30
Set08
Odeio não ter razão...
Little Miss Sunshine
Hoje estou de rastos. Acabada. Quase morta.
Vim trabalhar porque nao valia a pena estar em casa.
Eu e o Sid acabámos e ele esta a mudar-se de casa hoje. Parece que levei dois socos nos olhos de tanto chorar. Um dia planeávamos casar e ter filhos, agora só quero que ele saia de casa. Estou farta, chega de mentiras e decepções na minha vida.
Estou cheia de ódio, pelas acusações, pela falta de atenção, pela falta de entrega, pela falta de responsabilidade e de respeito por mim, pela falta de ser eu mesma. Senti saudades de casa, da mãe e do seu colinho, porque aqui estou sózinha e não há nada. Absolutamente nada nem ninguém.
Não gosto de quem sou quando estou com ele. Não sei se gosto dele sequer. Preciso de espaço para saber. Ou talvez preciso de espaço para voltar a respirar. Mas eu nunca o vejo, quando estamos juntos ele nunca está comigo, tudo é melhor que eu... Estou farta.
E eu preciso de alguém que seja estimulante e me faça sentir especial. Há muito tempo que eu não me sinto especial. Sinto-me mãe, irmã e empregada doméstica – não me sinto noiva, não me sinto namorada sequer.
Últimamente voam acusações que eu não quero ouvir já. Ele também tem muita raiva e ódio porque as coisas que ele diz não são coisas de quem ama alguém. São coisas de quem está frustrado, mas eu também estou. Não nos compreendemos, tornámo-nos diferentes. Ele não me consulta para nada e nunca segue o que lhe digo. Não colaboramos, não trabalhamos juntos, não somos um casal, porque cada um pensa com o seu umbigo. Eu admiti isso, mas ele não admite. Tornou-se num egocentrico, déspota, egoísta, cínico e mentiroso. Não aguento mais viver na incerteza de saber se ele vai desiludir-me ou não – quase sempre desilude. Não confio nele. Deixei de confiar nas palávras dele.
O que eu gosto, o que eu preciso, o que eu quero – ele nunca leva em conta. E eu acho que isso é muito grave. Que raio de futuro é este que ele me está a tentar oferecer? Agora, ele vai-se embora e eu vou andar com a corda ao pescoço, sem dinheiro para nada... Porque gastei as minhas economias com ele e não tenho nada... A renda vai-me aumentar o dobro. Mas tem de ser, ele tem de sair de casa, porque que raio de vida é esta em que o dinheiro mantém as pessoas unidas? – não o amor? Não a paixão e a confiança? Recuso viver uma relação por comodismo, puro e simples!
Eu sei que algo bom está reservado para mim. Porque eu batalho tanto e levo tanto embate da vida. Algo bom tem de estar reservado para mim... este sofrimento não pode ser em vão.
Sexta-feira tenho uma consulta com o psicólogo da universidade. Preciso de fazer anger management e preciso de sarar isto. Estou tão farta de ter gajos na minha vida que só me dão tristezas e que só me fazem mal.
Tenho medo de estar solteira aos 30, mas tenho mais medo de fazer uma asneira porque tenho medo de estar sózinha aos 30. Por isso mais vale só. Por muito que custe, ao menos eu sou senhora do meu nariz. Independência sempre.
Agora só preciso de paz.