Fico magoada por ver pela internet (e não só) tantas demonstrações de ódio entre dois países que se deveriam dar como irmãos. Eu sempre ouvi dizer que o passado ficou para trás e é para ser esquecido. Amigos diziam-me isso quando eu chorava por ter perdido um namorado, os meus pais diziam-me isso quando eu lhes lembrava algo que fiz ou disse anos atrás... Mas na verdade as pessoas dizem essas coisas, mas não fazem. Preconceitos todos temos - e eu não sou perfeita. Mas é o que fazemos desses preconceitos que nos define como pessoas de boa índole ou nem tanto.
Aqui em Inglaterra estamos habituados a conviver com várias nacionalidades e várias etnias. Tolerância é palavra de ordem, e o engraçado é que aqui temos de ser unidos mesmo, porque também há pessoas ignorantes que se acham superiores, na sua maioria Ingleses. O facto de sermos imigrantes dá-nos uma perspectiva das coisas que não teríamos se estivéssemos em Portugal.
Quando eu disse à minha família que me ía casar com um Brasileiro, eu sei que muitos inicialmente não aprovavam da minha decisão. Foram precisos alguns meses, uma ida ao Brasil e outra a Portugal para que as coisas começassem a ser aceites e a cair na normalidade. Na minha cabeça, não entendo o porquê desse estigma contra o brasileiro, e o que mais me irrita é mesmo colocarem toda a gente no mesmo saco.
As pessoas não são todas iguais, e se há criminosos Brasileiros, também há criminosos Portugueses. O que não podemos assumir é que porque os há, todos o são. Nós temos muito a mania de tratar os outros de forma inferior, e de nos acharmos os maiores - só por isso nós já estamos a ser pessoas inferiores. Eu não quero dar aqui lições de moral a ninguém, mas após 6 anos a morar em terras Inglesas, eu já noto a diferença de pensar e agir entre mim e a minha família e amigos, por exemplo. Eu sou muito mais tolerante e já há certas coisas que não me chocam - mas chocariam a eles, quase de certeza.
Viajar abre os horizontes das pessoas, faz com que estas ganhem uma consciência de que somos realmente todos diferentes, mas no fundo somos todos humanos mesmo, com sangue quente a correr nas nossas veias, e por isso mesmo merecemos todos ser tratados de forma igual independentemente do credo, religião ou nacionalidade.
Num jogo de futebol, por exemplo, as coisas deviam ser celebradas com amizade e alegria: ninguém naquele jogo ía perder, pois ambas as equipas já estavam seleccionadas para os oitavos de final. Por isso, quando vi e ouvi das barbaridades entre Brasileiros e Portugueses em Portugal após o jogo, fiquei revoltada.
Aqui em Londres o clima foi de muita alegria e celebração. Claro que houve sofrimento de ambas as partes também, mas ninguém culpabilizou ninguém de nada. Nem precisava, já que o jogo terminou em empate. Como estou casada com um Brasileiro, dou-me muito mais com a comunidade Brasileira aqui em Londres - mas em 6 anos de vida aqui, os meus amigos portugueses contam-se pelos dedos... Já os Brasileiros, ultrapassam em vasta maioria o número de portugueses com quem eu me dou por estas bandas.
Por isso chega de ódio!!
Duas nações irmãs dever-se-íam unir contra o mundo e não contra elas próprias.
Nos jogos do Brasil eu vou continua a apoiar a equipa Brasileira de camiseta azul ou amarela, como tenho feito até hoje. Nos jogos de Portugal, vestirei a minha camiseta Portuguesa para dar sorte. Tenho orgulho de ser Portuguesa, mas tenho muito mais orgulho de ser uma Portuguesa ENTRE Brasileiros.
