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E o céu azul brilhará...

Diário de uma académica portuguesa em Londres

E o céu azul brilhará...

Diário de uma académica portuguesa em Londres

26
Nov10

Propinas, qualificações estrangeiras, e o preconceito Português face às mesmas.

Little Miss Sunshine

Este post vem no seguimento de um comentário deixado por um leitor do Blog que se encontra em terras Bitânicas, e que devido ao desenrolar de varios acontecimentos políticos e económicos no País, se viu confrontado com um dilema em muito justificado. Porque eu acho que muitos de vocês poderão estar na mesma situação, decidi publicar um excerto da minha resposta, pois acredito que o péssimismo existente face a esses acontecimentos em nada deve afectar os vossos sonhos...

 

 


 

 

Propinas:


As propinas vão certamente aumentar em 2011, porque isso acontece quase todos os anos. No entanto, o governo normalmente põe um cap (um limite máximo) que as universidades podem cobrar aos seus alunos. Infelizmente nesta altura isso nem sequer está a ser considerado. Claro que com os cortes orçamentais que o Reino Unido atravessa neste momento, o sector do ensino superior é sem dúvida um dos mais afectados, pois sobrevive à custa de muitos subsídios e fundos governamentais para pesquisa e desenvolvimento. Metade desses subsídios, pelo que sei, foi cortado. E a única maneira das universidades repôrem esse dinheiro é aumentarem as propinas. No entanto eu não acredito que as mesmas subam de £3,000/ ano para £9,000/ano sem mais nem menos – seria uma diferença bastante acentuada e para ser sincera, os estudantes já mal têm dinheiro para dar £9,000 pelo curso todo (o qual dura normalmente três anos), quanto mais terem de pagar esse valor por cada ano de licenciatura.

 

Há muitas coisas a ter em consideração, e os 'Student Unions' (Associações de Estudantes) estão atentos ao desenrolar dos acontecimentos.  Convém salientar aqui que as Associações de Estudantes têm um peso muito grande nas decisões internas das Universidades. Para já eu não me preocupava com as propinas. Importante realçar que cada universidade cobra um montante de propinas diferente (as propinas aqui não são uniformizadas como em Portugal), o que quer dizer que talvez compense fazer uma pesquisa de preços pelas universidades do país.

 

 

Reconhecimento das  qualificações estrangeiras em Portugal:

 

Há uma grande confusão (e muita ignorancia) em Portugal no que diz respeito às equivalências dos cursos superiores tirados no estrangeiro, sejam eles em Inglaterra ou em qualquer outro país da UE ( e às vezes até fora da UE). Como provavelmente já é do vosso conhecimento, o ensino superior na UE agora é todo uniformizado graças ao processo de Bolonha. Isso significa que os cursos superiores tirados dentro da União Europeia têm a mesma validade, duração, conteúdos e nível de qualificação que os cursos superiores tirados em Portugal.

 

O que isto quer dizer é que em Portugal as qualificações do Reino Unido são obrigatoriamente acreditadas e aceites, de acordo com o que está escrito aqui.  Para mais informações acerca disto, contactem directamente o NARIC, eles são responsáveis pelo reconhecimento de diplomas estrangeiros. Se estiverem a ter problemas com o reconhecimento da vossa licenciatura europeia, reportem a situação à União Europeia usando o site SOLVIT ou façam uma queixa formal usando os dados daqui.

 

 

Empregadores em Portugal & candidatos com qualificações estrangeiras:

 

Infelizmente é do meu conhecimento que a maioria de empregadores em Portugal tem um certo preconceito em relação a candidatos que tenham formação académica no estrangeiro. Na verdade, a maioria dos empregadores em Portugal ainda discrimina face à idade, experiência profissional, sexo, e religião de um candidato, portanto não me admira que o façam em relação a qualificações emitidas no estrangeiro. Apesar de haver legislação para minorar estes problemas, Portugal ainda está muito atrás da Grã-Bretanha no que diz respeito à igualdade e diversidade no local de trabalho.

