A minha vida está caótica, com o final do semestre e uma pequerrucha para cuidar sobra-me pouco tempo para cá vir. Tenho andado a corrigir os últimos trabalhos de duas cadeiras, e a preparar as aulas para o próximo semestre. O Natal e a passagem de Ano foram mesmo por estas bandas pois em termos financeiros isto não está bom para ninguém... Mas penso que tudo esteja a caminhar para melhor agora, com mais propostas de trabalho extra pela frente e uns projectos pessoais também.
Ando a pensar em fazer um PhD (doutoramento), mas para já só tenho ideias na minha cabeça - nada de concreto. Para poder evoluir na minha profissão um mestrado já não é suficiente e por mais especializações que se façam (ou cursos profissionais que se tirem), para ser professora universitária aqui já não basta ter só a vocação e a dedicação.
É mais um desafio para o qual eu terei de me preparar poi sei que não vai ser fácil. Se o fecho de semestre já está a ser um caos total, então nem quero imaginar com uma pesquisa extensiva à séria... Estou também tentada a escrever um artigo académico sobre B-Learning, uma vez que vai fazer 3 anos que estou envolvida num programa académico desse género como coordenadora. Vai haver uma conferência em Junho e gostava de poder participar dela e apresentar a minha contribuição...
Tudo vai depender da minha capacidade de gerir o meu tempo. Infelizmente parece que com a minha nova capacidade de mãe perdi um bocadinho a noção do que é ser organizada, metódica, e acima de tudo, eficaz. As coisas agora demoram mais do dobro do tempo a serem feitas e sem ajudas familiares por estes lados, torna-se mesmo complicado. A casa é pequena demais para me fechar num quarto a fazer o que tenho de fazer, e não posso estar muito tempo longe porque ainda dou de mamar (e quero continuar a fazê-lo por muito mais tempo), o que quer dizer que nas alturas do miminho lacteo o meu marido não me pode substituir.
Por isso acabo muitas vezes a trabalhar à noite, até altas horas da madrugada, para dar resposta aos emails, e ás coisas que preciso mesmo de fazer, como corrigir e avaliar trabalhos, e responder aos meus alunos, colegas e chefes. Portanto não me espanta quando hoje tentei entrar aqui no blog, e como já não o fazia há algum tempo, nem me lembrava da password. Ando cansada, despassarada e a precisar de férias. Tenho de me aguentar até à Páscoa... Bem, venha ela!
Viver no estrangeiro tem as suas vantagens, mas quando se tem um bébé nos braços, as vantagens cedo se tornam desvantagens: estamos longe da família, se a mulher fica em casa com o bebé, o marido tem de ir trabalhar - e a solidão instala-se, porque não há conversas, não há descanso, não há tempo para nós.
Desde que a minha filha nasceu, eu tenho aprendido muito sobre ela e sobre mim - e até sobre o meu marido e sobre a minha família. Tem sido uma aprendizagem bastante sofrida, mas que vale muito a pena porque a minha filha é o melhor que me aconteceu na vida. Cheguei a um ponto na minha vida em que nada mais importa a não ser o bem estar da minha pequerrucha. Foi difícil de início, a minha mãe esteve cá duas semanas para me ajudar, mas depois foi-se embora e eu fiquei por minha conta, já que o marido regressou ao trabalho.
Vi-me, de repente, isolada, com um bebé nos braços do qual nada sabia (eu nunca fui muito dada a bebés e nunca tive muito jeito para eles quando era mais miuda), e um grande medo de não conseguir dar conta do recado...! Mas os dias foram passando, e com a rotina da amamentação, mudança de fraldas, banhos, e muito pouco descanso, nem dei conta de que a Páscoa estáva já à porta. O meu pai veio de visita, e foi mais uma semana agradável, em que tive companhia, e não me senti tão animal - porque isto de viver para um bebé apela aos nossos instintos de tal forma, que nos esquecemos muitas vezes de ser civilizados ou de viver pensando nas nossas próprias necessidades e desejos.
Mas lá está, a coisa mais complicada e triste de se viver no estrangeiro é ver a família chegar e partir, ou então de chegar a Portugal sabendo de antemão que temos de regressar de volta para Londres, mais tarde ou mais cedo. E assim que o meu pai regressou a Portugal, comecei a contagem decrescente para a chegada da minha irmã e cunhado, em Junho... e a contagem decrescente para ir de férias a Portugal no final de Julho com a pequenina... Isto se o consulado se dignar a resolver o problema do registo dela, porque não nos resolveu o problema do registo do meu casamento...! E sem documentos para ela, nós não podemos ir para Portugal.