... não é que tenha coragem de o fazer, mas ultimamente apetece tanto... Só de olhar para ele o coração pára. Hoje pôs-me a mão no ombro e eu tremi todinha por dentro... É bom poder sentir tudo isto de novo - já sentia falta desta emoção descarada de querer algo que eu sei que não posso ter. Dá um sentido novo à minha vida... Faz o meu sangue correr depressa nas minhas veias, faz-me corar de vergonha feliz, faz-me sorrir e rir e saltar a caminho de casa a pensar nas últimas palavras que trocámos, nos olhares que cruzámos... Eu sei que sou só eu a ver coisas, mas esta química é tão forte, que não acredito que possa passar assim, despercebida...
Mas atenção - da imaginação à pratica vai uma graaaande distância. Não condeno quem salte a cerca - desde que tenha boas razões, e que o faça com tino. Não magoar quem nos ama é mesmo o mais importante. Mas não sei se alguma razão realmente justifica um acto de tamanha falta de chá...
Eu já tive no lugar da traída, e no lugar da traidora. Por vezes é complicado. Mas a juventude era outra, e os relacionamentos também... As coisas eram diferentes, não haviam tantas cordas, não haviam tantos stresses. Não me perdoo por ter magoado, mas também não perdoei quem me magoou. Às vezes acho que isto é tudo uma carga fatal de falta de intimidade. Tenho saudades de me sentir segura nos braços de um homem que não me pergunte como fazer um quadro no powerpoint, ou como resolver um enigma de senso comum.
Só me apetece cair nos braços de alguém que me ampare e não me faça tantas perguntas, apenas me abrace forte e me dê muito mimo, sem porquês nem quandos, num local secreto, longe de tudo e de todos... Ando cansada da rotina que se instalou na minha vida - e o pior é que eu não a consigo quebrar por nada!
Ás vezes pergunto-me como é que as pessoas se casam? Porque eu estou numa relação que nem dois anos tem e já me sinto assim... O máximo que estive com alguém foi mesmo três anos, e quando caímos na rotina as coisas azedaram.
Por isso, como é que se consegue manter um casamento? Porque eu não entendo como é que ao fim de dois anos eu já não posso aguentar mais esta relação. Gosto dele - simplesmente não há emoção e para mim, emoção é tudo... A atracção desvanece e o que é que fica? Como é possível que as pessoas vivam vidas inteiras juntas? Se calhar o problema é meu? Se calhar eu é que não consigo deixar de achar que do outro lado a relva é sempre mais verde e volta e meia, deixo tudo para trás em busca de melhores pastos...
Eu só quero é sorrir outra vez. Preciso de TLC. Montes de TLC. Entretanto vou sonhando com ele, e sorrindo a pensar nele - porque em pensamentos esta traição vai no auge - e é do melhor que há...
Há técnicas que podem ser aplicadas, com sucesso, na sua relação. Conheça os truques fáceis... e eficazes!
Se gere a sua casa como se fosse uma empresa, com orçamento e encargos repartidos, se tem um plano de actividades e de trabalho para toda a família, por que não dar mais um passo no mundo da gestão e passar a tratar a sua relação como um produto?
Um produto que deve ser estudado e trabalhado, para o qual devem ser delineados objectivos e um plano de marketing, com o propósito de transformar a relação num chamado produto-estrela.
Esse é o conceito que presidiu à escrita do livro «Márketing de pareja – las mejores técnicas de márketing para convertir tu relación en un producto estrella», um bestseller em Espanha, ainda sem tradução nem edição em português.
David Suriol e Miguel Janer, ambos jornalistas (o primeiro também empresário e o segundo escritor), são os autores deste livro (Ediciones Granica) que demonstra que, se uma boa campanha de marketing é capaz de converter um bom produto num êxito, pode fazer o mesmo no campo afectivo.
Os destinatários são casais com cinco ou mais anos de relação que sintam os efeitos da rotina, «o pior inimigo da relação que chega quando não se estabelece nenhum plano concreto de trabalho», segundo eles.
