossa licenciatura europeia, reportem a situação à União Europeia usando o site SOLVIT ou façam uma queixa formal usando os dados daqui.
Empregadores em Portugal & candidatos com qualificações estrangeiras:
Infelizmente é do meu conhecimento que a maioria de empregadores em Portugal tem um certo preconceito em relação a candidatos que tenham formação académica no estrangeiro. Na verdade, a maioria dos empregadores em Portugal ainda discrimina face à idade, experiência profissional, sexo, e religião de um candidato, portanto não me admira que o façam em relação a qualificações emitidas no estrangeiro. Apesar de haver legislação para minorar estes problemas, Portugal ainda está muito atrás da Grã-Bretanha no que diz respeito à igualdade e diversidade no local de trabalho.
Na verdade, este preconceito em relação a candidatos com qualificações estrangeiras prende-se com a geral falta de conhecimento que existe, e também com a necessidade que certas companhias/ empresas têm de cortar custos. Portanto inventam mil e uma desculpas para contratar pessoas altamente qualificadas por metade do custo. A minha perspectiva é simples: se o empregador não dá valor ao candidato que esteve três ou mais anos a investir na sua educação num país estrangeiro, a falar uma língua que não é a dele e a viver numa cultura que é estranha, então esse empregador não vale a pena, porque não reconhece que adaptabilidade, iniciativa pessoal e força de vontade (além de gestão de tempo e dinheiro) são qualidades importantes num trabalhador. Melhor fazer como eu, fiquem por cá – de dois em dois anos são normalmente promovidos e se forem mesmo bons naquilo que fazem, podem vir a ganhar muito bem 3-5 anos após terem terminado o vosso curso, numa empresa que vos respeita e valoriza como trabalhadores mas também como pessoas individuais.