 

Na verdade, este preconceito em relação a candidatos com qualificações estrangeiras prende-se com a geral falta de conhecimento que existe, e também com a necessidade que certas companhias/ empresas têm de cortar custos. Portanto inventam mil e uma desculpas para contratar pessoas altamente qualificadas por metade do custo. A minha perspectiva é simples: se o empregador não dá valor ao candidato que esteve três ou mais anos a investir na sua educação num país estrangeiro, a falar uma língua que não é a dele e a viver numa cultura que é estranha, então esse empregador não vale a pena, porque não reconhece que adaptabilidade, iniciativa pessoal e força de vontade (além de gestão de tempo e dinheiro) são qualidades importantes num trabalhador. Melhor fazer como eu, fiquem por cá – de dois em dois anos são normalmente promovidos e se forem mesmo bons naquilo que fazem, podem vir a ganhar muito bem 3-5 anos após terem terminado o vosso curso, numa empresa que vos respeita e valoriza como trabalhadores mas também como pessoas individuais.

09
Mar10

Semana cheia...

Little Miss Sunshine

Esta semana começou super calminha, mas ainda hoje é Terça-Feira e já o meu diário para o resto da semana está completamente cheio. Não sei como vou fazer para conseguir encaixar tudinho direitinho. Amanhã, por exemplo, tenho tanto que fazer que só vou ter 30 minutos de almoço - se tanto - e estou a prever saír do escritório só lá pelas 21h.

 

Entre escrever uma proposta para um novo projecto, rever trabalhos académicos dos meus alunos (inclusivé uma tese de mestrado), e ainda criar uma nova estrutura de preços para a consultadoria, estou mesmo a ver que não me vou conseguir pirar da universidade cedo.

 

E hoje, apesar de ter ficado em casa (não fui ao meu curso de formação profissional, porque a minha sobrinha veio cá e eu estava a precisar de um tempinho de descanso e diversão), ainda tenho bastante leitura para fazer e tentar adiantar o máximo possível para as aulas de Quinta-Feira. Hoje vai ser até às tantas também... E eu prometi a alguns dos meus estudantes umas surpresas (para aqueles que se deram ao trabalho de usar as fontes de informação requisitadas) e também tenho de arranjar tempo para comprar as mesmas...

 

Não me estou a queixar, afinal eu faço aquilo que eu gosto, mesmo... Mas por vezes custa-me acompanhar este ritmo alucinante. Já não tenho mais 20 anos e apesar de ainda estar no 'prime' da minha vida, parece que ando mais cansada mais rápidamente, por muito que tente descansar, é difícil ir para a cama cedo.

 

Acho que este é um dos grandes problemas de trabalhar no Reino Unido. Aqui, ou se é um 'workaholic' e se faz bastante dinheiro à custa dos nossos tempos de lazer e descanso, ou então não se faz muito dinheiro e se anda numa luta constante para pagar as contas. O meu marido bem diz que a qualidade de vida aqui é muito pior, porque apesar de se conseguir fazer bastante dinheiro, na verdade demora muito tempo mesmo até se conseguir juntar uma quantidade razoável, e não se vive. Não se vive essencialmente porque para visitar os amigos e família gasta-se imenso dinheiro em transportes, e como normalmente se trabalha de manhã até à noite, quando chegamos a casa nem sequer queremos saír à noite, ou espairecer.

 

Para ter uma vida social aqui, ou se gasta muito dinheiro, ou se sacrifica a nossa hora de descanso, e muitas vezes não queremos desperdiçar nenhum dos dois e por isso ficamos confinados a uma existência de casa - trabalho - casa. Vai fazer 6 anos em Setembro que moro no Reino Unido e só visitei três ou 4 localidades neste país... Só isso prova tudo o que já disse...

03
Fev10

---> 8 Dias <---

Little Miss Sunshine

Faltam 8 dias para eu começar a contagem decrescente para o regresso do meu marido ao Reino Unido. 8 Dias para sairem os papeis oficiais do nosso casamento, e 16 dias até à entrada do pedido de visto... Depois disso, é só mesmo esperar que não levantem ondas, e emitam o visto o mais rápido possível.

 

Tenho de vos ser sincera, tem sido complicado gerir a distância. Dia 15 faz 1 mês que não estamos juntos. Graças às novas tecnologias, podemos conversar e ver-nos um ao outro, mas isso não é o mesmo que tê-lo aqui, ao meu lado. Ontem à noite, por exemplo, passei super mal. Acho que comi algo que não me caiu bem. Acordei às 2 da manhã, super mal disposta, e sem ninguém para me ajudar. Acendi a luz, e levantei-me. Percorri mentalmente todos os nomes dos meus amigos que moram aqui perto, ou aqueles com carro que facilmente me poderiam levar ao hospital se disso houvesse necessidade... Ninguém.

