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E o céu azul brilhará...

Diário de uma académica portuguesa em Londres

E o céu azul brilhará...

Diário de uma académica portuguesa em Londres

15
Out13

Uma oportunidade

Little Miss Sunshine
Eu tenho uma filosofia de vida que nem muita gente compreende. Eu acho que parar é morrer, acomodar é preguiça e dormir é perder tempo. Pronto, dormir talvez nem seja perca de tempo, mas o resto é bem verdade. Não gosto de me sentar à sombra da bananeira, já deu para perceber isso por tudo o que escrevo. Sou de ir á luta, de matar dragões (que não têm nada a ver com o FCP, by the way), de desenvolver a massa cinzenta que tenho dentro da minha cabeça e de evoluir o meu coração que bate dentro de mim. Ser mãe atordoou-me um bocado os sentidos, perdi o norte, mas agora estou a reencontrar-me. A minha filha agora complementa o meu ser, e o meu trabalho - neste caso, os meus trabalhos, já que são três - dão-me força, tornam-me melhor, desafiam-me... Tudo isto me faz querer seguir em frente. Mas não chega. Quero mais. Sei que posso conseguir muito mais. Hoje em dia já não me chega ter de ir para a universidade porque sinto muitas vezes que as escadas para o próximo andar estão fechadas. Com cadeado. E a chave está perdida por aí. Com decepções, desilusões e desânimo. É como, por exemplo, achar que o meu trabalho é valorizado por todos, mas na realidade quando vou a ver, não sou assim tão respeitada: pessoas a falarem de mim nas minhas costas, não tenho direito a defesa, sou muitas vezes vítima de juízos de valor injustos e injustificados.

Hoje então é daqueles dias que me sinto tentada a sair pela porta mais do que nunca. Ou pela janela. Ou por onde for - sair apenas para experimentar uma vida menos complicada, sem chatices. Porque me sinto muitas vezes jogada como bola de ténis entre duas raquetes furiosas, e porque tenho muitas vezes uma rede no meio que não me ampara, apenas me impede de prosseguir. Porque acho que há gente que gosta de causar conflitos. Porque a falta de maturidade à minha volta é escandalosamente grande e me gera muita confusão estar envolvida em atritos para os quais não contribuí intencionalmente.

Trabalhar já não é para fracos. Trabalhar no Reino Unido então não é para almas inseguras. Trabalhar no ensino superior do Reino Unido é um desafio constante. Muitos o aceitam sem pensar, por amor à camisola, por paixão ou vocação de ensinar. Eu certamente tive todas essas razões para ficar. E depois é assim: trabalho, muito trabalho, muito pouco tempo para mim. Algum tempo para a casa, a família. Não me interpretem mal - adoro o meu trabalho, os meus alunos são a minha maior fonte de inspiração. Alguns dos meus colegas também. Mas para outros, não gosto de ser tratada como uma adolescente. Mais ainda, detesto ter de ser detective, tentar adivinhar porque colega x ou y está amuado ou agressivo. Lidar com faltas de educação não. Os meus alunos não me faltam ao respeito, logo, colegas meus que o façam estão na minha lista de baixa prioridade. Não quero nem preciso, thank you!

Não vou perder tempo com quem não merece o meu olhar, as minhas palavras, a minha dedicação. Eu sou honesta. Eu sou boa naquilo que faço. Eu trabalho muito, todos os dias, e a todas as horas, para poder servir de ponte, de apoio, de suporte a todos aqueles que necessitam da minha prontidão para se tranquilizar. Ou para atingirem os seus objectivos. Adoro o meu trabalho, mas é tempo de começar a ponderar num futuro diferente. As coisas têm de mudar. As coisas já estão a mudar... As coisas vão mudar mais ainda, para melhor, porque eu vou à luta. Por mim, pela minha família, e acima de tudo, pelo futuro da minha filha.

Desejem-me sorte para dia 4 de Novembro.
A minha candidatura para um PhD na Open University passou na primeira fase. Agora vem a entrevista...
19
Fev08

Empregos - uma experiência pessoal!

Little Miss Sunshine

O que distingue Portugal do Reino Unido em termos de ofertas de emprego?


Bem, aqui no Reino Unido não há limites de idade (é considerado discriminação e é punivel por lei) - qualquer pessoa pode ser contratada desde que possua as qualificações necessárias. Aqui pode-se começar uma carreira no mundo dos negócios em qualquer altura... Em Portugal a possibilidade de começar uma carreira acaba aos 30 anos - isto de acordo com as especificações que eu vi na bolsa de emprego de um conceituado jornal português online (e não, não estou a falar do Correio da Manhã)...

Aqui, remuneração aliciante é ir trabalhar part-time como assistente de marketing numa companhia em Camden, e receber ordenado de full-time na ordem das 25,000 por ano... Em Portugal... bem... será que vale a pena mesmo mencionar o nível de ordenados em Portugal?

Deixem-me explicar porque raio é que eu estou para aqui a falar assim, cheia de cepticismo e sarcasmo, mas a verdade é que hoje estive a concorrer a vários empregos na àrea de Marketing - que é para isso que eu ando a queimar as pestanas num mestrado de marketing, não é? Concorri a cinco na àrea de Londres, dois para Nova York (USA), e um em Portugal...

Nos empregos para Londres e Nova York a idade não foi um factor de selecção, até porque como referi anteriormente, isso aqui é discriminação. Mais, o que conta realmente é a experiência e a competência de um individuo, e de nada serve assumir que um gajo de 30 anos vai fazer pior trabalho que um de 20.

Na minha perspectiva da coisa, um gajo de 30 anos tem muito mais responsabilidade, tem uma visão da vida muito mais elaborada e está certamente capaz de responder a desafios que um gajo de 20 não tem... A não ser que para um empregador português o facto de se ter 30 anos automáticamente assume a existência de laços familiares que possam limitar eventualmente a disponibilidade de um individuo para uma possível autorizada exploração.

Mas olhem para mim, estou à beira dos 30, prestes a acabar o Mestrado (já???), e mais que pronta para me lançar no mercado de trabalho... e ando a explorar países, desde a Suiça até aod Estados Unidos. Tenho data marcada para casar, e não vai ser por isso que vou assentar arraiais em qualquer lado só para estabelecer família.

Hoje, mais do que nunca, os casais formam-se tardiamente, o que quer dizer que o planeamento familiar fica mais que organisado, com as mulheres a terem filhos cada vez mais tarde, ou simplesmente a escolherem uma carreira em vez da profissão de mãe.

Por isso não entendo muito esta de se limitar em Portugal os empregos, estabelecendo um limite de idade que nem sequer se justifica e que é altamente reaccionário. Num Estado de Direito que se afirma  cada vez mais como estando lado a lado com a Europa, ainda se comete  muita discriminação no mercado do trabalho  e é por isso que a economia  anda como anda por esses lados.

Hoje em dia o lema é reutilizar os nossos recursos naturais! Numa altura em que a responsabilidade colectiva social está tão em voga, não se percebe como é que empresas aindam deitam à rua oportunidades de ouro, isto é, staff com qualificação e potencial...

Todos aqueles que, como eu, fizeram um interregno na vida profissional para aprofundar qualificações, deviam de ser utilizados por essas mesmas companhias sem hesitar - até deviam de ter preferência face aos mais novos... porque a urgência não é a mesma para uns e para outros...

Dá que pensar, não dá?

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