Pela primeira vez desde comecei a leccionar na Universidade, deparei-me com um problema de não integração estudantil numa das minhas aulas. No sítio onde eu lecciono, há uma grande variedade de etnias e estratos sociais. Os choques culturais são inevitáveis, e nós, professores, temos de entender essas diferenças e adequar as nossas aulas aos nossos alunos de forma eficaz e abrangente.
Nem sempre conseguimos conjugar todos os estilos de ensino e aprendizagem, e por isso mesmo para alguns a experiência estudantil nem sempre corre de forma satisfatória. Fiquei triste porque sempre achei que acomodava toda a gente de forma igual, o que faço, mas isso não impede alguns alunos de se sentirem presos e intimidados pelos outros alunos, ou pela diversidade da classe, ou pela falta de chá de certos membros do grupo onde estão inseridos.
Esta semana tive alunos a quererem mudar-se para a minha aula, outros a quererem sair dela. Sentimentos mistos - se por um lado devo estar a fazer algo certo, por outro sinto que falhei em algum lado e não percebo muito bem onde... Tive de tomar medidas urgentes, e para a semana vou ver se estas realmente vão ajudar ou não à integração dos membros que se sentiam 'separados' do resto da classe.
A seriedade desta situação prende-se com a política de popularidade da universidade... Afinal, isto é tudo uma questão de marketing - e eu percebo de marketing, ou não fosse esta a minha àrea de ensino. Se os alunos (que são os clientes principais da universidade) não estão contentes, então isso pode causar um impacto negativo na instituição. Por isso mesmo nós, professores, temos de tirar inúmeros cursos de formação profissional com a principal função de educar e ensinar-nos a colocar o aluno no centro de tudo o que nós fazemos.
Não discordo dessa política, mas também não a suporto totalmente - não da maneira como tem sido aplicada. Claro que a popularidade de uma Universidade está directamente ligada à reputação da mesma e por isso é importante manter os nossos alunos interessados. Mas não vamos colocar a pressão toda no corpo docente, até porque muito do que os estudantes procuram e querem de uma universidade está relacionado com a experiência proporcionada pela mesma em relação a actividades extracurriculares, infra-estruturas, ambiente estudantil, com aulas e professores destacados normalmente em relação a entrega de trabalhos atempadamente e a resultados significativamente satisfatórios.
Para que a reputação da universidade se mantenha ou aumente, então a mesma deve começar a diversificar (ainda mais) os métodos de ensino oferecidos, focar os cursos (ainda mais) em empreendimento e gestão empresarial, criar elos de ligação mais variados e mais fortes com as indústrias locais e assegurar que os alunos não são largados ao Deus dará por aí, como eu vi muitos estudantes CATS/ Erasmo/ de câmbio.
Assim, se por um lado eu fui capaz de ajudar/ orientar/ motivar uma mão cheia de estudantes ao ponto de eles quererem frequentar as minhas aulas, por outro, não consegui identificar o ambiente intimidatório que se criou numa das minhas outras aulas, causado por alguns estudantes cujos níveis de motivação estavam bastante reduzidos, o que causou um impacto negativo nos restantes colegas ao ponto de dois deles pedirem para serem mudados para outra aula que não a minha.
Depois de falar com a minha mentora/chefa, foram tomadas medidas por forma a minimizar o impacto negativo de certos membros dessa aula. Como os estudantes descontentes não podem mudar de aula por motivos administrativos, eu prometi a mim mesma tornar esta experiencia o mais gratificante possível para eles. Para a semana vou ver se o plano que pus em prática vai ou não resolver os problemas daquela aula. Estou confiante que sim.
São tantas, e tão boas, que nem sei por onde começar...
Bem, vamos começar pelo Mestrado. Aceitei a oferta do Mestrado de Computer Science. Achei que era uma oportunidade a não perder. Claro que logo a seguir mandei um apelo à minha família, para que as prendas de Natal sejam convertidas em dinheirinho. Apesar de ainda não saber que nota tive na minha tese final em Marketing, sei que não estou muito longe de um mérito, e por isso estou confiante... As notas finais vão ser lançadas no dia 28 de Novembro, sexta-feira.