 

Senti-me triste. Rápidamente constatei que não há ninguém da minha confiança, que eu sinta que posso pedir ajuda se estiver a passar mal a altas horas da noite... E senti-me sózinha. Olhei para a Daisy, que estava deitada aos meus pés. Ela levantou a cabeça de onde estava, mas depois voltou a dormir. E pela primeira vez desde que vim para o Reino Unido, eu tive medo. E não gostei.

 

Fiz um chá de funcho, e sentei-me no sofá-cama a pensar na minha vida. Se não dão o Visto ao meu marido, o que é que vou fazer da minha vida...? E respirei fundo, com o estômago e o coração pesados, se bem que por razões diferentes. Ao fim de meia hora já estava melhor, e deitei-me. Deixei-me dormir a pensar nas nossas férias juntos e de como fui feliz aqueles dias. Não quer dizer que não seja feliz agora, mas sinto-me incompleta, e isso perturba qualquer traço de felicidade. Deixei-me dormir, mas não apaguei a luz...

 

18
Dez09

Menos dois...!

Little Miss Sunshine

Ontem à noite nevou como se não houvesse amanhã... Só para terem uma noção do frio por estes lados, são 10h30 da manhã e estão -2ºC!! Está tudo branquinho em todo o lado, as escolas estão fechadas, a universidade também, e eu fiquei em casa. Ainda estou a recuperar da minha garganta, e não quero ficar pior!

 

Era para ir a Londres, para ir buscar umas últimas coisas para levar para o meu noivo, mas não me parece que consiga ir. As redes de transporte estão todas restringidas a serviços minimos, e ainda se prevê mais neve para o fim da tarde. Este é o primeiro ano desde que eu aqui moro (e já moro aqui há mais de 5 anos) em que neva durante Dezembro - normalmente a neve só vem lá para Fevereiro. Os Britânicos até fazem apostas para ver se neva no Natal, e acho que este ano estão com sorte!

 

E por falar em sorte, os documentos do Brasil chegaram ontem. Quando voltei a casa do trabalho, estavam à minha espera. Agora só falta aparecer a carta com a minha certidão de nascimento para podermos marcar as coisas como deve de ser. De qualquer forma, mandei um e-mail extenso ao cartório onde planeamos casar, com uma série de leis, porque disseram ao meu noivo que a procuração não é válida devido a uma cláusula de mudança de nome que já não se aplica na lei Brasileira.

 

Quando o meu noivo me disse isso, fiquei de coração partido, porque pagámos um bom dinheiro para fazer o raio da procuração, mais correrias entre notário e Consulado Brasileiro, e agora não a querem aceitar??!! Ah não!!  Lá fui investigar, e encontrei no código civil Brasileiro um artigo que é bem capaz de nos salvar a vida... E agora estou à espera da resposta deles...

 

Pedi também que as proclamas (editais) fossem dispensadas por motivo de urgência , algo também previsto na lei Brasileira. A lei Brasileira não especifica a urgência per se, o que quer dizer que vai depender da benevolência do juíz  aceitar a minha urgência como válida...e eu tenho esperança de que haja um pouco de compaixão por parte deles, considerando que já vai ser bem difícil viver sem o meu noivo durante os dois meses que seguem ao casamento... (Man! Eu devia ter sido advogada...!)

 

Nesta altura estou a torcer para que o nosso casamento ainda se realize enquanto eu estiver no Brasil...! É tudo o que eu quero.

 

O resto é história!

 

Vou ver se me aqueço, porque tenho o aquecimento no máximo, mas a casa está um gelo...!

 

 

10
Set09

Vou aparecer no jornal local!

Little Miss Sunshine

Parece que aqui a 'je' anda a passar por uma fase bem boa em termos profissionais e pessoais. Não era para menos, têm sido 5 anos de intenso trabalho e sacrifício, como vocês sabem. Agora, com a cerimónia da minha graduação (e eu sei que não me calo com isto, mas para mim isto é realmente algo muito importante), as pessoas que sabem da minha história de vida deram-na a conhecer ao departamento de PR e Media da Universidade.

