Este Natal foi muito complicado para mim... No dia 22 de Dezembro descobri que estáva grávida. Eu não acreditei muito, estáva meio em choque mesmo, mas a minha família estáva feliz da vida. Eu olhei para os testes à minha frente umas quinhentas vezes, incrédula, porque apesar de querer muito ser mãe, aqueles testes positivos foram MESMO uma grande surpresa. Sempre achei que tinha um problema de fertilidade, e aqueles testes vieram comprovar que os problemas eram todos da minha cabeça... Nos dias que se seguiram, a minha família estáva super feliz, e até a minha mãe me comprou umas pantufinhas pequeninas na Casa Xangai.
No fim do dia 24, tudo se desmoronou. Como se não bastasse ter apanhado uma intoxicação alimentar, que me levou a vomitar sem fim nessa madrugada, entre as cólicas e corridas para a casa de banho, o meu periodo também me apareceu com as suas dores típicas. É inequívoco: se realmente estive grávida, então agora já não estou mais. Todos os sintomas de gravidez que eu tinha também desapareceram, e tive de dar a má notícia ao Mr Brazil, o que me cortou o coração.
O almoço de Natal passei-o na cama, a dormir e a beber àgua. Nem me conseguia mexer porque só isso gerava dores de cabeça e cólicas insuportáveis. Senti-me tão bébé... Há mais de 15 anos que não passáva por semelhante coisa...
Nesta altura estou ainda a convalescer da intoxicação alimentar. Depois de andar 24h a àgua e Redrate, tomei hoje um Ultra-Levure e já me aventurei nos iogurtes Activia naturais e sopa knorr com arroz. A acompanhar sempre com chá de camomila e muita àgua...Tenho uma enxaqueca daqui à China, e volta e meia ainda tenho de ir a correr para a casa de banho. O meu pai foi-me buscar comida para bébé e àgua das pedras para ver se restabeleço as minhas energias, já que amanhã vou viajar para o Brasil.
Têm sido uns dias difíceis, mas pelo menos tenho como comforto saber que vou ver o meu noivo em breve... e eu bem preciso de um carinho dele.
Espero que tenham tido um bom Natal, e tenham todos uma boa passagem de ano.
Ontem à noite nevou como se não houvesse amanhã... Só para terem uma noção do frio por estes lados, são 10h30 da manhã e estão -2ºC!! Está tudo branquinho em todo o lado, as escolas estão fechadas, a universidade também, e eu fiquei em casa. Ainda estou a recuperar da minha garganta, e não quero ficar pior!
Era para ir a Londres, para ir buscar umas últimas coisas para levar para o meu noivo, mas não me parece que consiga ir. As redes de transporte estão todas restringidas a serviços minimos, e ainda se prevê mais neve para o fim da tarde. Este é o primeiro ano desde que eu aqui moro (e já moro aqui há mais de 5 anos) em que neva durante Dezembro - normalmente a neve só vem lá para Fevereiro. Os Britânicos até fazem apostas para ver se neva no Natal, e acho que este ano estão com sorte!
E por falar em sorte, os documentos do Brasil chegaram ontem. Quando voltei a casa do trabalho, estavam à minha espera. Agora só falta aparecer a carta com a minha certidão de nascimento para podermos marcar as coisas como deve de ser. De qualquer forma, mandei um e-mail extenso ao cartório onde planeamos casar, com uma série de leis, porque disseram ao meu noivo que a procuração não é válida devido a uma cláusula de mudança de nome que já não se aplica na lei Brasileira.
Quando o meu noivo me disse isso, fiquei de coração partido, porque pagámos um bom dinheiro para fazer o raio da procuração, mais correrias entre notário e Consulado Brasileiro, e agora não a querem aceitar??!! Ah não!! Lá fui investigar, e encontrei no código civil Brasileiro um artigo que é bem capaz de nos salvar a vida... E agora estou à espera da resposta deles...
Pedi também que as proclamas (editais) fossem dispensadas por motivo de urgência , algo também previsto na lei Brasileira. A lei Brasileira não especifica a urgência per se, o que quer dizer que vai depender da benevolência do juíz aceitar a minha urgência como válida...e eu tenho esperança de que haja um pouco de compaixão por parte deles, considerando que já vai ser bem difícil viver sem o meu noivo durante os dois meses que seguem ao casamento... (Man! Eu devia ter sido advogada...!)