Truques e compromissos
Recuperar ou manter o brilho inicial da relação e conseguir que ambos os elementos do casal trabalhem com objectivos comuns são duas metas desta obra.
O ponto de partida, como explica David Suriol à saber viver, é assumir o casal como uma unidade (e não a soma de um mais um!) e indissolúvel, «senão, em que é que estamos a pensar? Que a nossa relação é temporária?».
A individualidade de cada um não se deve perder, mas cada um deve saber «que faz parte de um projecto formado livremente por duas pessoas». Este produto tem de se aperfeiçoar todos os dias, garante o especialista em estratégias de marketing e comunicação.
E qual a melhor forma de manter um casal operacional? «Ter um plano», responde rapidamente. O casal deve então, em conjunto, e recorrendo à análise de marketing conhecida por SWOT (strengths, weaknesses, opportunities and threaths), avaliar os pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças que desafiam o seu produto.
Para saber como deve fazer essa análise, clique aqui.
«Essa avaliação é como o GPS da relação», sintetiza David Suriol, que indica ainda que a esta análise deverá seguir-se o delinear da estratégia e dos objectivos a curto e médio prazo.
Política de comunicação
A falta de comunicação, seja a real troca de palavras ou de gestos cúmplices, é também grande inimiga do casal e a principal causa de separação, quando um ou os dois membros do casal são meros espectadores.
Como nas empresas, para o casal funcionar bem é fundamental que haja uma boa estratégia de comunicação.
Aqui têm de ser imaginativos, uma vez que devem operacionalizar a comunicação interna e externa, as campanhas de publicidade, teasers e a comunicação de crise.
Um plano de distribuição também é obrigatório, gerindo as prioridades, o tempo e o espaço entre o casal... Como frisa o autor, «todos os dias têm de conversar».
E os filhos? «Os filhos não são parte do casal, são frutos do casal», pelo que «temos de definir limites claros».
«É muito aconselhável fazer um plano de marketing para a relação», sendo que isso significa «recuperar o senso comum das gerações anteriores com uma linguagem mais moderna. Mas em conjunto. Se numa empresa não se deixa o director de marketing fazer tudo o que quer, num casal isso também não pode acontecer. O plano deve ser consensual e os objectivos definidos por ambas as partes», sublinha.
Estratégia de marketing
Saiba como a implementar... a dois!
Missão
É o que define uma empresa: o que produz e como, e a quem quer vender o produto. Os dois elementos do casal devem definir, à partida, o que querem ser enquanto casal e os seus objectivos.
Não é fácil, mas deve conseguir fazê-lo num parágrafo, como se de um objecto social de uma empresa se tratasse (como diria um empresário, «a minha empresa importa e vende roupa de criança»).
Produto
Não é só o bem ou serviço, criando-se uma relação idealmente duradoura entre a empresa e o cliente. No casal, é muito mais do que o intercâmbio de «bens» entre duas pessoas (carinho, compreensão, companhia, sexo...).
O produto é a relação e essa tem de funcionar bem, e cada vez melhor. Os dois elementos do casal têm de trabalhar para o mesmo objectivo.
Comunicação
Para que os produtos sejam reconhecidos (comprados e tenham êxito) é necessária uma boa campanha de imagem e comunicação. O mesmo se passa com a relação conjugal.
Para converter o casal num produto-estrela, têm de ser delineadas campanhas de comunicação interna e externa.
Distribuição
Para chegar aos seus consumidores, o produto precisa de uma boa rede de distribuição.
Fazendo a analogia, o casal precisa de distribuir adequadamente o seu tempo, o espaço de cada um, as prioridades e uma boa política de contrapartidas.
Texto: Joana Andrade com David Suriol (co-autor do livro Márketing de pareja)
Se há coisa que eu odeio é ter pessoas a 'chaguar-me' o juízo logo de manhã. Começou com a porcaria do alarme no telemóvel a altos berros às 7h da manhã! Eu compreendo que o Mister tem de se levantar cedo - normalmente até sou eu que me levanto primeiro, mas hoje ele teve de ir para Londres tratar do visto Português. Só que por favor! É o meu dia de folga!!! E eu sei que tenho de ir ao ginásio e assim, mas irritou-me logo.
