Estou de férias. Podia estar mais contente e entusiasmada, mas infelizmente este ano não vou poder ir a Portugal. Para o ano vou-me vingar, e já estou a planear uns bons meses em terras lusas. Por aqui o tempo está frio e chuvoso, quase nem parece Agosto, e é até desanimador acordar de manhã e abrir a janela. Apesar do tempo miserável, as coisas começam a compôr-se, e apesar de ainda estar meio amedrontada com a minha nova realidade, estou certamente mais confiante no futuro. Estou esperançada de que vêm aí coisas boas, e apesar do meu pessimismo inicial, começo até a ficar motivada para esta nova etapa da minha vida. Todos nós temos medo a certas alturas da nossa vida, e há pessoas que precisam de mais tempo para racionalizar e se adaptar às novas situações e desafios que a vida nos coloca. Eu sou uma dessas pessoas.
Claro que entendo a crítica de certas pessoas em relação a alguns dos meus posts anteriores, mas na verdade este Blog não é só sobre a experiência de viver no exterior, é também o meu escape e o diário dos meus desabafos, a minha terapia. Desde muito cedo que aprendi a exteriorizar os meus sentimentos para a escrita, e é ao reler essas narrativas vezes sem conta que eu encontro o meu rumo e o meu optimismo. Não sou perfeita, ninguém é... E eu tento lidar o melhor possível com os obstáculos diários de uma vida fora do meu ambiente natural, a dois, e cheia de desafios profissionais e financeiros. No entanto, as escolhas que faço são normalmente aquelas que eu quero, e por muito que às vezes diga que não quero algo, se isso se concretizou, então é porque eu queria isso.
Há dias negros, dias em que não se consegue ver uma luz ao fundo do túnel. - quem não os tem? E nesses dias, eu escrevo. Porque acho que escrever me ajuda a ultrapassar tais momentos de incerteza, e até de solidão, mas também sei que a minha escrita ajuda muita gente que passa ou passou pelo mesmo, além de alertar todos aqueles que querem vir morar para aqui, para longe da família e dos amigos e de tudo o que lhes é familiar. Viver fora do nosso país não é fácil. E quem acha que eu fui demasiado injusta em escrever tudo aquilo que escrevi, só tenho a dizer uma coisa: experimentem gerir o pouco dinheiro que têm, a carreira que têm (se a têm), e ainda contribuir para o sucesso da vida a dois, com um apoio familiar quase virtual (porque o núcleo familiar está todo a muitas milhas de distância), num ambiente por vezes hostil, onde não dá para ir a lado nenhum sem carro (e eu não tenho carro!), e com um tempo miserável...
Se apesar disto tudo vocês foram mais bem sucedidos que eu a gerir a vossa felicidade e a vossa vida, então tenho de vos tirar os chapéu e vos dar os meus sinceros parabéns. Nesta altura eu vou fazendo o que posso, e vivendo um dia de cada vez. O resto é pura especulação.
É oficial... Tenho um trabalho maravilhoso que eu amo, um marido lindo e carinhoso que me ama e respeita (agora bem pertinho de mim também!!), um ninho de amor simples mas muito nosso, e duas famílias unidas que nos amam muito e nos apoiam 'along the way'.
Quem diria que a miúda que deixou Portugal há quase 6 anos atrás, é agora uma mulher com responsabilidades, obrigações, mas muito mais amadurecida e extremamente feliz?
Estáva longe de imaginar que, ao deixar Portugal, eu ía embarcar numa aventura que já mudou a minha vida para sempre. Muita gente me pergunta porquê o Reino Unido, porque é que eu escolhi um país que está sempre com um tempo deprimente, onde às 3 da tarde já é de noite, e onde se trabalha de sol nascer a sol pôr, 24/7...?
Eu respondo sempre com um brilho nos olhos: porque tinha de ser. Porque estáva destinado, escrito, sei lá... Passei tantos anos da minha vida em Portugal a sonhar com Inglaterra, que quando vim de visita foi difícil não gostar do que vi. De facto gostei tanto, que no mesmo ano que visitei o Reino Unido pela primeira vez, também me mudei de armas e bagagens para cá... e por cá fiquei.
