O meu cão Bidú é do pior que há. Pode ser porque ainda é cachorrinho, e portanto não está ainda habituado a estas rotinas humanas de comer e dormir a horas certas. Desde que veio para nossa casa, que nos acorda às 4, 5, 6 e 7 da manhã. Se não lhe damos atenção, ladra e acorda a vizinhança toda. Normalmente sou eu que me levanto para brincar com ele, e deixar ele bem cansado para que possa dormir bastante. Adora morder os meus chinelos de casa, os brinquedos da gata, as calhas da alcatifa, as portas, os cabos de televisão e do telefone, enfim, tudo o que seja canino-comestível ele tem de experimentar.
Por um lado, é bom. Como eu me andava a queixar de solidão, agora tenho quem me faça companhia nas horas vagas - que por sinal agora são bastantes. Mas por outro é terrível, porque não temos tido descanso nenhum, e um cão é sempre uma despesa e uma responsabilidade acrescida. Ainda por cima neste país ter animais em casas arrendadas é muito complicado. Os senhorios não gostam de animais, e normalmente quando eu digo que tenho um cão e um gato, as portas fecham-se para mim no que diz respeito a alugar uma casa maior.
Eu gostava de comprar uma casa, mas não tenho nem 5% do valor de depósito necessário para dar entrada no processo. Irrita-me porque não podemos ter um espaço nosso, e andamos a gastar dinheiro em renda numa casa que nunca será nossa e que a qualquer altura podemos ter de deixar pois tudo depende da vontade do senhorio.
Odeio morar numa casa arrendada. É simplesmente demasiado limitativo, e eu sei que por ter comprado um cão estou a candidatar-me a ir morar na rua, porque já estou a quebrar alguns dos termos do meu contrato de arrendamento, o qual só permite um gato (a Daisy). Tudo isto é demasiado frustrante, e para piorar as casas aqui não são baratas. Se com 300 euros se arrenda uma propriedade razoável em Portugal, aqui essa mesma propriedade custaria à volta das 750 a 800 libras por mês. Imaginem o dinheiro que eu poderia poupar se não tivesse que pensar em pagar alojamento!! Mas não, é literalmente quase todo o meu ordenado (e o do meu marido) que vai para a casa e as contas.
Para piorar temos mesmo de comprar um carro. Na eventualidade de construímos família não podemos de maneira nenhuma andar a pé ou dependentes da carrinha do trabalho dele. Não só não é pratico, como quando tivermos filhos também não vai ser possível pô-los na carrinha para irmos onde formos, porque é ilegal. Temos de ter um carro, dê por onde der.
E com a diminuição do meu trabalho durante estes meses de Verão as coisas não estão muito fáceis para nós, o que me deixa com bastante medo do futuro. Temos trabalho, é certo, mas também temos muitas despesas e essas coisas pesam no nosso orçamento no final do mês. este ano nem vou a Portugal nas férias como já era habitual, e vou ter de optar por uns dias em Jersey ou Guernsey só para relaxar antes do começo do próximo semestre lectivo.
A vida não está muito fácil e eu peço todos os dias por um momento divino de inspiração, na esperança de que os nossos caminhos de abram, e que algum dinheiro caia no nosso bolso para que possamos viver sem pensar no futuro com medo e insegurança.
É só o que quero... Na minha vida as pessoas têm vindo, deixado a sua marca, e saído... Algumas tão depressa como entraram... Muitas vezes, dessas marcas ficaram inseguranças, tristezas, caminhos percorridos e lições aprendidas... Mas eu preciso de saber que a minha vida não vai ser só feita disso, de encontros e desencontros em nome de uma lição ou de uma aprendizagem... Eu não quero mais isso. Não quero porque preciso de muito mais que uma efémera paixão - eu quero amor. Amor verdadeiro, daquele amor que fica e permanece, daquele que me completa, daquele amor que queima a alma, que não me deixa insegura, e que me faz muito feliz...
A urgência desse amor está-me a deixar louca.
E eu vou até ao fim do mundo por esse amor. Mudo de país, continente, o que preciso for para ser feliz, agora, aqui... Quero esse amor, quero muito esse amor. Tive muito tempo para namorar, muito tempo para me divertir, mas agora quero muito mais. Eu mereço muito mais... Quero assentar, casar, e ser feliz com alguém que me ame como sou, e me estime e admire pela minha maneira de ser - com defeitos e virtudes... Quero alguém que queira ser o pai dos meus futuros filhos, uma pessoa que trabalhe honestamente e chegue a casa e me faça sentir que sou o centro do seu mundo, quero ser a razão porque voltar para casa é sempre tão bom...