Normalmente eu acordo sem alarmes, e enquanto o menino fica na caminha eu vou preparar o meu pequeno almoço, lavar-me e vestir-me, muitas vezes até aproveito para adiantar as coisas para o resto do dia. Quando muitas vezes digo que quero estar no ginásio às 10h, nunca estou antes das 11h porque o menino demooooora a vestir-se e a arranjar-se! Depois lá tenho eu de vir toda stressadita do ginásio para fazer o almoço, pois quando saímos de lá é mais do que hora de comer!
Mas hoje foi mesmo a gota de àgua. Esteve mais de 45 minutos debaixo do chuveiro! Depois de eu lhe ter dito montes de vezes que tinhamos de poupar na electricidade e que se continuassemos a deixar as televisões em stand-by, e as luzes acesas, daqui a dois meses temos uma conta astronómica para pagar e ninguém vai ter pena de nós se o dinheiro não chegar. E acreditem, não vai chegar, porque com a minha mudança de emprego as coisas estão complicadas para o mês que vem... Vou receber muito pouco, até porque as minhas férias são sem vencimento.
E depois, quando constatou que não sabia onde tinha de descer no metro para ir ao consulado português, e eu - que já estáva fresca - lhe respondi que é sempre o costume, que sou eu que tenho de lhe dizer tudo, que se não fosse eu ele chegava atrasado e a más horas ao ponto de não ser recebido, enfim, uma catrefada de verdades, porque eu não sou de falar sem ter provas daquilo que digo! Ele então sai-me com um 'shut your mouth' assim do nada.
'Shut your mouth'??? Mas que merda vem a ser esta? Eu estou-lhe a chamar a atenção para uma coisa que ele faz mal, um problema que ele tem (não é nada previdente, nada, nada!) e ele manda-me calar? Ainda por cima, manda-me calar desta maneira? Foi o pior que me podia ter feito. Desatei logo aos berros - eu então! Mas que é isto? Mandar-me calar às oito da manhã? É parvo, só pode! E claro, as coisas que têm estado muito mal começaram a subir por mim a cima e eu comecei a disparar em todas as direcções.
O gajo nem ai, nem ui. Foi-se embora. Assim, sem mais nem menos. Deu-me um beijo na testa e foi-se embora. É que nem sequer um 'desculpa.' Simplesmente foge ao conflito e não me deixa bem. Deixa-me mesmo irritada porque não tenta apaziguar as coisas, não tenta sequer resolver as coisas. Agora foi de cu alçado para Londres e eu estou aqui toda irritada só me apetece partir a merda do quarto todo!
Porque ele está bem, eu sei que está....
... um pedido de desculpas pelo telemóvel. Típico. Mas eu é que fiquei a falar sózinha. E assim começa o meu dia! Uma bela bodega! Vou para o ginásio.
Se ele me volta a dizer 'shut your mouth' vai ficar a dormir na rua. Ai vai, vai!
Hoje, num momento de solidão, pensei muito acerca do que tenho, e daquilo que me rodeia. Cheguei à triste conclusão de que, muitas vezes, o mundo onde estou inserida está cheio de lacunas, sendo a maior delas a falta de comunicação entre outras pessoas e eu. Nunca fui muito social, e estou convencida que, se tive muitos namorados quando era mais miúda, isso tinha a ver com o facto de ser loirinha de olhos verdes e magríssima, o que fazia de mim a pessoa ideal para mostrar aos amigos.