Mas não é só o problema logístico da identificação e certificação da nacionalidade da minha filha que me preocupa nestes dias. Eis que quando eu começo a achar que as coisas começam a andar melhor, e que eu começo a tomar o jeito da coisa (apesar da ansiedade extremista e do medo constante normais de uma mãe de primeira viagem), eis que a minha filha apanha uma infeção no ouvido, aparecem-lhe montes de borbulhas por toda a cara, crosta lactea por toda a cabeça, e agora mais recentemente, rabinho assado (possivelmente devido aos antibioticos que está a tomar para a infeção no ouvido). Odeio saber que ela tem de tomar antibióticos, e tenho reforçado a minha toma de probiótico para a ajudar nas defesas, já que ela é exclusivamente alimentada por leite materno.
Só que me parte o coração ver a minha filhota, com 8 semanas, passar por todo este mau-estar. Hoje era para ir tomar as primeiras vacinas, mas tivemos de cancelar porque ela tem de fazer antibiótico até Sábado à tarde. Mas na semana que vem, é o mais certo, vai levar aquelas vacinas todas e vai ser mais uma semana de porcaria...! Estou desejando passar esta fase, para poder disfrutar da minha filha a 100%, e ela poder aproveitar a mãe dela a 100% também. Ando com tanto dó dela que ela dorme ao meu colo durante a noite desde que está a tomar antibiótico, para mal da minha coluna e dos meus olhos, que nunca conheceram olheiras tão profundas como as que tenho tido esta semana.
Tenho de me animar com a chegada próxima da minha irmã, até porque sei que nessa altura tudo o que hoje me preocupa e me perturba em relação à minha filha vai estar certamente resolvido e/ou sarado. Assim que ela estiver com as vacinas todas, e sem mais traços de infeção, eu vou poder começar a pensar em voltar a ter uma vida social para além das quatro paredes deste quarto e dos episódios infidáveis de 'Friends'. Até lá, resta-me ter fé de que as coisas vão melhorar e tentar colocar de lado este estado solitário-depressivo em que me encontro...
Este post vem no seguimento de um comentário deixado por um leitor do Blog que se encontra em terras Bitânicas, e que devido ao desenrolar de varios acontecimentos políticos e económicos no País, se viu confrontado com um dilema em muito justificado. Porque eu acho que muitos de vocês poderão estar na mesma situação, decidi publicar um excerto da minha resposta, pois acredito que o péssimismo existente face a esses acontecimentos em nada deve afectar os vossos sonhos...
Propinas:
As propinas vão certamente aumentar em 2011, porque isso acontece quase todos os anos. No entanto, o governo normalmente põe um cap (um limite máximo) que as universidades podem cobrar aos seus alunos. Infelizmente nesta altura isso nem sequer está a ser considerado. Claro que com os cortes orçamentais que o Reino Unido atravessa neste momento, o sector do ensino superior é sem dúvida um dos mais afectados, pois sobrevive à custa de muitos subsídios e fundos governamentais para pesquisa e desenvolvimento. Metade desses subsídios, pelo que sei, foi cortado. E a única maneira das universidades repôrem esse dinheiro é aumentarem as propinas. No entanto eu não acredito que as mesmas subam de £3,000/ ano para £9,000/ano sem mais nem menos – seria uma diferença bastante acentuada e para ser sincera, os estudantes já mal têm dinheiro para dar £9,000 pelo curso todo (o qual dura normalmente três anos), quanto mais terem de pagar esse valor por cada ano de licenciatura.
Há muitas coisas a ter em consideração, e os 'Student Unions' (Associações de Estudantes) estão atentos ao desenrolar dos acontecimentos. Convém salientar aqui que as Associações de Estudantes têm um peso muito grande nas decisões internas das Universidades. Para já eu não me preocupava com as propinas. Importante realçar que cada universidade cobra um montante de propinas diferente (as propinas aqui não são uniformizadas como em Portugal), o que quer dizer que talvez compense fazer uma pesquisa de preços pelas universidades do país.
Reconhecimento das qualificações estrangeiras em Portugal:
Há uma grande confusão (e muita ignorancia) em Portugal no que diz respeito às equivalências dos cursos superiores tirados no estrangeiro, sejam eles em Inglaterra ou em qualquer outro país da UE ( e às vezes até fora da UE). Como provavelmente já é do vosso conhecimento, o ensino superior na UE agora é todo uniformizado graças ao processo de Bolonha. Isso significa que os cursos superiores tirados dentro da União Europeia têm a mesma validade, duração, conteúdos e nível de qualificação que os cursos superiores tirados em Portugal.