Vão fazer 6 anos em Setembro que aqui estou, e tenho que ser sincera, foram tempos difíceis, de luta e batalhas, algumas perdidas outras ganhas. Não quer dizer que nesta altura eu tenha tudo o que quero, mas tenho tudo o que preciso para ser feliz. E sim, claro que tenho saudades da minha família, dos meus amigos, do meu cão Mr Fritz, da minha tartaruga Pizza, da minha gata Malhada, e de Portugal - estaria mentir se dissesse que não tenho.
Mas na vida é mesmo assim, os passarinhos quando atingem idade para saírem do seu ninho são empurrados pela mãe pássara em direcção à liberdade... A minha família nunca me empurrou para fora do ninho, mas eu acho que todos nós chegamos a uma altura na nossa vida em que começamos a ver que há muito mais para fazer e ver fora do ninho, e quando isso acontece, normalmente é quando nos atrevemos a dar o salto entre o que é seguro e o que não conhecemos, em direcção à nossa vida como seres independentes e racionais.
Tenho a vida que eu sempre quis, e sei que ainda vêm aí mais desafios pela frente, mas para já estou bastante confortável com o meu meio, as minhas rotinas, o meu presente... E talvez por isso encare a felicidade de uma forma mais aberta, com o coração cheio e sobretudo, sem medos.
Cheguei de Portugal, emocionada com o casamento do meu irmão, e com a minha auto-estima carregada. Nada como ir a casa uns dias e estar rodeada por quem nos ama para percebermos a razão da nossa existência e encontrarmos o nosso equilíbrio. Apanhei o ramo da noiva, chorei com o amor dos noivos, visível a cada minuto da cerimónia, e voltei com o meu coração cheio de esperança, de que um dia, também será a minha vez...
Aterrei em Londres Heathrow às 21h30, mas graças a uma grande amiga minha não precisei de gastar nenhum dinheiro extraordinário em taxis. Cheguei a casa exausta, quase à meia-noite, e com uma entrevista para 'Blended Learning Programme Coordinator' na manhã seguinte na Universidade. Preparação foi quase nada, e a entrevista correu-me tão mal que eu saí da sala completamente derrotada e deprimida.
Para me animar, e como eu estava com o frigorifico vazio, fui até ao ASDA, o supermercado local. Aliás, se não fosse a minha amiga espanhola a deixar-me algum leite no frigorífico (ela foi de férias quando eu cheguei), eu nem pequeno almoço tinha para antes da entrevista!! Estáva eu a meio das compras quando me telefonam de um número anónimo, e eu atendi até a pensar que fosse alguém atrás da cama que tinha para vender (essa foi hoje!) ou do quarto que vai vagar no fim do mês... E era da universidade, a dizer que eu tinha conseguido o cargo, que estavam muito impressionados com a minha motivação e com a minha sede de desafios...
Eu fiquei quase de quatro, ali mesmo, no meio do corredor central, encostada aos shampoo em promoção... só não deu para pular de alegria porque os Inglêses são todos um bocadinho 'não me toques' e eu ainda passava uma vergonha daquelas!!! Mas para a semana é que vai doer, entre o meu actual cargo e o treino para o outro cargo (o qual só começará oficialmente a full-time a partir de Outubro) vou andar sem tempo para nada!
Mas vou adorar cada minuto, porque o cargo vai involver o uso de novas tecnologias, incluindo WEB 2.0 e isso é o que eu mais gosto!!!
Entretanto no fim do mês está tudo a postos para mudar de casa. Já convidei alguns amigos para a festa de inauguração, e não convidei mais porque a casa é pequena (ora bem, é um estúdio, convenhamos, o espaço não é muito...).
As coisas finalmente parecem que se compõem, e eu estou mesmo contente porque cheguei à conclusão de que muitas vezes o medo de ser feliz, o medo de ficar sózinha, o medo de não ter nada, o medo, enfim, é mesmo a única coisa que nos atrasa a felicidade e não nos deixa progredir.