Assim, no emprego, recuso-me a demonstrar o meu desagrado quando estou descontente com algo. Guardo só para mim a inquietação, a frustração e o sofrimento de estar a fazer algo que detesto - mas que tenho de fazer para poder completar o meu mestrado. Tenho medo muitas vezes de ser desagradável, medo que a panela de pressão rebente e com ela, a estabilidade profissional (mesmo que a mesma seja provisoria até algo melhor aparecer pelo caminho)... Preciso do trabalho e sujeito-me muitas vezes a situações e a coisas que me arrepanham a pele, que me deixam de monco caído e me fazem chorar, berrar, revoltar com o mundo mais próximo - o meu companheiro...
E depois, tal como um ciclo vicioso, começa tudo outra vez. Não se fala, assiste-se cada vez mais a televisão, joga-se cada vez mais a jogos de computador, dorme-se. Um quarto que estava cheio de conversas alegres, outras nem tanto... agora está muitas vezes vazio de conteúdo, de vontade, de desejos. E enquanto pensava nesse vazio, pensei também do quão diferente a minha vida se tornou daquilo que eu queria, daquilo que eu esperava. Se fui muitas vezes além das minhas possibilidades, na minha relação acho que as coisas andam muito aquém das minhas expectativas.
Talvez seja a falta de comunicação que ultimamente se instalou entre nós. Acordamos, vamos ao ginásio, muitas vezes fazemos esse caminho calados. Chegamos a casa, tomamos duche, almoçamos e depois passamos a tarde ou agarrados ao computador, ou a dormir. Não há intimidade, não há afecto, carinho. Pergunto-me onde foi tudo isso. É suposto ser assim? Uma relação é suposto transformar-se numa rotina sem nexo ou sentido?
Por muito que respeite e ame o meu namorado, há muitas questões em aberto na nossa vida, e maior inactividade. Será que em miúda li muitos livros da Danielle Steel ao ponto de me ter tornado uma romântica irremediávelmente perdida? Sempre achei que numa relação sincera, o fogo não desaparece, a chama fica sempre acesa. Mas apesar de olhar para o meu companheiro vezes sem fim, e vezes sem fim o achar extremamente atraente, nós simplesmente não conseguimos comunicar.
De há alguns meses para cá então ele começou a responder-me, a levantar-me a voz, e a ignorar-me com maldade mesmo quando a minha vontade é gritar porque lhe disse mais de 200 vezes que o tampo da sanita é para baixo, que o chuveiro é para ser desligado depois do uso (é electrico), que eu preciso de ajuda porque não é só roupa lavada e comida na mesa... Eu não sou empregada doméstica, e muito menos trabalho num hotel...
E por muitas vezes nos acomodamos às situações e nos deixamos levar, um dia depois do outro, sem grandes expectativas para o futuro. Quando ele discute casamento, parece muitas vezes que está a falar de um chocolate qualquer que ele pode ir ao supermercado buscar só para me ver sorrir. Mas o problema é que eu me apercebi que já nem essa perspectiva me faz sorrir. Será que é ele mesmo o meu par ideal?
O que me garante que ele é? Porque nesta altura eu tenho muitas dúvidas acerca do meu futuro. Depois de acabar o mestrado, não sei para onde vou ou com quem vou. Mas garanto-vos que por boa pessoa que o meu Sid seja, ele é muito inexperiente nestas coisas do amor, e eu tenho expectativas demasiado altas para que um novato nestas andaças se aperceba.
Ultimamente, faz-me mais mal estar aqui presa, noites a fio, sem companhia, sem uma palavra amiga. É tudo à base de cobranças, desentendimentos, chatices e falta de compromisso. Não há uma certeza, só algumas incertas realidades as quais ele nem se quer se dá ao trabalho de resolver antes da chatice acontecer. Ainda estamos à espera do passaporte dele. E se não vier esta semana, eu vou para Portugal sózinha.
Se isso acontecer, então não adianta reparar um mal que já está mais que anunciado. Sinto que posso encontrar um homem que me faça o coração entrar em ebulição, que me dite as regras sem me as impôr, que me deixe segura sem medo do futuro. Um homem que não promete o que não pode cumprir, mas que é suficientemente maduro para me poder oferecer um estímulo mental diferente daquele que hoje tenho.