O que isto quer dizer é que em Portugal as qualificações do Reino Unido são obrigatoriamente acreditadas e aceites, de acordo com o que está escrito aqui. Para mais informações acerca disto, contactem directamente o NARIC, eles são responsáveis pelo reconhecimento de diplomas estrangeiros. Se estiverem a ter problemas com o reconhecimento da vossa licenciatura europeia, reportem a situação à União Europeia usando o site SOLVIT ou façam uma queixa formal usando os dados daqui.
Empregadores em Portugal & candidatos com qualificações estrangeiras:
Infelizmente é do meu conhecimento que a maioria de empregadores em Portugal tem um certo preconceito em relação a candidatos que tenham formação académica no estrangeiro. Na verdade, a maioria dos empregadores em Portugal ainda discrimina face à idade, experiência profissional, sexo, e religião de um candidato, portanto não me admira que o façam em relação a qualificações emitidas no estrangeiro. Apesar de haver legislação para minorar estes problemas, Portugal ainda está muito atrás da Grã-Bretanha no que diz respeito à igualdade e diversidade no local de trabalho.
Na verdade, este preconceito em relação a candidatos com qualificações estrangeiras prende-se com a geral falta de conhecimento que existe, e também com a necessidade que certas companhias/ empresas têm de cortar custos. Portanto inventam mil e uma desculpas para contratar pessoas altamente qualificadas por metade do custo. A minha perspectiva é simples: se o empregador não dá valor ao candidato que esteve três ou mais anos a investir na sua educação num país estrangeiro, a falar uma língua que não é a dele e a viver numa cultura que é estranha, então esse empregador não vale a pena, porque não reconhece que adaptabilidade, iniciativa pessoal e força de vontade (além de gestão de tempo e dinheiro) são qualidades importantes num trabalhador. Melhor fazer como eu, fiquem por cá – de dois em dois anos são normalmente promovidos e se forem mesmo bons naquilo que fazem, podem vir a ganhar muito bem 3-5 anos após terem terminado o vosso curso, numa empresa que vos respeita e valoriza como trabalhadores mas também como pessoas individuais.
Há pessoas que conseguem guardar tudo para elas, manter partes do seu mundo privadas e escondidas dos outros. Eu tenho que ser sincera, nunca fui muito boa a guardar coisas para mim - segredos dos outros, sim... Mas no que diz respeito à minha vida, fui sempre um livro bem aberto, pois acho que guardar as coisas para mim só me faz sentir pior... Tipo uma panela de pressão, que vai acumulando o stress, e um dia rebenta. Eu não sou nenhuma panela de pressão, porque gosto de soltar os meus desabafos sempre que me apertam no peito, e há quem ache isso de muito mau tom. Eu chamo a isso sobrevivência. Não quero voltar a 1999, quando fiquei com uma depressão debilitante que me tirou do meu trabalho durante mais de 2 meses, e me colocou à mercê de antidepressivos e ansiolíticos.
Já faz algum tempo que não vinha aqui. Em parte devido ao excesso de trabalho, que agora com o início das aulas se acumulou vertiginosamente. Ando a fazer muitas vezes dias maiores que 12 horas, durmo 4-5 horas por noite, e nem no fim de semana me escapo. A razão de eu ter aceite tanto trabalho prende-se com a necessidade de ter de assegurar dinheiro para as minhas contas enquanto estiver de licença de maternidade, porque a ganhar 500 libras por mês não vou muito longe. O meu marido também não ganha rios de dinheiro, e enquanto não tratar do National Insurance Number dele (apesar de eu pedir insistententemente para o fazer), não vou poder sequer pedir ajudas de custo para a renda da casa. Para complicar descobri há pouco tempo que terei de fazer um doutoramento se quero realmente seguir uma carreira no mundo académico, o que significa mais pressão adicionada aos já difíceis factores financeiros ligados a ter um filho, e um marido que nem sequer está registado como trabalhador - não tem contrato e nem faz descontos de imposto ou de segurança social.