Quero esse amor.
Mas será que esse amor me quer assim também...? Ou será que vai fugir e me deixar para trás, com mais uma lição aprendida...?
Como é que sabemos que aquela pessoa é a pessoa certa? Como é que sabemos que vamos passar a vida toda com essa pessoa e ser felizes? O que é que nos diz que é a pessoa certa para casar, o que é que se sente? E se não for a pessoa certa? E se a pessoa certa está algures, à tua espera?
Por exemplo, hoje de manhã a minha gata escapou-se do meu quarto e, apanhando uma janela aberta saltou ao encontro do angorá amarelo que ansiosamente a esperava cá fora. Claro que eu fui logo atrás e resgatei a desgraçada entre palávras de má ordem. Não teria sido tão mau se eu não tivesse de saltar pela janela, porque a porta estáva trancada... Escusado será dizer que já fiz a minha ginástica diária!
Como é que ela, estando ausente da vida exterior desde que nasceu, sabe que precisa de um gato, daquele gato para a cobrir (ela está estupidamente com o cio). Pronto, talvez não seja o melhor exemplo, porque as gatas vão com todos quando estão nessa situação... Mas o que eu descobri recentemente é que as pessoas casam porque precisam de estabilidade e porque na altura acharam que aquela pessoa era a pessoa certa. Os meus pais quando casaram acharam que eram as pessoas certas um para o outro... A minha chefe do trabalho também... E acabou tudo em divórcio, com todos a admitirem (mesmo sem ser em campo aberto) de que não voltariam a casar.
Não tenho teorias porque na minha experiência de vida já vivi de tudo. Já me apaixonei violentamente, medianamente, mesmo nada. Já acreditei piamente, confiei cegamente, aterrei com a cara no chão de verdade, e no fim acabei sempre a lamber as feridas, umas maiores que outras. O amor que eu dizia sentir nos meus tempos de teenager nesta altura não existe mais. Já não sinto aquele calor a vir por mim a cima, as mãos a tremer ou a suar, a cabeça a andar à roda, nada... Em vez disso sinto respeito, admiração, uma amizade muito particular e vontade de ver a outra pessoa bem.
É isto que as pessoas dizem que é o amor? Porque para mim estes sentimentos são novos. Nunca contruí nenhuma relação por amizade, foi sempre por atracção física. Mesmo o F., com quem namorei quase 3 anos e pensei até que acabaria a minha vida ao lado dele, a relação começou com um "Então já não se fala aos amigos" numa sexta-feira à noite, depois dele ter cortado o cabelo e se ter tornado num ex-heavy com atributos de top model.
Com o Sid foi diferente. Ainda a recolher os pedaços de coração espalhados pelo caminho da minha vida, ele esteve lá para me amparar quando o M. acabou comigo. Ele esteve lá quando o outro M. me usou e me deixou assim, sem mais nem menos. Ele esteve lá para limpar as minhas lágrimas e nunca me deixou sózinha à noite. Ele ajuda-me em tudo o que pode, só para me ver feliz. Ele vai comigo a todo o lado só para não me deixar sózinha.
O que mais me preocupa é o facto de eu não saber exactamente o que fazer. Temos falado de casar e por mais que essa ideia me fascine, também me aterroriza completamente. E se ele não for a pessoa certa? E se der para o torto? Não quero ser mais uma estatística, queria poder ter a certeza, mas pelo que vejo ninguém tem totalmente a certeza. Relações que duram anos, assim que terminam em casamento, parece que se extinguem em menos de um mês.
No fundo acho que todos temos medo. Temos muito medo de falhar. E porque uma relação nunca depende só de nós mesmos, a possibilidade de falhar é 50%. É a falta de control que muita gente precisa para se sentir segura (e eu não sou excepção). Será por isso que numa relação há sempre uma pessoa que veste as calças e outra o vestido? Se sim, eu sou certamente quem veste as calças em 85% das vezes.
E vocês, o que acham? Como é que sabemos que aquela pessoa é a ideal? Como é que eliminamos as dúvidas e assumimos que o parceiro que nós temos e escolhemos é a pessoa certa para passar juntos o resto da vida? Como é que sabemos?