O Sid tem sido uma lufada de ar fresco na minha vida, mas acomodou-se. E o meu coração já não chama por ele tão fortemente como antes. Se as coisas continuam assim, então eu recuso a aceitar que a minha vida afectiva (e eu) se (me) torne em mais um dado adquirido.
Opá, não sei, devo de estar com o periodo a aparecer! Ou então já estou a ficar com os nervos de ter de ir apanhar avião depois de amanhã, ou pior ainda, é da àgua que eu tenho andado a beber que atrofiou o meu cerebro... não sei! A verdade é que estou mesmo irritada, desde hoje de manhã, quando o meu gajo me pôs à frente as minhas papas de aveia completamente AGUADAS! Eu sei que ele queria agradar e o caraças, mas não há desculpa que o ilibe da falta de interesse naquilo que eu gosto ou que me faz feliz! Eu ontem tinha feito as papas de aveia mesmo à frente dele!
Estou farta de discutir com o gajo. Farta. Hoje foi o dia todo. Está a dar comigo em louca. É concessões que não se fazem, trabalho que não se faz e aqui a burra de carga que arque com a responsabilidade toda desta relação. Não sei, juro que não sei o que é que fiz para merecer isto. Bolas! Todos os dias acordo com uma carrada de roupa para lavar, quarto para aspirar porque a Sra. Daisy além de estar com o cio (e por isso mesmo, só se roça em tudo o que é canto - seja o canto da secretária, da TV, do computador, da porta, da cama - É que GRAÇAS A DEUS que não é gato, senão o que já ía de marcação de território eu nem quero pensar!!!!), anda a largar muito pelinho e isto de partilhar um quarto (por maior que seja) com uma felina de temperamento mais difícil que a própria dona (eu), é OBRA!
E depois é o facto de nesta altura o Sr namorado/ parceiro não querer fazer mais horas no trabalho - apesar de poder, uma vez que se encontra de férias e o limite de 20h semanais imposto pelo Visto de estudante não se aplica neste periodo. Está a fazer 16 horas e nem sequer quer ouvir falar em fazer mais horas... Nós andamos a contar os tostões e eu já subi de 20h para 30h as minhas horas no supermercado.
Não era grave, se eu gostasse do que faço, mas eu odeio aquele supermercado. Odeio os conflitos, as fofocas, as intrigas, o ter de correr de um lado para o outro sob o olhar e escrutínio dos clientes e gerentes, e ainda por cima ter de fazer tarefas em cima de tarefas só para poder ganhar um pouco mais de dinheirinho para quando for a Portugal em Agosto e posteriormente, quando iniciar o meu Mestrado.
Outra coisa que me irrita é o facto de querer sair daqui e me sentir constantemente presa. Estou presa às obrigações e às relações. É o trabalho, mais tarde vai ser o empréstimo de três anos para poder pagar o mestrado, é o namorado, é o próprio Mestrado, a Daisy... (suspiro) Não há meio de me poder pôr a andar daqui para fora tão cedo, e eu odeio Hatfield - nesta altura então, toda a gente vai de volta a casa e isto fica deserto... Pior que tudo é eu ver os meus amigos partirem e eu ficar por aqui, presa a tanta coisa que nem sequer me faz mais feliz (provavelmente porque tudo se tornou, de repente, numa obrigação...).
Depois de constatar estas coisas, muita gente me pergunta porque raio é que eu não mudo então? Pois... Fácil de fazer na teoria, mas não lá muito prático. Mais, mudar-me daqui para onde? Portugal? Não me parece. Ainda ontem numa conversa com a minha mãe me apercebi que seria uma manobra de marcha atrás voltar a Portugal. Isto porque em Portugal ainda há muita gente que mata e esfola, ainda há muita gente que explora e destrata... Gente, leia-se empregadores.