Tenho muitas coisas na minha cabeça, todos os dias, desde que acordo até que me deito. Se nesta altura a pressão do trabalho é a mais forte, há definitivamente certas coisas na minha vida que não estão a correr pelo melhor. Graças a Deus a gravidez está a correr bem, mas o mesmo não posso dizer do meu casamento. Há dois dias que o meu marido e eu dormimos em camas separadas, e por mais que eu queira que as coisas resultem, aquilo que ele me disse antes de ir cada um para o seu lado fechou definitivamente a porta do meu coração para ele. Ele quer ser meu 'amigo'. Eu já lhe disse que se é para sermos amigos, então não quero continuar este casamento, não sou pessoa de manter fachada - ou é casamento, ou não é... e se não é, então adeus. Eu consigo perfeitamente gerir a minha vida (e a da minha filha que aí vem) sózinha.
Nesta altura, mantemos aparências, mas vos garanto que não sou mesmo desse tipo - ou isto se define ou ele bem pode agarrar nas coisas dele e ir-se embora. 'Amigos' eu tenho muitos, não preciso de mais um, ainda por cima um que more comigo e que me dê stresses e tristezas como ele me tem feito até agora. Fingimos que estamos juntos, quando de facto não estamos juntos - nem fisicamente, nem psicologicamente. Isto porque pensamos de maneiras muito diferentes, essencialmente ele não entende a necessidade de tratar da regularização do nosso casamento em Portugal - o que significa que quando a nossa filha nascer, o nome da mãe dela no certificado de nascimento vai ser o meu nome de solteira. Faltam 4 meses e pouco para a bebé nascer, e se ele em 6 meses não conseguiu tratar dos papeis, tenho a certeza que não é em quatro meses que vai conseguir tratar deles atempadamente - até porque só o processo no consulado demora quase dois meses. Resultado? Uma facada na minha confiança nele - já não acredito em nada do que ele me diz.
Não vou negar que tenho um génio difícil, mas isso é porque tudo na minha vida me custou a ganhar, trabalhei bastante e arduamente para chegar onde cheguei. Sinto muitas vezes que ter um parceiro é uma vulnerabilidade, porque sempre que estou sozinha consigo viver mais tranquila, não tenho depressões nem situações que me deixam fora do sério, nem medos de estar fora da lei - o controlo está certamente na minha mão quando estou solteira. Não me levem a mal, eu gosto de ter uma pessoa ao meu lado - mas não uma pessoa que pensa que lá porque assinámos papeis de casamento, o meu papel de mulher tem de se alterar para incluir a lida da casa, as lavagens de roupa suja, e cozinhar o almoço ou o jantar sempre que necessário for. Mais, não suporto ter de pedir que me façam coisas montes de vezes(como por exemplo limpar o bolor do tecto do quarto com lixívia, porque eu não queria tocar nesse produto OU no bolor enquanto estou grávida) e acabar sempre eu a resolver a situação - e sim, sou eu que limpo a caixa do meu gato.
Talvez esta rebelião interior que eu sinto neste momento tenha a ver com as hormonas da gravidez - mesmo assim, não acho que por ter casado o meu papel de mulher deva mudar. Até porque eu não sou uma mulher qualquer - eu sou uma mulher moderna, com uma carreira pela frente, e o meu trabalho é tudo para mim. A minha família é prioridade, mas por isso mesmo é que eu estou a trabalhar que nem louca, para poder manter os pagamentos das minhas contas e da minha parte da renda da casa, para poder comprar as fraldas, e o que quer que seja que a minha filha precisar. O dinheiro que o meu marido ganha mal dá para a parte das contas dele, quanto mais para esse tipo de encargos. Nesta altura, o meu trabalho é o que nos permite, como família, viver sem sobressaltos financeiros de maior, mas para além disso dá-me uma realização pessoal como eu nunca senti antes. Eu vou a sorrir para o meu emprego, eu fico feliz quando posso partilhar o meu conhecimento com os meus alunos e vice-versa. Mesmo que o meu dia esteja cheio de problemas, eu vou para a universidade de coração leve. É quando chego a casa que o coração me começa a pesar, e que as nuvens se começam a amontoar. Não, eu já não gosto de vir para casa, a casa para mim virou prisão.