Nesta altura estou a torcer para que o nosso casamento ainda se realize enquanto eu estiver no Brasil...! É tudo o que eu quero.
O resto é história!
Vou ver se me aqueço, porque tenho o aquecimento no máximo, mas a casa está um gelo...!
Última semana de aulas. Como manda a praxe, não ponho lá os pés - nas aulas, porque fui à uni entregar lembrançazinhas de Natal a duas das minhas amigas, uns chocolatinhos minusculos porque isto não dá para mais. Ando mal de massas, toda a gente sabe, e este Natal vai ser a contar o tostãozinho no fundo da carteira.
Anyway - passa à frente que farta de me ouvirem devem estar vocês, gira o disco e toca o mesmo! - a carta de despejo para o casal do lado ainda não chegou e hoje já tenho uma futura housemate em linha. Vai no segundo curso superior, é inglesa mas arrumadinha e parece que paga as contas a tempo e horas (pelo menos é o que ela diz).
Não me parece que faça ondas como o casalito do lado, o que para mim já é muito bom e se for asseada, melhor ainda.
Para a semana, três dias de trabalho, e sem aulas isto vai ser bonito. O rapaz vai trabalhar a semana inteira para ver se começamos bem o ano, e eu vou ver se ponho os trabalhos da universidade em dia. Com três trabalhos e um teste, Janeiro avizinha-se ser um mês de alguma inquietação e muito trabalho.
Mas depois vêm as férias do semestre e eu queria ver se ía a casa nessa altura. Ando mesmo com saudades de casa. Ando tão mal, tão mal, tão mal, que ontem me deu para ir ao 'YOU TUBE' ver videos sobre o Barreiro, a minha terrinha.
Com a aproximação do Natal, imagino que deva estar tudo decorado com luzes nas avenidas principais, e aquele cheirinho tão peculiar no meu bairro por esta altura, uma vez que o pessoal acende as lareiras para receber a família que vem juntar-se à mesa numa ceia tradicionalmente farta. (suspiro)
Não é justo. Este Natal vai ser dos mais tristes para mim. Ando desanimada. Montei a àrvore de Natal e comprei caixas de chocolates a £1 cada só para poder ter prendinhas debaixo da àrvore. Pus luzinhas nas janelas só para me lembrar daqueles tempos em que o Natal em minha casa era barulhento, trabalhoso mas feliz. Lembro-me daqueles dias de véspera em que eu acordava cedinho para fazer as fatias douradas, ou as filhóses à moda do Porto, a aletria e o arroz doce...
O meu pai e a minha mãe íam cedinho no dia 24 buscar à pastelaria as azevias - que por serem muito trabalhosas não se faziam em casa - e os coscorões, e o tronco de Natal. Estendiamos os doces na mesa da sala de estar, que era também a sala de jantar já que a sala de jantar propriamente dita tinha sido convertida em escritório/ biblioteca.
O bacalhau começava a cozer lá para as seis. A família chegava entretanto quase sempre por essa hora - altura em que a mesa já estáva devidamente posta, e a lareira crepitava lançando bafos quentes para dentro daquele espaço, que cheio de gente animada dava uma outra luz à casa.
Olhando para trás, posso dizer que os meus Natais foram sempre especiais. Uns anos mais que outros, o meu espírito de Natal sobrevivia de contentamento e hoje questiono muitas vezes se os meus filhos um dia terão essa mesma sorte. O Sidd não entende o Natal como eu, que o vivi a vida inteira. Para ele o Diwali tem o mesmo significado, mas as tradições são diferentes e os sentimentos raramente se misturam.
O meu Natal podia ser pior. Apesar de estar a passar por algumas adversidades, a verdadeé que neste Natal não vou ficar sózinha. Posso não ter a família toda à minha volta, os cães a correr entre as minhas pernas e a gata a miar sorrateiramente à janela, mas pelo menos tenho o Sid e tenho a Daisy. E vou tentar arranjar bacalhau, mesmo que pouco, só para poder ter o gostinho de voltar a casa - nem que seja só na imaginação...