Nesse aspecto Portugal não está na vanguarda. Enquanto mandava aplicações de emprego em nome da minha mãe, que presa num emprego a ganhar tuta e meia para sobreviver não conseguiu arranjar um emprego melhor que o de assistente de loja, apercebi-me o quão retrógada a minha pátria ainda está - especialmente quando comparada à vida Britânica.
A minha mãe esfolou-se para tirar um curso de licenciatura na Universidade Clássica, tem mais experiência e compromete-se mais que qualquer jovem recém-licenciado, enquanto tirou o curso andava também a educar e a gerir uma família de seis pessoas. Agora, que está sózinha (apesar de ter sempre os filhos, aos quais pode sempre recorrer), precisa mesmo de um emprego à altura dela, onde possa desfrutar descansada de uma carreira que pode muito bem ainda durar mais de 10 anos!!!! No entanto, aos olhos dos empregadores, a minha mãe está provavelmente expirada, e só porque tem 52 anos e os empregadores querem é malta jovem, e por isso nem sequer se dão ao trabalho de a chamar para uma entrevista.
Pois bem... Aqui em Inglaterra, há coisa de mês e meio, foi PROÍBIDO solicitar o famoso D.O.B. (date of birth - data de nascimento). Qualquer companhia que o fizer nesta altura do campeonato está sujeita a pesadas multas porque está a infringir a lei de igualdade. Agir contra esta directiva é considerado ACTO DISCRIMINATÓRIO e é PUNIVEL POR LEI. Ontem, enquanto preenchia vários campos de formulários de empregos portugueses em nome de minha mãe, só UMA companhia (das 10 a que me dei ao trabalho de mandar os dados) é que não considerava OBRIGATÓRIO dar a data de nascimento. No entanto, esse dado ficava à discrição do aplicante, que poderia ou não inserir tal informação se tal o desejasse.
Eu já sabia que as coisas em portugal estavam complicadas, a economia não permite criar tantos postos de trabalho quantos os seriam necessários... Mas valeu mesmo a pena tanto esforço para acabar um curso superior? De que vale ter uma licenciatura hoje em dia em Portugal? Porque pelo que sei, também é difícil arranjar trabalho qualificado para recém-licenciados jovens. Onde é que está o progresso? Onde é que está o incentivo para trabalhadores estudantes - porque em Portugal os mesmos são contemplados como um trabalhador normal, as regalias são limitadas (se as há) e muitas vezes se ouve dizer entre portas que 'estudar é um luxo e por isso não é prioridade´!?
Em Inglaterra estudar é prioridade. Talvez por isso tenham aqui os melhores médicos especialistas, os melhores gestores, os melhores marketeers. Talvez por isso, neste país se brinde à igualdade, porque se aprende com as diferenças dos outros. A tolerância existe, entre as classes cultas e educadas, onde barreiras ao conhecimento são muitas vezes substituidas por capitais de investimento para pesquisas e desenvolvimento de competências,
A minha mãe aqui arranjaria um emprego qualificado em menos de duas semanas. Aqui não há restrições de idade, condição física ou monetária, background político ou religioso. Aqui a pessoa é vista como uma aquisição importante de uma dada companhia, e que vai contribuir para o desenvolvimento da mesma, independentemente da maneira que for.
É injusto, pronto, é injusto... Mais, nesta altura tudo me parece mais que injusto. Estou farta de não saber que rumo tomar. Estou quase a chegar aos trinta. É já para o ano... e depois? Nem posso dizer que a minha relação caminha a passos largos para a felicidade, porque há-de haver sempre uma falta de interesse lactente, e para mim, falta de interesse é falta de amor. Tenho saudades de sentir aquele calorzinho no peito só numa troca de olhares... O meu coração diz-me que tem de haver mais que isto. Tem de haver mais para além disto...