E depois não é só isso, eu venho para casa, e não me sinto respeitada cá dentro. O marido ajuda a lavar a loiça, e pouco mais faz do que isso. Se o jantar não está pronto, acusa-me de o fazer passar fome, não repara que muitas vezes eu estou enroscada no meu próprio trabalho, a resolver complicações que precisam de ser resolvidas. Espera que eu esteja sempre disposta e alegre - não compreende que os meus dias começam às 7h da manhã e acabam muitas vezes para lá da meia-noite. Para além desta pressão entre a vida doméstica e a vida profissional, emergem-se incertezas em relação ao futuro. Cada vez me sinto mais desapoiada, e apesar de ter amigas que ouvem os meus lamentos, elas também têm a vida delas... O apoio familiar está em Portugal - um perto que é muito longe, principalmente naquelas noites em que as lágrimas caiem mas ninguém parece querer atender o telefone para me acalmar e dizer que tudo vai ficar bem.
E eu acabo sózinha num quarto a analisar o que foi que correu mal desta vez, e tentar encontrar saídas para esta prisão onde me encontro, e o silêncio é ensurdecedor. Quando a minha filha nascer, eu vou ter ela para abraçar e para me dar força. Até lá, tenho um marido que é tudo menos um marido - pois não entende que aos 5 meses de gravidez, com a carga de trabalho e de incertezas que eu tenho todos os dias, é difícil sorrir. Um marido que quando me leva a passear é sempre para ir ver a família dele, e normalmente isso implica quase 2 horas de viagem numa carrinha desconfortável e muita fome durante o dia, pois nunca pára para me dar de comer. Eu já decidi que com ele não vou mais para Londres.
Tenho um marido que sabe o nível absurdo de trabalho que eu tenho, e apesar de estarmos chateados um com o outro, traz família cá para casa para me dar trabalho, porque tenho de fazer sala, jantar, etc... Não que eu não goste de ter cá a família dele, mas desta vez deu-me a sensação que ele o fez para evitar conflitos de maior, ou para provocar ainda mais conflito, porque esqueceu-se que eu não posso dar atenção a ninguém quando tenho de criar um exame, dois testes de avaliação e um relatório PARA ESTA SEMANA. Não lhe perdoo. Não lhe perdoo a falta de consideração, a falta de atenção. Estou farta e não tenho paciência. Eu já tenho de tomar conta do ser que está dentro de mim, e esta crise entre mim e o meu marido dá-me vontade de sabotar tudo o que tenho, inclusivé a minha filha, porque acho que ele não merece ser pai quando nem sequer sabe ser um bom marido. Deus me perdoe, porque ontem fui para a cama sem comer. E hoje pouca fome tenho. Mas a verdade é que a minha filha não pediu a ninguém para ser criada, ela existe porque eu quis que ela existisse, e por isso mesmo a partir de hoje vou por ela à frente de tudo e de todos. O meu marido não merece muita coisa, mas a minha filha não merece ser colocada no meio destas disputas estúpidas.
Um casamento pode acabar de um dia para o outro, mas um filho dura para sempre, e por isso tudo o que tenho é e será sempre para a minha filha... Chega de injustiça.
Tenho andado meia ausente da Blogoesfera, mais por falta de tempo que por outro motivo qualquer. Esta semana tenho andado feito caracol, entre casas, a carregar coisas de um lado para o outro. Encontrámos uma casa maiorzinha perto da universidade, só que não estáva mobilada. Tivemos de comprar mobílias, máquina de lavar roupa, e temos ainda de comprar um frigorífico porque o da casa está velho e não tem grande espaço de congelador... Nesta altura ainda nos faltam algumas peças de mobília, como uma estante para a TV e DVDs e uma secretária/ escrivaninha para eu trabalhar - isto quer dizer que temos a maior parte das coisas espalhadas pelo chão.
O espaço do roupeiro também não é famoso e tenho de comprar umas caixas para poder aproveitar todo o espaço possível - até aquele debaixo da cama. Tenho andado literalmente de rastos, e é raro o dia em que não tenha uma dôr de cabeça. Estou desejando ter as coisas todas organizadas e arrumadas para poder pensar somente nas aulas, que estão a começar daqui a uma semana.
Como se não fosse o suficiente, ainda tenho trabalhos da minha acreditação profissional para fazer, sendo que um deles tem de ser entregue já no final do mês... mais a aulas para preparar, os slides, as actividades, as consultas médicas pelo meio... Enfim, vou andar numa correria tremenda. E por falar em consultas médicas, esta semana estou nas 16 semanas. No final da próxima semana já vou poder saber se o meu bebé é menino ou menina!! Estou ansiosa para saber, que é para começar a pensar no enxoval do bebé. Ainda não nasceu e já tem uma caixa só para as coisinhas dele/a!!