 

Eles acharam que a minha história era realmente muito interessante e pediram-me para redigir um texto... Eu estáva naquela de não mandar o texto, tenho andado cheia de trabalho na Universidade, ando a acumular trabalho de três cargos como vocês sabem, e como tal, quando chego a casa só quero mesmo comer qualquer coisam, ver a novela da SIC (hihihihi - graças ao meu amigo Miguel da Bélgica - uma beijoca grande!) e cama (a novela também acaba tarde, como sabem).

 

Lá arranjei um tempinho para redigir algo entre bocejos e preguiças, muito em cima do joelho, mas mandei a minha história. No principio desta semana recebi um email de uma pessoa do departamento de Media & PR na universidade a dizer que estavam interessados em fazer um artigo sobre mim, sobre a minha história e a minha batalha por um lugar ao sol no Reino Unido. Queriam entrevistar-me  ainda esta semana e tirar fotos da minha graduação (eu a receber o meu diploma do Mestrado).

 

Não sei se já vos tinha dito, mas o ano passado eu apareci no 'Daily Telegraph' graças ao meu trabalho. Este ano vou aparecer num suplemento dedicado às cerimónias de graduação da Universidade no jornal local, e possivelmente vou também aparecer no website da Universidade como parte da campanha de Marketing deles. A minha história vai circular por Hertfordshire e arredores, o que me deixa super feliz...

 

Para ficar ainda mais feliz... um certo Mr. Brazil will have to step up his game... Publiquei em baixo um resumo da minha história. Espero que gostem. Eu depois coloco uma foto com o meu artigo quando sair...

 


 

''My name is L., I am (still) a Portuguese mature student at the University of Hertfordshire, and this is my story...

 

I always liked to study different disciplines and subjects, because I like the challenge of studying something new, something that I am not familiar with. I think that’s what made me join the University of Hertfordshire as a student in 2004 – the desire for adventure alongside with the wish to take a higher education degree.

 

In 2007, when I concluded my BA (Hons) Humanities, with a major in History, and minors in Eng. Literature and Business Communications, I was not keen to pursue any Masters degree.

 

During the three years I was studying for my undergraduate degree, I worked really hard, many times taking on a work full-time schedule, often running between my job and the University. I had to work really hard to pay for my accommodation, my food and my books. I was studying full-time, so I really had to plan my days to the minute and make the most of my already scarce free time. Sometimes I would study at work, during my lunch hour – Studynet was an invaluable tool throughout my whole degree because it allowed me to catch up on the lectures and review all the lessons, something I did mostly at night.

 

For three years I had no social life. Dealing with homesickness and other challenges along the way made me stronger and eager to succeed.  I still remember when I arrived to this country... Full of dreams and hopes, I left my already established life in Portugal, and all that was so familiar to me, for the experience of studying abroad and enhance my CV.

 

I had £300 of savings when I got here, no job, accommodation paid for 3 months and absolutely no clue about how the UK’s life style was or how the UK’s education system worked. Adaptation was tough but I pulled it off after just one month. I secured a job selling handbags in a stall at the Galleria Outlet Centre less than a month after I arrived to Hatfield. After that job, many others followed, and step by step I worked on my qualifications as well as on my work experience.

 

When I finished my undergraduate studies, I did not want to do a Masters degree. The previous three years had been so hard, and I was so proud of my 2:1, that I just wanted to enter into the job market and start working on my career goals. I was 29 and time was running so fast - but my friends really encouraged me to do a Masters degree, as I was a very consistent, bright student.

 

I applied for the Masters degree and waited. In August, 2007 I was accepted at the MA Marketing. My natural ability to multi-task allied to good time management skills made me a suitable candidate to take more than one job on board whilst I was studying.  By December 2007, I was running between three jobs – one of them with Nespresso. It didn’t take long for some of my lecturers to notice me and on March, 2008 I was invited to join the Graduate Consulting Unit (GCU) as a Graduate Researcher. 

 

After that, it was one success after the other, thanks to a lot of work, dedication and a little bit of luck too. I finished my MA with commendation and was promoted to the Unit’s Lead Researcher that same year. I manage/lead the research/ projects undertaken by graduate researchers at the Graduate Consulting Unit, supporting the graduate researchers all throughout their work.