Como é que sabemos que aquela pessoa é a pessoa certa? Como é que sabemos que vamos passar a vida toda com essa pessoa e ser felizes? O que é que nos diz que é a pessoa certa para casar, o que é que se sente? E se não for a pessoa certa? E se a pessoa certa está algures, à tua espera?
Por exemplo, hoje de manhã a minha gata escapou-se do meu quarto e, apanhando uma janela aberta saltou ao encontro do angorá amarelo que ansiosamente a esperava cá fora. Claro que eu fui logo atrás e resgatei a desgraçada entre palávras de má ordem. Não teria sido tão mau se eu não tivesse de saltar pela janela, porque a porta estáva trancada... Escusado será dizer que já fiz a minha ginástica diária!
Como é que ela, estando ausente da vida exterior desde que nasceu, sabe que precisa de um gato, daquele gato para a cobrir (ela está estupidamente com o cio). Pronto, talvez não seja o melhor exemplo, porque as gatas vão com todos quando estão nessa situação... Mas o que eu descobri recentemente é que as pessoas casam porque precisam de estabilidade e porque na altura acharam que aquela pessoa era a pessoa certa. Os meus pais quando casaram acharam que eram as pessoas certas um para o outro... A minha chefe do trabalho também... E acabou tudo em divórcio, com todos a admitirem (mesmo sem ser em campo aberto) de que não voltariam a casar.
Não tenho teorias porque na minha experiência de vida já vivi de tudo. Já me apaixonei violentamente, medianamente, mesmo nada. Já acreditei piamente, confiei cegamente, aterrei com a cara no chão de verdade, e no fim acabei sempre a lamber as feridas, umas maiores que outras. O amor que eu dizia sentir nos meus tempos de teenager nesta altura não existe mais. Já não sinto aquele calor a vir por mim a cima, as mãos a tremer ou a suar, a cabeça a andar à roda, nada... Em vez disso sinto respeito, admiração, uma amizade muito particular e vontade de ver a outra pessoa bem.
É isto que as pessoas dizem que é o amor? Porque para mim estes sentimentos são novos. Nunca contruí nenhuma relação por amizade, foi sempre por atracção física. Mesmo o F., com quem namorei quase 3 anos e pensei até que acabaria a minha vida ao lado dele, a relação começou com um "Então já não se fala aos amigos" numa sexta-feira à noite, depois dele ter cortado o cabelo e se ter tornado num ex-heavy com atributos de top model.
Com o Sid foi diferente. Ainda a recolher os pedaços de coração espalhados pelo caminho da minha vida, ele esteve lá para me amparar quando o M. acabou comigo. Ele esteve lá quando o outro M. me usou e me deixou assim, sem mais nem menos. Ele esteve lá para limpar as minhas lágrimas e nunca me deixou sózinha à noite. Ele ajuda-me em tudo o que pode, só para me ver feliz. Ele vai comigo a todo o lado só para não me deixar sózinha.
O que mais me preocupa é o facto de eu não saber exactamente o que fazer. Temos falado de casar e por mais que essa ideia me fascine, também me aterroriza completamente. E se ele não for a pessoa certa? E se der para o torto? Não quero ser mais uma estatística, queria poder ter a certeza, mas pelo que vejo ninguém tem totalmente a certeza. Relações que duram anos, assim que terminam em casamento, parece que se extinguem em menos de um mês.
No fundo acho que todos temos medo. Temos muito medo de falhar. E porque uma relação nunca depende só de nós mesmos, a possibilidade de falhar é 50%. É a falta de control que muita gente precisa para se sentir segura (e eu não sou excepção). Será por isso que numa relação há sempre uma pessoa que veste as calças e outra o vestido? Se sim, eu sou certamente quem veste as calças em 85% das vezes.
E vocês, o que acham? Como é que sabemos que aquela pessoa é a ideal? Como é que eliminamos as dúvidas e assumimos que o parceiro que nós temos e escolhemos é a pessoa certa para passar juntos o resto da vida? Como é que sabemos?