A minha barriga continua a crescer dia por dia, e a minha comida favorita nesta altura são morangos - tenho de os comer todos os dias! Vou levando a vida calmamente (dento dos possíveis e das circunstâncias em que me encontro), e espero ansiosamente por ver o/a meu/minha feijãozinho/a no ecran novamente... Falta pouco.
Setembro marca o começo de um novo capítulo na minha vida. Para quem ainda não sabia (ou não tinha bem a certeza), eu vou ser mamã. É uma novidade fantástica, que só agora começa a amolecer o meu coração (nos primeiros meses eu entrei em pânico, não só devido ao lado financeiro da coisa, mas também ao tipo de vida que eu e o meu marido temos aqui, e que apesar de estável não é sequer perto de ideal para criar um filho). Mas depois de ver o bebé tão definido no meu scan das 12 semanas, e saber que tudo está bem, eis que me rendi completamente ao facto de estar grávida, algo que já não me parece tão assustador.
Scan das 12 semanas (31/08/2010)
Com esta bênção a caminho, como devem supor, viver num estúdio já não é mais viável. Eu e o meu marido estávamos à procura de uma casa ligeiramente maior - até porque a minha família deve cá vir no Natal e sem uma casa maior não teria condições de os alojar.
Esta semana encontrámos uma casa decente, por um preço decente, e apesar de não estar mobilada estamos super-empolgados para nos mudar para lá. Primeiro que tudo, é uma casa mesmo, nada de vizinhos por cima ou por baixo. Segundo, temos um jardinzinho que dá para fazer um churrasco com amigos e família sempre que o tempo o proporcionar. Terceiro, apesar de estar nos nossos planos voltar de vez para Portugal, temos de pensar na questão financeira da coisa, o que quer dizer que o marido vai provavelmente ter de trabalhar durante o Verão que vem (já que é a época alta para ele), enquanto eu procuro uma casa por terras lusas.
Ainda não sei como vamos fazer para nos mudar assim, de malas e bagagens para o meu país. No entanto, eu tenho sondado alguns empregos e há grandes possibilidades de eu encontrar um emprego semelhante ao que eu tenho aqui, leccionando numa universidade em Lisboa ou arredores - especialmente depois de eu concluir o meu CPAD1, uma qualificação profissional que me habilita a leccionar no ensino superior, e que vou fazer a semana que vem.
As aulas estão também a começar muito em breve, e este mês vai ser bastante corrido, já que estou 100% responsável por uma cadeira do primeiro ano e como tal tenho de preparar as aulas, os slides, e os planos de trabalho para as aulas práticas - para não falar dos elementos de avaliação. Como é uma disciplina de primeiro ano, tem de ser suficientemente estimulante e simples, já que só a experiência de entrar na universidade é para muitos estudantes um bicho de sete cabeças. Torna-se ainda mais assustador quando se começa a pensar no lado financeiro da coisa, porque um ano custa quase £4,000 a um estudante Inglês - e chumbar não é uma boa ideia quando este dinheiro todo está investido na nossa educação (digo eu!).
Para mim, o começo das aulas é também o começo do trabalho duro e o fim dos meus dias 'calões'. Claro que durante o Verão o meu ritmo de trabalho não desaparece, mas diminui. Se eu não vou a Portugal de férias ando para aqui a queixar-me, deprimida e irritada - até porque como sabem, este tempo é horrível, e a chuva não nos dá descanso. Por isso estou desejando começar a saír mais para a universidade, ver os colegas, os alunos, e socializar - que é algo que eu começo a achar que desaprendi nestes últimos dois meses.
Mas apesar disso, avizinham-se tempos melhores, mais excitantes e cheios de emoções novas! I can barely wait!
Uma das razões porque eu poupo bastante tem a ver com situações como a que eu vivi hoje. Hoje deveria ter sido um dia feliz para mim: dia de receber o ordenado. Mas qual não foi o meu espanto quando eu reparei que não fui paga!!? A Universidade mudou o sistema de recursos humanos, e eu fiz o que eles me pediram, submeti as minhas horas através do novo sistema. Pois bem, as horas não me foram pagas. Um total de 88 horas de trabalho que eu não recebi. Resumindo, quem paga a renda e as contas este mês? Vou ter de mandar as contas para a Universidade pagar, não?
Estou super stressada porque eu nunca falhei com as minhas contas e esse dinheiro faz-me falta, principalmente porque vou estar os próximos 2 meses à seca, já que não há aulas e eu não vou receber pagamento dessa função. Já reclamei, mas como o pessoal dos recursos humanos está em treino, só devo poder ter uma resposta para este problema no dia 5 de Julho. Não está bem. Lá fui eu ter de mexer nas minhas poupanças. Não se faz.