 

More recently this year I was appointed Blended Learning Programme coordinator, and I will be leaving the GCU to pursue that role on a more permanent basis.

 

 

Working at the University has also allowed me to continue my learning and I am currently undertaking my second Masters Degree (this time in Computer Science) in a part-time regime. I am not thinking about going home anymore and I have made the UK my second home.''

 

 

12
Dez07

Impávida e serena...

Little Miss Sunshine
Última semana de aulas. Como manda a praxe, não ponho lá os pés - nas aulas, porque fui à uni entregar lembrançazinhas de Natal a duas das minhas amigas, uns chocolatinhos minusculos porque isto não dá para mais. Ando mal de massas, toda a gente sabe, e este Natal vai ser a contar o tostãozinho no fundo da carteira.

Anyway - passa à frente que farta de me ouvirem devem estar vocês, gira o disco e toca o mesmo! - a carta de despejo para o casal do lado ainda não chegou e hoje já tenho uma futura housemate em linha. Vai no segundo curso superior, é inglesa mas arrumadinha e parece que paga as contas a tempo e horas (pelo menos é o que ela diz).

Não me parece que faça ondas como o casalito do lado, o que para mim já é muito bom e se for asseada, melhor ainda.

Para a semana, três dias de trabalho, e sem aulas isto vai ser bonito. O rapaz vai trabalhar a semana inteira para ver se começamos bem o ano, e eu vou ver se ponho os trabalhos da universidade em dia. Com três trabalhos e um teste, Janeiro avizinha-se ser um mês de alguma inquietação e muito trabalho.

Mas depois vêm as férias do semestre e eu queria ver se ía a casa nessa altura. Ando mesmo com saudades de casa. Ando tão  mal, tão mal, tão mal, que ontem me deu para ir ao 'YOU TUBE' ver videos sobre o Barreiro, a minha terrinha.

Com a aproximação do Natal, imagino que deva estar tudo decorado com luzes nas avenidas principais, e aquele cheirinho tão peculiar no meu bairro por esta altura, uma vez que o pessoal acende as lareiras para receber a família que vem juntar-se à mesa numa ceia tradicionalmente farta. (suspiro)

Não é justo. Este Natal vai ser dos mais tristes para mim. Ando desanimada. Montei a àrvore de Natal e comprei caixas de chocolates a £1 cada só para poder ter prendinhas debaixo da àrvore. Pus luzinhas nas janelas só para me lembrar daqueles tempos em que o Natal em minha casa era barulhento, trabalhoso mas feliz. Lembro-me daqueles dias de véspera em que eu acordava cedinho para fazer as fatias douradas, ou as filhóses à moda do Porto, a aletria e o arroz doce...

O meu pai e a minha mãe íam cedinho no dia 24 buscar à pastelaria as azevias - que por serem muito trabalhosas não se faziam em casa - e os coscorões, e o tronco de Natal. Estendiamos os doces na mesa da sala de estar, que era também a sala de jantar já que a sala de jantar propriamente dita tinha sido convertida em escritório/ biblioteca.

O bacalhau começava a cozer lá para as seis. A família chegava entretanto quase sempre por essa hora - altura em que a mesa já estáva devidamente posta, e a lareira crepitava lançando bafos quentes para dentro daquele espaço, que cheio de gente animada dava uma outra luz à casa.

Olhando para trás, posso dizer que os meus Natais foram sempre especiais. Uns anos mais que outros, o meu espírito de Natal sobrevivia de contentamento e hoje questiono muitas vezes se os meus filhos um dia terão essa mesma sorte. O Sidd não entende o Natal como eu, que o vivi a vida inteira. Para ele o Diwali tem o mesmo significado, mas as tradições são diferentes e os sentimentos raramente se misturam.

O meu Natal podia ser pior. Apesar de estar a passar por algumas adversidades, a verdadeé que neste Natal não vou ficar sózinha. Posso não ter a família toda à minha volta, os cães a correr entre as minhas pernas e a gata a miar sorrateiramente à janela, mas pelo menos tenho o Sid e tenho a Daisy. E vou tentar arranjar bacalhau, mesmo que pouco, só para poder ter o gostinho de voltar a casa - nem que seja só na imaginação...

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