Hoje, mais do que nunca, sei que a decisão de me libertar da minha relação de 3 anos foi a melhor coisa que eu fiz. Não me arrependo, nem tenho medo... Porque estar sózinha tem também as suas vantagens, e a maior delas todas é mesmo o tempo com que se fica para cultivar grandes amizades, dentro ou fora das fronteiras britânicas ----> Pronto Miguel, esta é mesmo para ti! Sim, tu que estás na Bélgique! Hehehe! Um beijinho!
Não vou dizer que é tudo ouro sobre azul, mas sejam felizes, porque às vezes a felicidade está mesmo dentro de nós... Eu sei que estou verdadeiramente feliz quando começo a cantar todos os dias e a dançar que nem uma perdida no quarto... A felicidade está sempre lá! O segredo é respeitar o nosso amor próprio, aceitarmo-nos como somos... E se há quem não goste de nós, então adeus - não vale a pena perder tempo!
Muitas vezes não nos deixamos ser felizes porque achamos que não merecemos, e eu passei por isso muitas vezes... Há que dar a volta por cima e ter fé - melhores dias virão. Eu sinto que estou a colher só agora os frutos do que plantei em 2004.
Hoje não fui trabalhar porque não me sinto 100%, acho que comi alguma coisa ontem que não me caiu muito bem. Por isso estou em casa a corrigir exames - tenho de corrigir 50 exames até hoje à noite. Desejem-me sorte que vou precisar...
Ok, as segundas feiras são provavelmente o pior dia da semana - não é diferente para mim, especialmente porque andei a engonhar no fim de semana inteirinho e não fiz nada do que tinha para fazer... Ouch! O Twitter não pedoa!
Faltam duas semanas para ir a casa - ando feliz da vida, como devem de reparar pelos meus posts recentes! Danço, salto, pulo, e já perdi 4 Kg! Sou uma nova pessoa, já tinha saudades deste 'eu'!
*Note to self* .... O mês de Junho e Julho vão ser hiperactivos, vou ter montes de coisas para fazer - inclusivé mudar-me para um estúdiozinho alugado... Viver sózinha - finalmente! Depois de quase cinco anos a partilhar uma casa, mal posso esperar para ter o meu próprio espaço... E a nova possibilidade de trabalho, que se a conseguir, vai involver montes de viagens por todos os cantos do mundo...
Mal posso esperar para que esta fase da minha vida comece.
... Os gajos do outro emprego (aquele aqui à porta de casa, aquele trabalho que eu 'perdi') querem-me de volta!
Entretanto eu e o Sid decidimos dar um tempo e estamos oficialmente separados. Isto vem no seguimento do post de ontem. Depois de o escrever, e de o reler, apercebi-me que as coisas não davam para continuar assim se eu quisesse manter o meu discernimento intacto.
Depois de tudo o que tive oportunidade de explicar nesse post, e de muito mais ter ficado por explicar, a verdade é que se estou numa relação para me sentir uma merda, o melhor é estar mesmo fora dela - nem que seja a título provisório.
Ele não pára de me ligar, mas eu não vou voltar atrás com esta minha decisão. Preciso mesmo de um tempo sózinha para me encontrar a mim mesma. Faz tempo que não me oiço. Tudo o que faço é sempre em benefício dele ou dos dois e não sei muito bem há quanto tempo tenho posto os meus sonhos, ideias e a minha felicidade de lado por causa desta relação.
Não será provavelmente o fim, mas é certamente o melhor passo a dar nesta altura onde tudo parece fugir um bocado das minhas mãos. Não tem cabimento continuar a sofrer e a sentir-me humilhada dia após dia só porque decidi continuar esta relação. Nesta altura está muita coisa em jogo e eu não posso mesmo ter este tipo de pressões afectivas.
Antes de decidir o rumo a tomar, tenho de pôr o mês de Agosto para trás, estabilizar-me no emprego e começar o meu Mestrado. E antes disso não posso considerar a minha relação, nem continuar a fazer das tripas coração só para fazer o menino feliz.
Para já vou ser egoísta e pensar em mim, porque ultimamente tenho pensado em tudo e em todos menos naquilo que eu quero, que me faz feliz. Dói, mói, mas não é permanente. A dor vai embora com o tempo.