E hoje ao fim do dia vou buscar o meu cachorrinho. Foi a minha prenda de anos para mim própria, já que parece que o marido vai voltar a viajar (foi esta segunda-feira para Birmingham), e eu não aguento mais esta solidão! Desde que o ritmo do meu trabalho abrandou que eu tenho andado super deprimida, e super carente, porque me sinto uma inútil - eu sem trabalho não sou ninguém! E sem dinheiro sou menos ainda. Vou ensinar o meu cãozinho a comportar-se direitinho, uma espécie de treino para um dia que aconteça o milagre de ter um filho.Vai-se chamar Bidú e é um Shih-Tzu, com pedigree e tudo. A Daisy é que acho que não vai achar piada nenhuma, mas em parte o cãozinho também é para ela, porque ela passa a vida a dormir e a veterinária disse que para um gato de 3 anos, ela tem de ser mais activa, porque está a ficar gorda.
Estou desejando ir buscar o meu novo amiguinho peludo.
Esta semana tenho estado cheia de trabalho. Não pensem que lá porque as aulas acabaram, e eu não vou ao escritório todos os dias, que as coisas não são feitas! Pensava eu que ía entrar numa fase mais calminha (e já stressava com a falta de pilim que essa fase de 'descanso forçado' me traria) mas afinal parece que o trabalho triplicou por estes dias... Desde o princípio do mês que acordo todos os dias cedo, tomo o meu pequeno almoço reforçado (bolas, esqueci-me de tomar as minhas vitaminas hoje!!), e sento-me frente ao computador, muitas vezes horas a fio, e sem pausas para almoço ou algo que se pareça com tal.
Mandar emails é a minha especialidade. Às vezes até acho que essa é que devia ser a minha profissão principal, porque passo o dia a tomar decisões e a resolver questões e problemas que me chegam minuto a minuto ao meu 'Outlook'. Como sabem, a minha vida não gira só à volta das aulas, e quando as aulas terminam claro que temos coisas para fazer, nomeadamente preparar as aulas para o semestre que vai começar em Setembro. Só que durante o Verão eu ainda estou a coordenar os cursos internacionais, e agora, com mais um partner a bordo, as preparações para o semestre que vem são urgentes e ocupam muito do meu tempo.
Mas enfim, quem corre por gosto não cansa, e agora há até a possibilidade de causar um brilharete lá na Universidade. Tenho de produzir um documento de feasibilidade para um projecto que incorporará a unidade onde eu trabalhei. A ter pernas para andar, este projecto poderá dar-me o tal contrato de trabalho que eu tanto quero e ainda a possibilidade de gerir mais um curso/ acreditação profissional.
Esquecendo agora a minha vida laboral um bocadinho, este mês começou bem em termos pessoais, com muitas datas importantes a assinalar!
Dia 4, o meu cunhado fez anos (Parabéns!!);
Dia 6 o meu irmão e a minha cunhada celebraram um ano de casados (Parabéns!!); e
Ontem, dia 8, o meu pai fez anos também (Parabéns!!).
Hoje à noite, eu e o meu marido vamos começar a celebrar o aniversário dele umas horas mais cedo com o concerto da Blondie (ganhei os bilhetes num concurso da universidade!!), e depois amanhã, dia 10, vamos juntar a família aqui para celebrar em grande os 35 anos do maridão. Antes disso ainda temos de ir ao consulado Brasileiro fazer a inscrição dele lá, e no final da semana vamos mandar os papeis para o EEA2, o visto de residência dele.
No sábado, eu e a minha amiga Sara vamos ter um dia muito 'girly' com almoço e cocktails antes de SATC 2. Provavelmente, iremos atacar mais cocktails depois de sairmos do filme, para terminarmos o dia em beleza (e comigo a provavelmente ter de chamar o marido para me levar para casa...!)...
Como vêm, tenho andado ocupada. Pelo meio destas coisas todas, ainda contribui para uma reportagem que provavelmente sairá no Público esta semana, e tenho andado a ajudar umas pessoas com as leis de imigração daqui. Não sou uma grande conhecedora das leis, até porque não sou advogada, mas a minha experiência tem ajudado a perceber como funciona o sistema daqui, e isso muitas vezes é uma vantagem.