Entretanto, candidatei-me a professora da universidade, para a disciplina de Marketing - não sei se já tinha partilhado esta informação com vocês antes, mas é verdade! Também me candidatei a Lead researcher na consultadoria, onde trabalho desde Março. As vagas abriram ao mesmo tempo para ambos os cargos, e se bem que o meu objectivo para já é a vaga de Lead researcher, achei por bem expressar a minha vontade de leccionar perante quem de direito...
Hoje os responsáveis pelas vagas de professor de markerting foram ao escritório e 'raptaram-me' para uma 'entrevista informal' para a vaga que eu me candidatei. Por sorte estáva nos meus dias bons, até tinha posto maquilhagem - coisa rara últimamente, porque chegando ao fim do dia tenho mesmo preguiça de tirá-la e assim prefiro não usar... 'Anyway', a entrevista acabou por se tornar interessante para os entrevistadores, e eu mantive-me o mais 'cool' possível, mas por dentro estáva a tremer que nem varas verdes.
Na entrevista foram-me dizendo que apesar de interessante, o meu CV não tem nenhuma experiência de ensino e eu não pude negar esse facto... No entanto, foi-me sugerido o seguinte... Que eu contacte os meus professores e, caso eles necessitem de ajuda para dar os 'tutorials' (aulas práticas), me chamem para tal. Assim sendo, hoje fui falar com a minha antiga professora de Marketing Research, com o meu supervisor de tese e com o meu ex-professor de marketing across cultures.
Resultado: no dia 28 de Novembro vou leccionar o meu primeiro 'tutorial'!!!! AAAAAHHHHHH!
E em Setembro que vem, se as coisas correrem bem e se obtiver um bom feedback de professores e alunos, há grandes probabilidades de eu aterrar num lugar de professora, em que o mínimo ordenado oscila entre as 28,000 e as 30,000 libras por ano.
Mais, posso continuar a trabalhar na consultadoria, e posso continuar o meu Mestrado em computer science sem complicações.
O Sid também já submeteu os papeis para o 'work permit' e assim que o passaporte dele chegar do Home Office, vamos meter os papeis para o nosso casamento. Nesta altura estamos só à espera da confirmação astral que vem da India, para saber se a data é apropriada ou não. Escolhemos o dia 21 de Março, porque até lá o Sid já deve de ter arranjado um trabalho decente a full-time, e pode ser que dê para juntar mais um dinheirinho.
A cerimónia não vai ser nada de especial, vai ser no registo, e duvido que consiga ter aqui a minha família toda, porque o meu mano também casa em Junho e acho que toda a gente investiu muito mais no casamento dele, porque é perto, e agora vai ser complicado pagar um vôo de ida e volta só para me verem assinar num livro de registo...
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Às vezes sinto mesmo que a minha família se esquece que eu estou longe, e apesar de não dizer, às vezes também gostava de um bocadinho de ajuda de vez em quando - lá porque eu nunca peço não quer dizer que as coisas andem sobre rodas a 100% constantemente. Tenho 30 anos e moro num quarto com o meu noivo... Só com isso já dá para ver que não andamos a nadar em dinheiro... E apesar das coisas começarem a melhorar, ando um bocado deprimida porque é raro lembrarem-se de mim... Passo semanas sem saber de ninguém, e se não meter conversa com eles, eles também não metem conversa comigo...
Eu até investi em saldo no skype, mas não vale a pena se é sempre o mesmo a gastar... Juro que às vezes sinto que eles me cortaram da vida deles - se bem que não totalmente, mas é como aquele ditado: longe da vista, longe do coração...
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Enfim, não vamos estragar este post com coisas menos boas. Estou super feliz pela possibilidade de leccionar e para o próximo semestre vou mesmo estar sem mãos a medir.
Este fim de semana tenho também os testes para a polícia em regime de voluntariado e estou um pouco intimidada com isso, mas nada que não se faça. Afinal, já estive na força aérea!!!
Bem, time to go. Tenho mesmo de ir agora, a minha housemate tuga faz 31 anos e vamos soprar as velinhas com ela. Desejem-me sorte para estas semanas!