No fundo, tenho andado ocupada com muitas coisas ao mesmo tempo, o que já vem sendo hábito. Aqui neste país é importante saber um pouco de tudo, e meter o dedo em muitas tartes ao mesmo tempo (ok, esta é uma expressão Inglesa, e não soa lá muito bem em português....!), pois só assim se consegue uma boa reputação e conhecimentos que mais tarde podem levar a grandes oportunidades.
Na verdade eu ainda não perdi a esperança de ser 'caçada' por uma empresa ou universidade dos Estados Unidos. Por isso tento ao máximo ter toda a visibilidade possível e obter toda a experiência necessária para que um dia eu tenha o meu merecido 'big break'! Até lá vou fazendo aquilo que a vida me põe à frente, e nunca digo não a uma oportunidade, por pequena que me pareça.Nunca se sabe se daí não virá uma grande oportunidade, cheia de desafios e coisas novas!!
Durante estas próximas duas semanas vou andar sem tempo para nada. Entre correcções de exames e projectos novos, bem como o começo do semestre C para os programas nas Maurícias e Singapura, resta-me mesmo só um pouquinho de tempo para passar com o meu marido, e disse!
Não quero que pensem que não respondi ainda às vossas mensagens por falta de respeito ou de paciência. São muitas as vossas perguntas, e para todos receberem uma resposta adequada, com bastante informação, eu preciso de algum tempo para considerar experiências, possibilidades e fontes de informação disponíveis.
Daqui a duas semanas estou com esperança de voltar às minhas narrativas habituais. Possivelmente começarei com algo semelhante a: 'Possa, estamos a meio de Maio e ainda estão menos de 10 graus aqui durante o dia. Não aguento mais este Inverno...!'
Fiquem bem, e vão lendo as minhas respostas todas no post 'Como vir estudar para Inglaterra...' - pode ser que encontrem as respostas para as vossas perguntas por lá mesmo. Até breve!
Hoje vota-se por estes lados. Eu, como cidadã europeia, não posso votar para o parlamento, mas voto para o poder local. Já cumpri o meu dever de cidadã, e sem sair de casa!! Aqui, podemos votar de casa - sim, é verdade. Depois de nos registarmos, e sempre que hajam eleições, eles mandam os papelinhos para casa, com os respectivos envelopes. Depois de os receber, é só votar, colocar o voto no envelope e depois enviar de volta.
Eu acho que é o máximo, porque para mim é mesmo conveniente. A minha vida é super corrida e eu não tenho muito tempo para sair do trabalho e exercer o meu direito de voto numa urna. Desta maneira acho que eles também eliminam em muito a percentagem de abstenção... Uma ideia para Portugal seguir...? Quem sabe!
Entretanto hoje também tinha uma conferência de Learning & Teaching. Tinha, porque não fui. Não sei o que se passa comigo esta semana. Ando sem vontade para nada. Não me apetece ir ao supermercado, não me apetece ir comprar o vestido para uma cerimónia que vou ter amanhã, não me apetece ir à cerimónia amanhã, da mesma maneira que não me apeteceu ir à conferência hoje... Bolas, não me apetece nada!! Só me apetece ficar em casa, no silêncio, a contemplar as nuvens a passar da minha janela.
Pessoalmente, acho que isto é SPM/TPM com toda a força... Para ser sincera, não...! Nem acho que seja isso o meu maior problema. Estou meio desmotivada, cheia de saudades de Portugal... E ando mesmo preguiçosa, no sentido em que passei os últimos 2-3 meses sempre a 200 à hora non-stop, e agora que as aulas acabaram e o contrato da consultadoria vai de certeza acabar para o mês que vem, parece que atingi um estado de exaustão (e prostração) tal que não me aguento... Só me apetece ficar esticada na cama, o que não é nada bom, porque sabendo de antemão que a minha situação laboral precisa de um empurrãozinho e por isso eu preciso de estar presente em tudo quanto é evento só para conseguir uma oportunidade (mais), o último sítio onde eu deveria ficar mesmo é em casa.
Estou até com um bocado de medo, porque não quero passar o Verão a contar tostões, queria fazer algo especial em Junho, no dia dos anos do meu marido e depois em Agosto, no dia dos meus anos. Mas fazer o quê...? Tenho de ter fé no futuro e acreditar que tudo vai correr bem, independentemente dos percalços que por aí venham. Mas acima de tudo, tenho de controlar esta vontade grande de largar tudo pela metade e refugiar-me em casa, porque eu não sou nada assim. Não há razão para começar a ser assim agora...